O médico cubano Aracelio Pérez implantou várias próteses da anca a pacientes que ainda tinham alojada nessa parte do corpo metralha corrompida pela passagem dos anos, indica a Prensa Latina.
Um outro exemplo é o do seu colega Crescencio Aneiro, que teve de operar com urgência um canalizador a quem rebentou na cara uma velha mina quando cavava o chão para instalar os canos de um lava-louças, refere a peça publicada por Alberto Salazar, correspondente da agência cubana no país do Sudeste Asiático.
A ideia de fundar este hospital localizado na capital da província de Quang Binh (Centro do Vietname) surgiu da necessidade de lidar com as sequelas da guerra neste território, que foi um dos mais assolados pelos bombardeamentos norte-americanos, uma vez que marcava o limite entre o Norte e o Sul do país.
A ideia de Fidel
Quando Fidel Castro visitou o Vietname, em Setembro de 1973, viajou de Hanói para Quang Binh num pequeno avião, e ficou comovido com o que viu lá em baixo: as pontes todas – «sem excepção» – destruídas, as aldeias arrasadas, as bombas de fragmentação que caíam sobre os campos de arroz onde crianças, mulheres e velhos trabalhavam.
O líder da Revolução cubana atravessou depois o tristemente célebre Paralelo 17 – foi o único estadista a fazê-lo naqueles tempos – e percorreu a recém-libertada província de Quang Tri, onde pôde ver in loco os horrores da guerra.
No regresso a Quang Binh, por estrada, foi abalado por um novo acontecimento, ao dar com três crianças feridas, duas delas em estado grave, depois de terem feito explodir uma granada quando trabalhavam a terra. Os médicos cubanos que iam na caravana «cuidaram delas directamente durante horas e salvaram-lhes a vida», contou Fidel nas suas Reflexões.
Este facto, o que vira a partir do avião e no cenário de guerra levaram-no a fazer uma promessa aos habitantes da província de Quang Binh no dia seguinte, antes de voltar para Hanói: construir e equipar totalmente um hospital em Dong Hoi, o mais rapidamente possível. «Também virão cubanos trabalhar na construção deste hospital», disse.
E a promessa foi cumprida
O hospital começou a ser construído a 19 de Maio de 1974, coincidindo com o 84.º aniversário do nascimento de Ho Chi Minh. E os cubanos lá estavam, como prometido: mais de cem engenheiros, construtores e outros especialistas, refere a Prensa Latina.
Quando foi inaugurado, a 9 de Setembro de 1981, era um dos mais avançados do país. Até 1991, passaram por ali 146 médicos, enfermeiros e técnicos cubanos da Saúde. Hoje, em Dong Hoi, ainda se lembra que alguns chegaram a dar sangue a pacientes que dele precisavam com urgência.
A colaboração médica cubana interrompeu-se entre 1991 e Abril de 2018, quando chegaram ao hospital quatro especialistas de Cuba. Posteriormente, chegaram mais quatro.
Além dos casos médicos, uma das coisas que mais os impressionaram foi ver que os andares da ala mais antiga do hospital têm o piso de granito colocado pelos pedreiros cubanos e que continuam a ser usadas as camas enviadas por Cuba há tantos anos.
Ampliado e modernizado, o hospital, onde um busto honra quem inspirou a sua criação, é considerado hoje um dos melhores do seu tipo no país asiático.
Médicos cubanos em Dong Hoi
O director da instituição, Duong Thanh Binh, disse à Prensa Latina que para a população de Quang Binh é «uma grande sorte ser atendida por médicos que vêm de um país com tanto prestígio na área da Medicina».
«Inseriram-se muito rapidamente no ambiente de trabalho do hospital e deram mostras de uma grande atitude profissional no trabalho, uma elevada qualificação e um trato muito amável com os pacientes», referiu.
Para Binh, a presença dos médicos cubanos ajuda-os bastante na formação dos jovens médicos vietnamitas e no desenvolvimento de especialidades de alta tecnologia que a unidade quer promover. «Essas são algumas das razões por que queremos contratar mais profissionais da Ilha», revelou, sublinhando: «Este hospital foi e continua a ser um dos mais preciosos presentes que Fidel Castro e o povo cubano deram ao Vietname.»
Actualmente, há no país do Sudeste Asiático uma dezena de especialistas e técnicos cubanos, mas, de acordo com a vontade dos dois países, esse número deve chegar à centena nos próximos tempos.
«Serão os novos frutos de uma semente plantada há 45 anos num hospital de Dong Hoi» que tem por nome Amizade Vietname-Cuba.
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