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|Madeira

Fogo destruiu 14% da área florestal, mas Albuquerque diz não entender o «alarmismo»

«Há um alarmismo que não percebo». É assim que o presidente do Governo Regional da Madeira analisa a situação, mesmo já se sabendo que área ardida está perto do pior registo dos últimos 25 anos e que existe o risco real de derrocadas.

Ao oitavo dia de incêndios na Madeira, Miguel Albuquerque que tem sido criticado pela falta de presença na região por ainda estar de férias, dirigiu-se aos jornalistas à entrada da Câmara Municipal do Funchal, local onde iria decorrer a sessão solene do Dia do Concelho.

O cenário na Madeira é grave com os bombeiros a terem grande dificuldade em controlar os fogos. Somente o fogo que deflagrou na serra de Água, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, consumiu uma área de 8162 hectares, o que representa 14% de toda a área florestal da ilha da Madeira.

Estima-se que estes sejam os piores incêndios nos últimos 25 anos. A falta de meios humanos e materiais, associados às condições climatéricas como o vento e a temperatura criaram a tempestade perfeita para o drama que se assiste na chamada «pérola do Atlântico». 

Por si, a área queimada já seria o suficiente para caracterizar a actual situação como uma catástrofe, mas a isto acresce o facto da ausência de vegetação poder criar derrocadas em caso de chuva. A tipologia do terreno acidentado associado à incapacidade de retenção de águas e solo poderá levar a que no inverno volte a acontecer o que aconteceu em 2010, onde o deslizamento de terras vitimou 51 pessoas. 

Face a tudo isto, Miguel Albuquerque, sabendo da situação, apenas relativizou o drama. Para o presidente do Governo Regional «é essencial baixar esta retórica um pouco alarmista». O mesmo diz que não entende todo o «alarmismo», uma vez que no ano passado houve «um incêndio na Calheta que destruiu 12 habitações» e «neste [incêndio] não houve qualquer afetação nem nas infraestruturas, não houve qualquer ferido, não houve qualquer pessoa lesada, as habitações foram salvaguardas, portanto a estratégia estava correta».

Não foi só para relativizar desgraças que Miguel Albuquerque prestou declarações, foi também para contrariar o seu histórico posicionamento em relação ao Estado central e ao Governo da República. Se em inúmeras ocasiões o presidente do Governo Regional da Madeira considerou que o arquipélago devia ter toda a autonomia e mais alguma, nomeadamente em questões tributárias, parece que agora isso não se verifica.

Para o líder do PSD/Madeira, é uma «boa ideia» a Madeira ter um segundo meio aéreo e o ideal seria «o Estado assumir as suas responsabilidades no quadro da proteção civil nacional», uma vez que a Região só tem um helicóptero desde 2019, o que correspondeu a um investimento que ronda os 13 milhões de euros. 

Como não podia deixar de ser, Miguel Albuquerque disse «eu assumo as minhas responsabilidades politicas», sendo que este é o seu «25º incêndio» e toda a sua estratégia funcionou, na sua óptica. No seu entender está tudo bem e dentro da normalidade, porque para si nunca nada está mal, mesmo quando há um evidente desastre ambiental. 

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