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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, liderou a grande manifestação que ontem se realizou na capital, Caracas, contra a intensificação do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra o país sul-americano.

Neste contexto, destacou que o conjunto de medidas coercitivas decretadas contra a economia e a indústria petrolífera venezuelanas atinge sobretudo o povo, devido às dificuldades acrescidas para importar alimentos e produtos farmacêuticos, informa a TeleSur.

Reafirmando a necessidade de aumentar e aperfeiçoar o sistema de produção nacional, para mitigar os efeitos da investida imperialista, Maduro acrescentou que, em articulação com os ministérios da Agricultura e Alimentação, o governo bolivariano irá garantir, com produção própria, 12 milhões de caixas de alimentos para os Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que beneficiam mais de seis milhões de famílias em todo o território venezuelano.

No dia da campanha mundial «No More Trump» [Mais Trump Não], Nicolás Maduro sublinhou que o seu país está preparado política, económica e militarmente para derrotar o bloqueio imposto pela administração norte-americana, que se intensificou esta semana com novas restrições contra o país.

Falando no acto de encerramento da marcha, em El Calvario (Caracas), o mandatário referiu que os venezuelanos travam uma batalha: «É uma batalha pelo direito a viver, a existir, pelo direito à independência, à soberania, pelo direito internacional, pois a administração imperialista e criminosa de Donald Trump viola consecutivamente as normas, os princípios internacionais ao adoptar medidas que o mundo classifica como unilaterais, coercitivas, ilegais», explicou, citado pela AVN.

Direita subordinada a Washington

Referindo-se ao processo de diálogo com a oposição em Barbados, o presidente venezuelano revelou que a delegação da direita se tinha comprometido a solicitar às autoridades de Washington o levantamento do bloqueio ilegal. Como isso não ocorreu, os representantes do governo venezuelano saíram, de forma temporária, da mesa de negociações.

Precisou, no entanto, que o executivo bolivariano mantém sempre aberta a porta ao diálogo, assente no «respeito pela soberania e a integridade territorial» do país. «Temos propostas de fundo para apresentar, mas a direita está claramente subordinada a Washington», disse.

No final, o chefe de Estado juntou a sua assinatura contra as sanções e o bloqueio, no contexto da campanha de recolhas de assinaturas para enviar ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, solicitando-lhes que se pronuncie conta a agressão norte-americana contra a Venezuela.

Apoio à Venezuela pelo mundo fora, também em Portugal

Em território venezuelano, as mobilizações contra as sanções e o bloqueio de Trump sucederam-se em vários estados, com ampla recolha de assinaturas. De acordo com o ministro venezuelano da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, prevê-se que, só na Venezuela, o manifesto a enviar a Guterres reúna mais de 13 milhões de assinaturas, referiu a AVN.

O repúdio contra o bloqueio imposto ao país caribenho pela administração norte-americana não se fez sentir apenas nas grandes manifestações que tiveram lugar na Venezuela, tendo havido concentrações e outras expressões de solidariedade em países como Cuba, Turquia, Indonésia, Argentina, Alemanha, Espanha, Síria, Bolívia, Itália, Jordânia, Portugal, entre outros.

Em Lisboa, a jornada de mobilização mundial «Mais Trump Não» motivou uma concentração com representantes de várias organizações, além de um comunicado de apoio da Associação de Cubanos Residentes em Portugal, da Associação Cultural Yoruba-F e da Associação dos Originários Cubanos em Portugal.

Na ocasião, Filipe Ferreira, do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), afirmou a «necessidade de os portugueses denunciarem a ilegalidade destas novas sanções», sublinhando que elas «representam o desespero da oposição, que, politicamente, não tem o apoio da população venezuelana e só através da desestabilização e da agressão pode chegar ao poder».

«Reafirmamos a nossa solidariedade e vamos continuar esta luta e a denunciar a posição vergonhosa que o Governo português tem tido», declarou.