A situação foi revelada este domingo pelo diário Haaretz, referindo que o Ministério israelita da Justiça começou a registar, na semana passada, a propriedade de terra adjacente à Mesquita de al-Aqsa, uma zona «altamente sensível» em Jerusalém Oriental ocupada.
«A parcela de terra em questão […] está a ser registada com fundos governamentais destinados a diminuir as disparidades económicas e melhorar a qualidade de vida dos residentes palestinianos de Jerusalém», afirma o periódico israelita.
Nos últimos anos, o responsável pelo registo de terras em Jerusalém, David Rotenberg, avançou para a parte leste da cidade, o que motivou perguntas de grupos de defesa dos direitos humanos, refere também o diário.
Como exemplo, aponta o caso do Bairro de Sheikh Jarrah, habitado sobretudo por palestinianos, onde o processo «foi completo e quase toda a terra registada em nome de judeus».
Grupos de direitos alertam para as «implicações de grande monta»
A decisão do governo israelita de iniciar o processo de registo da propriedade de terra adjacente a al-Aqsa pode conduzir a uma «tomada de controlo» com «implicações profundas e de grande alcance», avisaram esta segunda-feira grupos de defesa dos direitos humanos.
Numa declaração conjunta, as organizações não governamentais com sede em Jerusalém Ir Amim e Bimkom denunciam um procedimento que recorre a fundos destinados a «reduzir fossos socioeconómicos» e a «criar um futuro melhor» para os palestinianos e os utiliza para roubar terras aos palestinianos e as registar para colonatos ilegais.
No texto, a que o Middle East Eye teve acesso, alerta-se para a possibilidade de o governo israelita estar a tentar registar como terra estatal a área a sul da Mesquita de al-Aqsa, o que terá «consequências desastrosas para centenas de casas palestinianas em Abu Thor» e tem o «potencial para fazer escalar as tensões, dada a localização altamente sensível».
O controlo de Israel sobre Jerusalém Oriental, incluindo a Cidade Velha, viola o direito internacional, que estipula que a potência ocupante não tem soberania no território que ocupa e não pode realizar ali quaisquer mudanças de carácter permanente, afirma o Middle East Eye, como já o fez o MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente.
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