A percentagem de portugueses que não compraram medicamentos por causa dos custos, em 2017, foi de 10,8%, menos um ponto percentual que em 2016. Em 2014 e 2015, este número era, respectivamente, de 15,7% e de 14,2%, de acordo com um estudo da Universidade Nova de Lisboa (UNL).
A redução coincide com o descongelamento e o aumento extraordinário das pensões, que elevaram o poder de compra dos reformados ao fim de meia década de perdas, a par de outras medidas de reposição e recuperação de rendimentos.
O estudo revela ainda que, apesar de o indicador da qualidade ténica do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ter aumentado nos últimos três anos, a percepção da qualidade pelos utentes desceu. O actual Governo do PS, nos últimos dois anos, não tem dotado o SNS dos meios financeiros necessários para suprir as carências que resultaram dos intensos cortes impostos pelo anterior governo do PSD e do CDS-PP.
Cortes no transporte de doentes não urgentes afastam utentes dos hospitais
O estudo da UNL mostra ainda que a principal causa das faltas a consultas hospitalares são os custos dos transportes. Em 2017, ficaram por realizar 539 824 consultas hospitalares por esta razão, enquanto 260 905 não aconteceram porque os doentes também não tinham dinheiro para pagar a taxa moderadora.
Os critérios para a comparticipação do transporte de doentes não urgentes foram alterados em 2010, pelo governo do PS, e aprofundados pelo governo do PSD e do CDS-PP, cumprindo o que os três partidos acordaram com a troika estrangeira. Em vez de a comparticipação ser prestada unicamente por justificação clínica, foi sujeita à comprovação de insuficiência económica.
Taxas moderadores afastam utentes dos centros de saúde
Nas unidades de cuidados de saúde primários, a ordem das causas é inversa. A maioria das consultas, 439 977, não se realizou porque os utentes não conseguiram pagar a taxa moderadora. Já os custos com os transportes fizeram com que 253 318 utentes não chegassem sequer ao centro de saúde onde tinham consulta.
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