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Venezuela: diálogo entre governo e oposição extremista prossegue no México

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, agradeceu a Sergei Lavrov o apoio da Rússia ao diálogo que está a decorrer no México entre o governo bolivariano e a oposição apoiada pelos EUA e a UE.

No passado dia 13 de Agosto, o governo bolivariano e a chamada Plataforma Unitária firmaram um memorando de entendimento na Cidade do México 
No passado dia 13 de Agosto, o governo bolivariano e a chamada Plataforma Unitária firmaram um memorando de entendimento na Cidade do México Créditos / elnuevosiglo.net

Na sua conta de Twitter, a vice-presidente referiu-se a uma conversa mantida esta quarta-feira com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, no decorrer da qual ambos reafirmaram a vontade de estreitar as relações bilaterais de carácter estratégico.

Além disso, Rodríguez reiterou o agradecimento às autoridades do país euro-asiático pelo apoio no combate à pandemia de Covid-19 no país sul-americano, bem como o empenho da Rússia no processo de diálogo com os sectores da oposição mais extremistas, os de Capriles e Guaidó, que a União Europeia, o Reino Unido e Washington alentam e protegem.

No passado dia 14, a diplomacia russa já tinha manifestado a disposição para contribuir para estas negociações – sempre com base no respeito pelos princípios da soberania e da não ingerência –, bem como o contentamento por, no dia anterior, ter sido firmado na Cidade do México um memorando de entendimento entre o governo de Nicolás Maduro e a chamada Plataforma Unitária sobre a forma como iriam prosseguir as negociações.

Desde então, as negociações têm estado a decorrer na capital mexicana, com mediação da Noruega e o acompanhamento da Rússia e dos Países Baixos.

De acordo com o memorando, as partes comprometem-se a negociar com vista a alcançar acordos no âmbito dos direitos políticos, da realização de eleições, do levantamento das sanções económicas, da renúncia à violência, entre outros pontos.

Uma oposição nada unitária

O governo de Nicolás Maduro está a dialogar com representantes de um grupo que se faz chamar Plataforma Unitária, o que pode fazer alguma confusão. A oposição no país sul-americano é tudo menos unitária. Por um lado, os representantes da plataforma representam grupos e interesesses diversos. Por outro, quando se fala de oposição na Venezuela, é preciso ter em conta que outros sectores se distanciaram da atitude de boicote e violência contra o país e têm participado nas eleições ali realizadas.

Não é o caso desta oposição, que é apoiada por Washington e a UE, e onde predominam a corrente pró-Henrique Capriles, criminoso foragido a quem Espanha deu guarida, e a pró-Juan Guaidó, o «autoproclamado» presidente interino a mando de Washington e que os lacaios dos EUA se apressaram a reconhecer, mesmo que depois, tendo em conta o falhanço da jogada, tenham virado o bico ao prego.

No início deste processo, o presidente venezuelano disse que «esta oposição não representa nem sequer 15% do eleitorado do país, mas que isso não importa; acreditamos que a paz está acima de tudo».

Não é a primeira vez que a oposição de extrema-direita, apoiada pelas potências do Ocidente, «guarimbeira» e que pede sanções para o seu próprio país, se senta à mesa com o governo da Venezuela, que fez apelos reiterados ao diálogo, com vista a acabar com as sanções e o bloqueio que asfixiam o país caribenho, e a criar estabilidade económica, social e política.

Em Fevereiro de 2018, na República Dominicana, o acordo chegou mesmo a ser alcançado e só faltava a assinatura, mas, à última hora, os dirigentes oposicionistas (alguns dos quais estão agora sentados no México) receberam uma chamada dos Estados Unidos e não houve qualquer acordo.

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