|Câmara Municipal do Seixal

Oposição bloqueia investimentos fundamentais para a população do Seixal em 2023

A aliança entre PS, PSD e Chega chumbou o orçamento do Seixal para 2023, impedindo, por exemplo, a redução de taxas municipais, a construção de escolas e dificultando o realojamento das famílias do Bairro da Jamaica.

Residentes do Bairro da Jamaica, Seixal, 23 de Janeiro de 2019. O Ministério Público abriu um inquérito aos incidentes no bairro da Jamaica e a PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”.
Um dos objectivos da Câmara Municipal do Seixal, o realojamento das últimas famílias a viver em Vale de Chicharros, Bairro da Jamaica, foi comprometido pelos votos do PS, PSD, Chega, Bloco de Esquerda e PANCréditosMário Cruz / Agência Lusa

A posição da aliança PS, PSD e Chega no Seixal já era conhecida, assim como o seu objectivo de obstaculizar, independentemente do que fosse proposto, qualquer projecto da Câmara Municipal do Seixal (CMS), boicotando os resultados expressos em urna pela população, que escolheu maioritariamente o projecto da CDU para determinar os destinos da autarquia.

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PS e direita chumbam combate ao aumento do custo de vida

O diploma para contrariar a grave situação económica e social que os portugueses enfrentam, e que o programa do Governo não reverte, foi chumbado por PS, PSD, Ch e IL, com a abstenção do PAN. 

CréditosJosé Coelho / Agência Lusa

Apenas BE, Livre e PCP, que foi o autor da iniciativa, votaram a favor de medidas como a actualização imediata do salário mínimo nacional para 800 euros, e 850 euros em Janeiro, e o aumento geral dos salários.

A par destas, o projecto de resolução comunista apontava, entre outras, a necessidade do tabelamento e fixação de preços máximos para os bens essenciais, a fixação em 6% da taxa de IVA sobre o gás e a electricidade e a redução dos preços dos bens alimentares na grande distribuição e com garantia de preços justos à produção. 

Como lembra o diploma chumbado esta sexta-feira por PS, PSD, Chega e IL, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), «a inflação homóloga (variação em relação ao mesmo mês do ano anterior) atingiu no mês de Agosto os 9,0% e a inflação acumulada desde o início do ano é já de 6,9%».

A rejeição da medida acontece um dia após a imprensa noticiar a existência de mais de 2,3 milhões de portugueses em risco de pobreza, numa altura em que os preços dos bens alimentares não param de aumentar e o Governo não toma medidas que invertam a escalada inflacionista, da mesma forma que rejeita uma justa valorização dos salários e das pensões, argumentando com a sustentabilidade da Segurança Social. 

Enquanto isso, e segundo dados da Deco, referentes ao último semestre, o peixe aumentou 19,10% e a carne 17,14%, os produtos de mercearia tiveram um aumento de 12,43%, enquanto as frutas e os legumes subiram 10,16%. 

Entre as medidas contidas no projecto de resolução chumbado hoje constava também a tributação extraordinária dos lucros dos grupos económicos e o apoio à produção nacional. 

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No entanto, este resultado na Assembleia Municipal do Seixal, que chumbou o Orçamento e as Opções do Plano da CMS, não teria sido possível sem o jeito do Bloco de Esquerda e do PAN, cuja abstenção permitiu viabilizar os interesses políticos da direita, e extrema-direita no Seixal.

Em comunicado, o município realça que o orçamento para 2023 «previa um investimento superior, em 19,34%, ao de 2022, atingindo os 133 milhões de euros». «Seriam ainda adicionados os valores referentes ao saldo de gerência e as transferências do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente na área da habitação».

A opção do PS, PSD, Chega, BE e PAN impede, por exemplo, a «nova redução do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), bem como da manutenção de uma tarifa de água, saneamento e resíduos das mais baixas das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto». Os 15 eixos estratégicos para 2023, que «previam novos investimentos para áreas essenciais como a educação, a cultura, o desporto, o apoio social, o ambiente, a higiene urbana e o espaço público, entre outros, podem agora ficar comprometidos».

Milhões de euros de investimento público municipal que a direita, com o BE e o PAN, privou à população

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Câmara do Seixal vai realojar as últimas famílias de Vale de Chícharos

O Executivo da autarquia aprovou o contrato de realojamento das famílias que ainda residem na Quinta de Vale de Chícharos, conhecida por bairro da Jamaica, num processo iniciado em 2018.   

CréditosRui Minderico / Agência Lusa

Foi na reunião de Câmara desta quarta-feira que o Executivo liderado por Joaquim Santos aprovou o contrato de comparticipação financeira do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), ao abrigo do Programa de Realojamento dos Agregados Familiares do Loteamento Quinta de Vale de Chícharos, na freguesia da Amora. 

A Câmara do Seixal lembra num comunicado que a medida vem na sequência do acordo de colaboração assinado em Dezembro de 2017, que pretendia assegurar a atribuição de 234 habitações para realojamento de outros tantos agregados familiares considerados em situação de grave carência habitacional.

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Mais 74 famílias devem ser realojadas este ano no Bairro da Jamaica

O presidente da Câmara do Seixal diz que está a «meio caminho» a compra de habitações para realojar 74 famílias que vivem em Vale de Chícharos, mais conhecido como Bairro da Jamaica. 

Residentes do Bairro da Jamaica, Seixal, 23 de Janeiro de 2019. O Ministério Público abriu um inquérito aos incidentes no bairro da Jamaica e a PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”.
O objectivo é que a segunda fase de realojamentos se concretize «ainda este ano», garante Joaquim SantosCréditosMário Cruz / Agência Lusa

Em declarações à agência Lusa, Joaquim Santos (CDU) deu conta das diligências que o Município tem prosseguido para obter as habitações necessárias para realojar as 74 famílias que residem nos edifícios inacabados e que a especulação imobiliária está a ser um entrave.

«O mercado imobiliário está muito dinâmico, os preços subiram de forma significativa, a portaria que define os valores máximos de comparticipação estão a ficar cada vez mais distantes daquilo que são os preços de mercado e toda a questão relacionada com o Tribunal de Contas. É um processo complexo e eu diria que estamos a meio caminho para conseguir realojar [de três edifícios] mais 74 famílias, mais de 200 pessoas», explicou o edil.

Apesar disso, adiantou, o objectivo é que a segunda fase de realojamentos se concretize «ainda este ano», recordando que, também no ano passado, o realojamento só foi possível em Dezembro, mês em que terminou a primeira fase de realojamentos dos moradores do Lote 10.  

Recorde-se que a Câmara Municipal do Seixal aprovou um contrato-programa com a Santa Casa da Misericórdia, que permitirá regular as condições de atribuição da comparticipação financeira a esta instituição tendo em vista o alojamento de vários agregados familiares residentes no bairrro de Vale de Chícharos, na freguesia de Amora.

Este contrato-programa surge no seguimento do Acordo de Colaboração celebrado a 22 de Dezembro de 2017 entre as referidas entidades e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, no âmbito do PROHABITA. No total, visa o realojamento de 234 famílias e tem um investimento total na ordem dos 15 milhões de euros, dos quais 8,3 são suportados pelo Município do Seixal.

O bairro começou a formar-se na década de 90, quando populações que vinham dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) começaram a fixar-se nas torres inacabadas, fazendo puxadas ilegais de luz, água e gás.

Com agência Lusa

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No ano seguinte, o processo iniciou-se no terreno com o realojamento de 64 agregados, estando actualmente em curso a aquisição das habilitações em falta a atribuir em regime de arrendamento apoiado. Joaquim Santos reitera que a autarquia «está empenhada» em resolver da melhor forma a situação das famílias residentes em Vale de Chícharos, e que é «absolutamente prioritário terminar com todas as situações existentes em que os habitantes vivam em condições indignas».

Recorde-se que os imóveis, propriedade de uma entidade privada, foram vendidos no ano 2000, no âmbito do processo de liquidação da massa insolvente da anterior empresa construtora. Entretanto, o município do Seixal tem vindo a tentar encontrar alternativas para estes moradores junto da Administração Central e do proprietário, que nunca demonstrou disponibilidade.

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Nas Grandes Opções do Plano para 2023 estava prevista a «construção de novas escolas do 1.º ciclo do ensino básico e pré-escolar, ampliações e requalificações de escolas já existentes, o apoio à edificação de estruturas residenciais para idosos e para a deficiência e a requalificação das instalações das associações de reformados». Em causa está, igualmente, a construção do Centro Cultural José Saramago, em Amora, onde ficará o novo Centro de Apoio ao Movimento Associativo Juvenil, e na execução dos 46 projectos do Plano Municipal de Desenvolvimento Desportivo».

«O Centro Ciência Viva de Interpretação Ambiental da Baía do Seixal, a construção da via alternativa à EN10 entre Corroios e Amora, os centros de saúde dos Foros de Amora, da Unidade de Saúde Familiar Rosinha (na Cruz de Pau) e do Centro de Saúde de Aldeia de Paio Pires, a aposta na instalação de empresas, a conclusão do passeio ribeirinho Miratejo/Corroios, a requalificação do núcleo urbano antigo de Arrentela e o programa Seixal Criativo são outros exemplos de investimento previstos no documento e que agora não poderão arrancar, em virtude do chumbo do orçamento».

A Câmara do Seixal fica assim obrigada a um exercício de gestão limitado, «que dificulta a resposta às justas aspirações de melhor qualidade de vida por parte da nossa população, expressas e legitimadas democraticamente pela vitória do programa eleitoral da CDU nas últimas eleições autárquicas», refere a autarquia em comunicado.

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