O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) reitera o apoio à luta do povo palestiniano pela liberdade e autodeterminação, pelo reconhecimento da condição de presos políticos aos palestinianos presos pelo Estado israelita e pelo respeito dos direitos destes presos, denunciando as «degradantes condições» a que são submetidos nas cadeias.
Neste contexto, o MPPM faz um apelo «a todas as pessoas amantes da paz e da liberdade» para que se solidarizem com a luta do povo palestiniano e exijam o respeito dos seus «legítimos direitos».
Insta ainda o governo português a reconhecer o Estado da Palestina, respeitando o direito internacional e as resoluções da ONU, e reclama-lhe que «se empenhe na denúncia das violações aos direitos humanos» cometidas pelo Estado israelita, «cumprindo o preceituado na Constituição da República».
Situação dos presos é questão central
Estas declarações surgem num comunicado emitido este domingo, 17 de Abril – dia instituído pelo Conselho Nacional Palestiniano, em 1974, como o Dia dos Presos Palestinianos, para expressar solidariedade àqueles que se encontram presos nas cadeias de Israel.
O MPPM lembra que a «situação dos presos é uma das questões centrais para uma solução justa da questão palestiniana, a par do fim da ocupação da Cisjordânia e do cerco da Faixa de Gaza, do estatuto de Jerusalém e do direito do retorno dos refugiados».
O maior número de detenções administrativas – sem julgamento ou acusação – foi decretado em Maio, quando Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza. A Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP) revelou, este domingo, que o número divulgado diz respeito tanto a novas ordens como à renovação de ordens já emitidas nos territórios ocupados, pelas autoridades israelitas. No documento apresentado, o organismo lembra que política de detenção administrativa visa «esmagar os activistas políticos palestinianos» e se baseia num ficheiro secreto não acessível aos presos – nem sequer aos seus advogados –, que são mantidos na cadeia sem acusação ou julgamento, informa a WAFA. O maior número de ordens de detenção administrativa foi emitido em Maio último, quando a Israel lançou uma ofensiva de 11 dias contra a Faixa de Gaza, explicou a organização de defesa dos presos, acrescentado que, ao longo do ano, 60 prisioneiros recorreram à greve de fome com o propósito de reconquistar a liberdade. Uma comissão de apoio aos prisioneiros revelou que 13 palestinianos permaneciam em greve de fome nas cadeias, este domingo, contra o regime que permite mantê-los reclusos sem acusação ou julgamento. Num comunicado ontem emitido, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos informou que o prisioneiro Salem Ziadat, de 40 anos, é, dos 13 que continuavam o protesto, aquele que está em greve de fome há mais tempo, permanecendo em jejum há 28 dias contra a sua detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, revelou a agência WAFA. A Comissão informou ainda que o número de reclusos palestinianos em greve de fome até ontem era de 15, mas que Mohammad Khaled Abusill e Ahmad Abdulrahman Abusill tinham chegado a um acordo com o Serviço Prisional Israelita no que respeita à «limitação» da chamada detenção administrativa. Grupos de defesa dos presos apresentaram um relatório sobre o primeiro semestre de 2021. Nas cadeias israelitas, há actualmente 4850 palestinianos, 540 dos quais ao abrigo da «detenção administrativa». Entre os palestinianos que se encontram nos cárceres de Israel, contam-se 43 mulheres e 225 menores, segundo o documento conjunto divulgado este fim-de-semana pela Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, a Sociedade dos Presos Palestinianos, a Addameer e o Centro de Informação Wadi Hilweh. Os organismos referidos precisaram que 12 presos são membros do Conselho Legislativo Palestiniano (Parlamento), 70 são provenientes dos territórios ocupados em 1948, 350 são originários de Jerusalém ocupada e 240 da Faixa de Gaza cercada. O informe destaca a existência de 540 prisioneiros palestinianos em detenção administrativa, sem acusação formada ou julgamento, por períodos de seis meses indefinidamente renováveis. No que respeita a detenções, os organismos de defesa dos presos revelaram que Israel prendeu 5426 palestinianos entre 1 de Janeiro e 30 de Junho deste ano – um número superior a todas as detenções efectuadas pelas forças israelitas em 2020 e registadas por estas organizações: 4636. Por ocasião do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou também que 140 menores permanecem em cadeias israelitas. Os menores palestinianos, alguns dos quais crianças, continuam a ser alvo das forças militares israelitas, que os prendem, muitas vezes de forma violenta, nos territórios ocupados. De acordo com um relatório publicado este domingo pela Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos, pelo menos 230 foram detidos desde o início do ano, a maioria dos quais em Jerusalém Oriental ocupada. O grupo de defesa dos direitos dos presos sublinhou que «as crianças encarceradas são submetidas a vários tipos de abusos, incluindo «a recusa de comida e de bebida por longas horas, abuso verbal e a detenção em condições duras». O informe veio a lume na véspera do Dia da Criança Palestiniana, que se assinala a 5 de Abril, com actividades culturais, educativas e mediáticas que, refere a PressTV, visam reforçar a consciência sobre o sofrimento dos menores palestinianos. Também no âmbito do Dia da Criança Palestiniana, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos revelou que 140 menores permanecem em cadeias israelitas, incluindo dois que se encontram presos ao abrigo do regime de detenção administrativa. Uma comissão da ONU reafirmou denúncias expostas em vários relatórios sobre detenções de menores palestinianos por Israel – quase sempre presos de noite, algemados e vendados. É o início da «viagem ao inferno». A instância, composta por especialistas independentes das Nações Unidas, expressou particular preocupação pela expansão dos colonatos e o aumento da violência dos colonos israelitas, em que se incluem ataques a crianças e às suas escolas. Segundo se pode ler no portal oficial de notícias da ONU, na semana passada diversas organizações informaram a comissão sobre as operações nocturnas levadas a efeito pelas forças israelitas com o propósito de deter crianças e adolescentes na Cisjordânia ocupada, com «graves consequências para o seu bem-estar e gozo dos seus direitos». «Mais de 300 crianças estão detidas no sistema militar israelita. A maioria por delitos menores, como atirar pedras e publicações nas redes sociais», assinala a comissão, que denuncia o facto de os menores serem «levados para locais desconhecidos, presos em viaturas militares e sujeitos a ameaças e abusos verbais», bem como o facto de, por vezes, serem «obrigados a assinar confissões em hebraico, uma língua que não costumam entender». Estas preocupações reafirmam as que têm sido veiculadas, ao longo do tempo, por várias entidades, nomeadamente a Comissão dos Prisioneiros Palestinianos, órgão dependente da Autoridade Palestiniana que, em diversas ocasiões (também este ano), alertou para o facto de os menores serem torturados e sofrerem abusos nos cárceres israelitas, bem como para o facto de serem espancados, insultados e pressionados no momento da detenção. No final de Março, um relatório publicado pelo Ministério palestiniano da Informação denunciava também esta realidade, afirmando que «95% das crianças palestinianas presas pelas autoridades israelitas foram torturadas durante a detenção». De acordo com o relatório, até 2015 foram documentadas anualmente 700 detenções de menores palestinianos. Já em 2017, Israel prendeu 1467 crianças e adolescentes; 1063 no ano seguinte e, nos dois primeiros dois meses deste ano, 118. Entre 2000 e 2018, foram presos mais de 16 mil menores. Numa peça intitulada «“Endless Trip to Hell”: Israel Jails Hundreds of Palestinian Boys a Year. These Are Their Testimonies», publicada em Março e plenamente actual, o periódico israelita Haaretz aborda esta realidade, em que as crianças, algumas com idades inferiores a 13 anos, «são detidas pela calada da noite, vendadas e algemadas, alvo de abusos e constrangidas» a confessar «crimes» que não cometeram. A peça, que reúne testemunhos de sete jovens da Margem Ocidental ocupada com idades compreendidas entre os dez e os 15 anos, revela as diversas fases do processo de detenção, que começa nas operações nocturnas e passa pelo interrogatório, a prisão, o julgamento e a proposta de um acordo. Na sua maioria, os jovens são presos por, alegadamente, terem atirado pedras ou queimado pneus, mas, como sublinha a advogada Farah Bayadsi o objectivo das detenções «é mais para mostrar controlo do que para aplicar a lei». A experiência traumática é fundamentada por tudo aquilo por que as crianças passam durante uma detenção. Arrancadas de casa quando dormem, são algemadas e vendadas, levadas em veículos militares para colonatos e bases israelitas, passando por todo um processo que envolve intimidação, ameaças, agressões físicas, afastamento da família e pressão para «confessar». O nível de brutalidade varia. Khaled Mahmoud Selvi, preso quando tinha 15 anos, foi levado para a prisão e despido (o que, de acordo com o jornal, ocorre em 55% dos casos), tendo sido obrigado a permanecer dez minutos nu, em pé, durante o Inverno. De acordo com os dados recolhidos pela organização não governamental (ONG) British-Palestinian Military Court Watch, 97% dos jovens palestinianos detidos pelas forças militares israelitas (IDF) vivem em pequenas localidades a menos de dois quilómetros de um colonato. O advogado Gerard Horton, da ONG referida, afirma que a ideia é «assustar toda a aldeia» e que se trata de um «instrumento eficaz» para controlar uma comunidade. Acrescenta que, do ponto de vista dos ocupantes e opressores, a pressão «tem de ser constante»: «Cada geração tem de sentir a mão pesada das IDF.» A experiência é traumática. O pai de Khaled Shtaiwi, preso com 13 anos em Novembro do ano passado, contou ao periódico que criou na sua aldeia o «dia da psicologia», porque o seu filho não é capaz de falar sobre o que se passou e porque quer ajudar todas as crianças que foram presas pelos israelitas. Em Beit Ummar, Omar Ayyash foi preso com dez anos de idade, em Dezembro último. Agora, as crianças que brincam nas ruas da aldeia afastam-se assim que se apercebem da aproximação de soldados israelitas. Tornou-se um hábito desde que as tropas levaram Omar. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Por seu lado, a organização Defense for Children International – Palestine (DCIP) destacou que todos os anos entre 500 e 700 menores palestinianos são processados em tribunais militares israelitas e que 85% das crianças palestinianas detidas em 2020 foram «submetidas a violência física». Num comunicado, a DCIP afirma ter documentado 27 casos em que as crianças foram mantidas na solitária um ou dois dias, alegando as forças israelitas «objectivos de investigação». Esta prática é, segundo o organismo, uma forma de «tortura ou tratamento cruel, desumano e degradante». Desde Outubro de 2015, a DCIP registou a 36 ordens de detenção administrativa decretadas contra menores palestinianos, dois dos quais se mantêm nesse regime. Ainda de acordo com o organismo sediado em Genebra, em 2020, as forças israelitas mataram nove menores palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza, seis dos quais com fogo real. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O relatório divulgado este fim-de-semana informa que, entre os palestinianos detidos pelas forças israelitas, se incluem 854 menores e 107 mulheres, tendo sido emitidas na primeira metade do ano 680 ordens de detenção administrativa, incluindo 312 novas. No mês de Junho foram presos 615 palestinianos, revela o texto, destacando que Maio foi de longe o mês em que se registou um maior número de detenções na primeira metade deste ano. Então, mês de massacre contra Gaza e de múltiplas provocações sionistas no Complexo da Mesquita de al-Aqsa e em Jerusalém Oriental ocupada, as forças israelitas prenderam 3100 palestinianos, incluindo 2000 nos territórios ocupados em 1948 (actual Estado de Israel) e 677 em Jerusalém Oriental ocupada, informa a WAFA. De acordo com a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos, há actualmente nove presos em greve de fome nos cárceres israelitas como forma de protesto contra o regime de detenção administrativa que lhes foi aplicado. A Comissão pediu às instâncias internacionais e regionais de defesa dos direitos humanos que pressionem as autoridades israelitas no sentido de acabar com os maus-tratos aos presos em greve de fome, que passam também pela sua reclusão na solitária. Os presos palestinianos recorrem com frequência a esta forma de luta contra um regime de detenção ilegal, cujo fim exigem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo com os grupos de defesa dos direitos dos prisioneiros palestinianos, há actualmente quase 550 nos cárceres israelitas detidos ao abrigo deste regime, que tem merecido ampla condenação internacional e que permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável. A detenção, que é decretada por um comandante militar, tem por base aquilo a que Israel chama «prova secreta» – e é tão «secreta» que nem o advogado do detido tem direito a vê-la. Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de «detenção», que é considerado ilegal à luz do direito internacional. Como forma de protesto contra as suas detenções ilegais e para exigir que Israel ponha fim a esta prática, os presos palestinianos recorrem com frequência a greves de fome por tempo indeterminado. Apesar da pressão internacional e dos protestos dos prisioneiros, as autoridades israelitas não têm dado sinais de querer acabar com este regime. Pelo contrário, tanto a comissão referida como o Centro Palestiniano de Estudos sobre Prisioneiros têm dado conta de novas ordens de detenção administrativa e de múltiplas renovações. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na maior parte dos casos, estavam presos ao abrigo do regime de detenção administrativa, como Hisham Abu Hawwash, de 40 anos, habitante da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada) que se mantém há 140 dias em greve de fome e está numa situação considerada muito crítica. Nos últimos dias, as autoridades palestinianas alertaram para o estado de saúde crítico de Abu Hawwash, responsabilizaram Telavive por aquilo que lhe possa acontecer e pediram à comunidade internacional que pressione as autoridades israelitas para o libertarem. Também a Cruz Vermelha se mostrou preocupada com o caso, sublinhando a necessidade de tratar os reclusos com humanidade e de encontrar uma solução que evite «consequências irreversíveis» para Hawwash. De acordo com a SPP, este domingo cerca de 500 reclusos palestinianos presos em Israel ao abrigo do regime da detenção administrativa – criticado pela ONU – declararam o boicote aos tribunais israelitas, porque «sentem que os tribunais alinham sempre com o governo militar e as suas ordens, e não os tratam com imparcialidade». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Israel decretou 1595 ordens de detenção administrativa contra palestinianos em 2021
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Presos palestinianos continuam protesto contra a detenção administrativa
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Israel prendeu 5426 palestinianos na primeira metade do ano
Quase 5500 detidos em seis meses
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Forças israelitas prenderam 230 menores palestinianos desde Janeiro
Detenção administrativa e maus-tratos
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A «viagem ao inferno» dos jovens palestinianos detidos por Israel
Uma «viagem sem fim ao inferno»
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Vários presos em greve de fome contra a detenção administrativa
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No início deste mês, encontravam-se presos nas cadeias israelitas cerca de 4500 palestinianos, incluindo 160 menores e 32 mulheres. Destes, 530 estão em regime de detenção administrativa, sem culpa formada e sem sequer serem levados a julgamento, informa o texto. Há ainda nas prisões israelitas oito membros do Conselho Nacional Palestiniano (o Parlamento).
A luta pela libertação de Ahmed Manasra, jovem palestiniano preso por Israel desde os 13 anos, tem-se intensificado nas últimas semanas, revela o organismo solidário, recordando que, «no dia da sua prisão, Ahmed foi atropelado e agredido por forças israelitas», e, «desde então tem sido submetido a interrogatórios sem a presença dos pais ou dos advogados, durante os quais foi submetido a tortura».
No mesmo dia em que foi detido – 12 de Outubro de 2015 –, um primo seu de 15 anos foi morto a tiro pela polícia israelita.
Outro elemento destacado é o prosseguimento da luta dos palestinianos em detenção administrativa, que há 107 dias se recusam a comparecer às audiências no tribunal militar em protesto contra a sua detenção injusta sem acusação ou julgamento.
«O boicote inclui as audiências para a renovação das ordens de detenção administrativa, bem como audiências de recurso e sessões posteriores no Supremo Tribunal de Israel», explica o texto.
Escalada de violência
Entretanto, prossegue a escalada de violência do ocupante israelita, que o MPPM denunciou no passado dia 14, contra os palestinianos da Cisjordânia e de Jerusalém.
No espaço de uma semana, pelo menos nove palestinianos foram mortos pelas forças de ocupação em vários pontos da Cisjordânia. A WAFA dá conta de dezenas de feridos e de detidos. Esta manhã, as forças israelitas entraram nas localidades de al-Yamun e Kafr Dan, perto de Jenin, mataram dois palestinianos e feriram pelo menos seis. Uma das vítimas mortais foi identificada como Shas Kamamji, irmão de Ayham Kamamji, um dos seis prisioneiros que em Setembro do ano passado conseguiram escapar da prisão de alta segurança de Gilboa. O segundo assassinado é Mustafa Abu-Arub, informa a agência WAFA, acrescentando que as forças de ocupação dispararam sobre os jovens que lhes fizeram frente, tendo detido pelo menos quatro. Ontem à noite, as forças israelitas mataram a tiro um rapaz de 14 anos na aldeia de Husan, nas imediações de Belém, durante um raide. O Ministério da Saúde identificou-o como Qusai Hamamra. Os militares israelitas mataram um palestiniano e feriram perto de 20 durante operações de larga escala na Margem Ocidental ocupada. Há registo de fortes confrontos e várias detenções. Um palestiniano, identificado como Muhammad Hasan Assaf, foi morto a tiro, esta manhã, durante uma incursão das forças de ocupação israelitas na cidade de Nablus e em aldeias circundantes. O Ministério palestiniano da Saúde informou que Assaf, de 34 anos, faleceu no hospital, não resistindo aos ferimentos, depois de ser atingido com vários tiros no peito. Por seu lado, Ahmad Jibril, chefe do Departamento de Emergências e Ambulâncias do Crescente Vermelho Palestiniano, referiu que outras cinco pessoas foram atingidas com fogo real e que mais cinco tinham ficado feridas devido ao impacto de balas de borracha. Citado pela agência WAFA, Jibril disse ainda que nove pessoas receberam assistência por asfixia, devido ao gás lacrimogéneo lançado pelas forças israelitas durante os confrontos registados junto ao Túmulo de José. Um trabalhador palestiniano da construção civil, residente em al-Khalil (Hebron), foi morto a tiro esta madrugada pela Polícia israelita. Em Jenin, registam-se intensos confrontos com grupos da resistência. O trabalhador da construção civil foi morto em Ashkelon, no Sul dos territórios ocupados em 1948, quando a Polícia israelita andava à procura de trabalhadores palestinianos sem autorização para trabalhar, segundo referem diversas fontes. De acordo com o comunicado emitido pelas forças israelitas, o trabalhador recusou-se a mostrar a documentação e sacou de uma faca, ferindo um agente numa mão. Foi morto a tiro de imediato. Este caso ocorre num contexto de tensão e violência crescentes nos territórios ocupados. No espaço de 24 horas, entre domingo e segunda-feira de manhã, quatro palestinianos foram mortos ao serem atingidos por disparos de militares israelitas – um deles faleceu por não resistir aos ferimentos. Um rapaz de 17 anos morreu, esta segunda-feira, depois de ter sido atingido a tiro por militares israelitas em Jenin no dia anterior. Trata-se da quarta vítima mortal em 24 horas na Cisjordânia ocupada. Fontes médicas confirmaram à agência WAFA que Muhammad Zakarneh faleceu esta manhã no hospital onde estava a receber tratamento, depois de, no domingo, ter sido atingido por unidades especiais das forças de ocupação, que invadiram a zona industrial de Jenin. Ontem, os militares israelitas mataram a tiro outros três palestinianos na Margem Ocidental ocupada. Muhammad Ali Ghunaim, de 21 anos, foi atingindo fatalmente, ontem à noite, quando confrontava as forças de ocupação em al-Khader, a oeste de Belém. Por seu lado, Ghada Sabatien, de 45 anos, viúva e mãe de seis, foi morta a tiro num dos postos de controlo próximos da aldeia de Husan, junto a Belém. Uma outra mulher palestiniana, de 24 anos, foi morta a tiro em al-Khalil (Hebron), depois de ter tentado esfaquear um polícia israelita. A Autoridade Palestiniana acusou este domingo o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, de ter dado «carta branca» ao Exército para assassinar civis na Cisjordânia, onde as forças de ocupação levam a cabo uma grande operação repressiva. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que o executivo de Naftali Bennett é «inteira e directamente» responsável pela escalada de violência na Margem Ocidental ocupada. «A escalada israelita é uma tentativa de substituir a solução política negociada para o conflito por outras soluções […], que reflectem a negação de Israel dos direitos do povo palestiniano, o principal dos quais é o seu direito à autodeterminação», declarou este sábado o ministério, num comunicado citado pela WAFA. A declaração seguiu-se à incursão dos militares israelitas no campo de refugiados de Jenin, à qual os palestinianos responderam. No decorrer dos confrontos, as forças de ocupação mataram um palestiniano e feriram outros 13, segundo referiu o Ministério palestiniano da Saúde. As autoridades sanitárias informaram que o jovem assassinado, identificado como Ahmad Saadi, foi atingido com tiros no peito e na cabeça, falecendo de imediato. Dois dos feridos foram igualmente atingidos com fogo real e tiveram de ser submetidos a intervenções cirúrgicas. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O raide levado a cabo pelos militares israelitas este sábado contra a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados visou sobretudo a residência da família de Raed Hazem, palestiniano que na quinta-feira passada atacou e matou três israelitas e feriu mais de uma dezena em Telavive. Hazem foi morto a tiro pelas forças israelitas, perto de Jaffa, horas depois de ter realizado o ataque em Telavive. Ainda assim, os militares cercaram a casa dos familiares de Raed Hazem e intimaram-nos a sair e a entregar-se, segundo revelaram testemunhas à WAFA. A mesma fonte refere que não estava ninguém em casa e que elementos do Exército começaram a tomar medidas para levar a cabo a demolição do edifício, seguindo o procedimento habitual da «punição colectiva» contra os familiares de atacantes. Na sexta-feira, horas depois do ataque em Telavive, o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra». Igualmente em tom inflamado, refere a PressTV, acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. Vários habitantes desfiam memórias de resistência na cidade, onde histórias familiares e revolução andam de mãos dadas – a terra esteve na luta muito antes de seis palestinianos terem saído de uma prisão de alta segurança escavando um túnel com colheres. Desde a invasão do exército de Napoleão Bonaparte até aos tiroteios recentes entre jovens armados locais e as forças de ocupação israelita, os habitantes da cidade do Norte da Cisjordânia falam com orgulho do seu histórico desafio. «Cresci a ouvir a história heróica do meu tio-avô, Farhan al-Saadi e [Izz al-Din] al-Qassam, que espalharam as sementes da resistência e inspiraram a geração seguinte em Jenin, incluindo eu», disse Bassam al-Saadi, agora com 61 anos, ao jornalista Fareed Taamallah, do Middle East Eye (MEE). Tal como as lembranças de Saadi, as histórias familiares que os residentes mais velhos partilham desenham um longo legado de luta contra a opressão e a ocupação que persiste na actualidade. Jenin encontra-se na base das colinas escarpadas de Nablus, as Jabal an-Nar ou «as montanhas de fogo», como foram chamadas depois de os seus habitantes terem incendiado olivais e florestas para travar o avanço dos soldados franceses em 1799. Quando os franceses ganharam a batalha, Napoleão ordenou aos seus soldados que queimassem e saqueassem Jenin, como represália pela ajuda aos otomanos. Mais de um século passado, em Setembro de 1918, Jenin foi capturada por aliados britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial, ficando sob domínio das autoridades do Mandato Britânico, tal como o resto da Palestina. Foi neste período, em 1935, que Izz al-Din al-Qassam, um pregador muçulmano e «dirigente» social, organizou a primeira resistência armada palestiniana contra os britânicos na região de Jenin. Em 1936, Jenin era um centro da rebelião contra as autoridades britânicas, liderada pelo amigo de Qassam, e tio-avô de Bassam al-Saadi, Farhan al-Saadi. Este, natural de uma aldeia próxima de Jenin, participou em manifestações contra os britânicos e no levantamento de al-Buraq, em 1929, que foi um confronto entre muçulmanos e judeus pelo acesso a um lugar sagrado em Jerusalém e que alastrou a todo o país. Os dois homens tinham-se conhecido anos antes de que as autoridades britânicas metessem na cadeia Farhan al-Saadi, entre 1929 e 1932. «A minha mãe disse-me que viu al-Qassam visitar o meu tio-avô na sua casa, na aldeia de Almazar», disse Saadi ao MEE. «Mas quando saiu da prisão, juntou-se a al-Qassam, que encontrou entre os camponeses de Jenin uma incubadora popular para a sua revolução», referiu. Meses antes do início da revolta árabe contra o Mandato Britânico, que apelava à independência palestiniana e ao fim da imigração judaica sem limites, al-Qassam foi morto num tiroteio com a polícia colonial britânica. Mas Farhan al-Saadi continuou. No dia 15 de Abril de 1936, o seu grupo fez uma emboscada a um autocarro na estrada Nablus – Tulkarem, perto de Jenin. Dois passageiros judeus foram mortos como vingança pela matança de palestinianos por organizações judaicas, um incidente visto como o ponto de partida da revolta. Bassam al-Saadi disse que a sua mãe era uma adolescente quando o seu tio-avô foi preso na casa da sua família, em 1937. Foi executado em Novembro desse ano, com 75 anos, mas a rebelião em Jenin continuou. Em 1938, um dia depois de um alto comandante britânico ter sido assassinado no seu gabinete em Jenin, uma grande força britânica entrou na cidade com explosivos e dinamite, fazendo explodir aproximadamente um quarto da urbe. A revolta terminou em 1939, quando os funcionários do Mandato Britânico emitiram um livro branco com a promessa de travar a imigração judaica para a Palestina, já com a maior parte dos líderes revolucionários palestinianos assassinados ou presos. Em 1948, depois de Israel ter declarado a independência e milhares de palestinianos terem sido assassinados ou expulsos de suas casas, por grupos paramilitares judaicos, o Exército israelita ocupou brevemente Jenin. A cidade podia ter tido a mesma sorte que a cidade vizinha de Haifa, que foi ocupada por Israel e cujos residentes árabes foram expulsos. A maior parte dos residentes de Jenin viu-se obrigada a fugir, sob o intenso bombardeamento da sua cidade. Mas, em vez de ser ocupada, Jenin foi defendida pelo Exército iraquiano e por voluntários palestinianos, incluindo Mohammad Qasrawi, da aldeia de Burqin, perto de Jenin. Agora, com 96 anos, Qasrawi falou sobre a «grande batalha» entre o Exército iraquiano e a milícia judaica. «Muita gente morreu, incluindo três amigos meus, que enterrámos com os mártires iraquianos no cemitério de Al-Shuhada, mas ganhámos a batalha e derrotámos os bandos», disse. Em 1949, Jenin ficou sob domínio jordano e, no início dos anos 50, foi criado o campo de Jenin, para albergar os palestinianos deslocados que haviam sido expulsos durante a guerra de 1948 entre Israel e os países árabes. O campo, localizado nos arrabaldes ocidentais de Jenin, tornou-se mais tarde um bastião da resistência à ocupação israelita. Khadra Abu Sariyyi, de 84 anos, lembra-se de quando as milícias sionistas destruíram a aldeia de Zare'en, sua terra natal, forçando a sua família a viver como refugiados no acampamento de Jenin. «Construímos uma casa de pedra e lama», disse, falando num acampamento onde ainda vive e onde a casa da sua família foi demolida duas vezes. «O meu irmão Hassan, que foi um dos revoltosos contra os britânicos e se envolveu na revolução, foi morto a tiro, em 1969, por militares israelitas, que depois levaram o seu corpo», disse. Nunca foi devolvido à família. Até hoje, não sabem onde está enterrado. Bassam al-Saadi também se lembra do tempo que passou no acampamento de Jenin, depois de os seus pais terem fugido da aldeia de Almazar, também arrasada por milícias judaicas, quando conta as histórias do seu tio-avô e de Qassam. Jenin caiu sob domínio israelita depois da guerra de 1967, o que levou muitos jovens locais, como Jamal Zobaidi, a juntar-se à resistência contra a ocupação. Zobaidi, agora com 65 anos, disse que ele e a sua família, juntamente com muitos outros palestinianos, fugiram do acampamento de Jenin para as montanhas durante a guerra, para escapar aos bombardeamentos contínuos. «A sua esperança era voltar às suas aldeias, mas, em vez disso, acabaram por regressar ao acampamento», disse Zobaidi, que lutou contra a ocupação palestiniana com recurso a actividades pacíficas nas décadas de 1970 e 1980. Foi preso seis meses sem acusações ou julgamento em 1987. A sua casa, disse, foi uma de várias que que o Exército israelita demoliu como punição colectiva. Em Dezembro de 1987, quando rebentaram os protestos contra a ocupação israelita na Cisjordânia e em Gaza, os habitantes de Jenin resistiram. Joma'a Abu Jabal, de 54 anos, nascido no acampamento de Jenin depois de a sua família ter sido expulsa de Lid al-Awadeen, uma terra perto de Haifa onde viviam em 1948, lembra-se bem. «O Exército israelita com jipes blindados não conseguiu invadir o acampamento durante 60 dias devido à feroz resistência», disse ao MEE. O irmão de Abu Jabal, Isam, foi morto a tiro por um franco-atirador israelita, quando o Exército acabou por entrar no campo, em Fevereiro de 1988. Abu Jabal foi preso mais de dez vezes pelo Exército israelita entre 1987 e 2020, sendo acusado de pertencer ao Hamas. Passou, no total, mais de cinco anos na prisão e agora trabalha na construção. Durante a segunda Intifada, o Exército israelita atacou o acampamento de Jenin no âmbito daquilo que foi designado como Operação Escudo Defensivo. Em Abril de 2002, o Exército israelita cercou o acampamento, cortou-lhe a água, o acesso a alimentos e a electricidade, impedindo ainda a entrada de pessoal médico antes de o bombardear com aviões F-16 e artilharia. A operação provocou a morte de dezenas de palestinianos e a destruição de dezenas de casas, além de milhares de deslocados, tornando-se um símbolo importante da opressão israelita e da resistência palestiniana. Durante a invasão, Joma'a Abu Jabal estava a guardar comida e a distribuí-la aos residentes no acampamento quando um soldado israelita o atingiu na perna com uma bala explosiva que lhe desfez a rótula. Manteve-se escondido numa casa abandonada quatro dias, com as feridas a sangrarem, para evitar ser preso. No entanto, quando os militares israelitas invadiram o acampamento, levaram-no detido e mantiveram-no na cadeia seis meses. «Levaram-me para a prisão, onde me deixaram a sangrar até o pé ficar infectado. Submeteram-se a interrogatórios e torturas batendo-me no pé ferido», disse. «Internaram-me num hospital, onde me amputaram a perna sem minha autorização», acrescentou. Nessa mesma invasão, Jamal Zubaidi, de 65 anos, ficou encurralado em sua casa com 14 membros da sua família. A casa já tinha sido demolida na primeira Intifada. «Os aviões israelitas bombardearam a nossa casa com três mísseis, transformando-a em escombros pela segunda vez, mas sobrevivemos milagrosamente», disse. Embora a família de Zubaidi tenha sobrevivido ao bombardeamento, a operação foi devastadora noutros aspectos. A sua mãe, Sameera, foi morta a tiro pelas tropas israelitas pouco antes da invasão, em Março. E mataram o seu irmão Taha no mês seguinte, revelou. A sua casa seria parcialmente demolida pela terceira vez em 2004, quando as tropas israelitas andavam à procura do seu irmão Zakariyya. Figura conhecida da resistência e ex-comandante das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, Zakariyya foi um dos seis prisioneiros que escaparam da prisão de Gilboa, em Israel, no início deste mês, antes de ser capturado. Estava na cadeia desde 2019, acusado de participar em actividades armadas contra Israel, anos depois de aceitar baixar as armas, em 2007. Três outros irmãos de Zubaidi também estão da cadeia por participarem nas actividades da resistência, principalmente em grupos ligados à Fatah: Yahya há 17 anos, Jibreel há 13 e Dawood há 20. Hoje, o acampamento de Jenin é ainda um dos focos de resistência contra a ocupação israelita, e um local pouco comum, onde existe unidade entre todas as facções palestinianas, incluindo a Fatah e o Hamas. «Estamos unidos na luta, e a divisão não é tanto entre as facções da resistência como entre a resistência e os inimigos da resistência», disse Abu-Jabal. «Mas havemos de ultrapassar isso.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tudo isto ocorre num contexto de provocações e ataques constantes por parte dos colonos israelitas contra a população palestiniana, com a conivência do Exército, em vários pontos da Cisjordânia ocupada. Igualmente no quadro da tensão crescente na Bab al-Amoud ou Porta de Damasco, em Jerusalém, onde há uma semana a Polícia reprime de forma brutal as concentrações dos palestinianos. «Não existe alternativa a uma solução negociada do conflito, com base no direito internacional e nas suas resoluções», insiste o governo da Autoridade Palestiniana, sublinhando que as imposições de Israel estão destinadas ao fracasso. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A operação em curso, que se estende a toda a Cisjordânia mas tem em Jenin o seu epicentro, segue-se ao ataque perpetrado na quinta-feira passada em Telavive por um palestiniano residente na cidade. Na sexta-feira, horas depois do ataque, Naftali Bennett afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra» e acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros referiu-se as estas declarações como uma «autorização oficial para praticar execuções extra-judiciais», numa «violação flagrante das normas do direito internacional». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Esta escalada segue-se às declarações do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennet, que na sexta-feira afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra», acrescentando que o Exército teria «total liberdade de acção», tal como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. As declarações de Bennet, após um ataque perpetrado por um palestiniano em Telavive, que provocou a morte a três israelitas e mais de uma dezena de feridos, foram classificadas pelo Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros como uma «autorização oficial para praticar execuções extra-judiciais», numa «violação flagrante das normas do direito internacional». O palestiniano que, na quinta-feira, realizou o ataque numa zona nocturna de Telavive, residia em Jenin, no Norte da Cisjordânia. Desde então, a cidade tem sido alvo de raides sucessivos por parte das forças de ocupação. Segundo refere a Al Mayadeen, têm-se registado intensos confrontos em vários bairros da cidade, com grupos da resistência a fazerem frente às forças especiais israelitas, que usam carros com matrículas palestinianas e colocam franco-atiradores no cimo de diversas casas. No âmbito da ofensiva de larga escala levada a cabo pelas forças de ocupação em toda a Margem Ocidental, pelo menos 40 palestinianos foram presos entre domingo à noite e esta manhã. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De domingo para segunda-feira, as forças israelitas prenderam 23 palestinianos, segundo refere a WAFA, incluindo cinco em Jerusalém, nas imediações da Mesquita de al-Aqsa e da Bab al-Amoud (Porta de Damasco), onde a Polícia israelita tem reprimido com grande violência as concentrações de palestinianos. Nesta última madrugada, refere a mesma fonte, as forças de ocupação prenderam 17 palestinianos na Margem Ocidental, mantendo a operação repressiva. Quatro foram detidos em Jenin e outros tantos em Nablus; em Belém, foram presos dois, tal como em al-Khalil (Hebron) e Tulkarem, havendo ainda registo de detenções em Tubas e Salfit. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Um outro palestiniano ficou ferido depois de ser atropelado por uma viatura militar israelita, acrescentou. Esta manhã, as forças de ocupação invadiram zonas na cidade de Nablus e várias aldeias vizinhas, como Beita, al-Lubban al-Sharqiya e Urif, onde prenderam vários jovens. Em Beita, dezenas de soldados entraram de madrugada em cerca de vinte casas e usaram fogo real contra as pessoas que protestavam contra o raide, provocando seis feridos, indicou o autarca da localidade, Mahmoud Barham. Ontem à noite, registaram-se confrontos com as forças de ocupação a norte de Ramallah, em al-Khalil (Hebron), al-Khader (a sul de Belém) e na zona de al-Tal da Cidade Velha de Jerusalém, com as forças israelitas a usarem balas de borracha, gás lacrimogéneo e granadas atordoantes contra os manifestantes. Há registo de vários feridos, alguns dos quais tiveram de ser hospitalizados. Em Beit Ummar, a norte de al-Khalil, realizou-se uma manifestação solidária com a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados, que há vários dias é alvo de raides por parte das forças de ocupação. Os militares israelitas atacaram os manifestantes com gás lacrimogéneo e granadas atordoantes, e seguiram-se fortes confrontos. Nos últimos dias, as tropas israelitas intensificaram as incursões na Cisjordânia ocupada, tendo matado cinco palestinianos desde o fim-de-semana. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O rapaz foi atingido a tiro durante confrontos com os militares israelitas, depois de estes terem cercado a localidade e vedado os acessos a ela. O autarca de Husan, Mohammad Sabatin, disse à WAFA que, ao saberem da morte de Hamamra, os habitantes se revoltaram ainda mais e os confrontos se intensificaram. Pelo menos quatro pessoas foram feridas com fogo real e dezenas sofreram de asfixia por inalação de gás lacrimogéneo. Em Silwad, ontem à noite registaram-se fortes confrontos nas ruas, depois de as forças israelitas entrarem na localidade, junto a Ramallah, com grande violência, recorrendo a fogo real e gás lacrimogéneo. O Ministério palestiniano da Saúde confirmou a existência de uma vítima mortal dos disparos israelitas, identificada como Omar Elayan, de 20 anos, e de pelo menos 11 feridos, alguns dos quais tiveram de ser hospitalizados. Os soldados prenderam ali três pessoas, indica a WAFA, que dá conta de outras 14 detenções ao longo do dia. A estas há que juntar as 17 verificadas durante a madrugada de terça para quarta-feira. Já hoje, a agência refere que foram presos 33 palestinianos durante a madrugada, em vários pontos da Cisjordânia. Neste sentido, os palestinianos falam em «onda» de detenções e raides em grande escala. A tensão na Cisjordânia ocupada tem vindo a aumentar desde o início do mês do Ramadão, com a Polícia israelita a reprimir de forma violenta as concentrações de palestinianos na zona de Bab al-Amoud (Porta de Damasco), em Jerusalém Oriental ocupada. O Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros afirmou que o executivo de Naftali Bennett é «inteira e directamente» responsável pela escalada de violência na Margem Ocidental ocupada. «A escalada israelita é uma tentativa de substituir a solução política negociada para o conflito por outras soluções […], que reflectem a negação de Israel dos direitos do povo palestiniano, o principal dos quais é o seu direito à autodeterminação», declarou este sábado o ministério, num comunicado citado pela WAFA. A declaração seguiu-se à incursão dos militares israelitas no campo de refugiados de Jenin, à qual os palestinianos responderam. No decorrer dos confrontos, as forças de ocupação mataram um palestiniano e feriram outros 13, segundo referiu o Ministério palestiniano da Saúde. As autoridades sanitárias informaram que o jovem assassinado, identificado como Ahmad Saadi, foi atingido com tiros no peito e na cabeça, falecendo de imediato. Dois dos feridos foram igualmente atingidos com fogo real e tiveram de ser submetidos a intervenções cirúrgicas. Na noite de terça-feira e madrugada de quarta, as forças israelitas de ocupação prenderam 22 palestinianos em vários pontos da Margem Ocidental, incluindo na Porta de Damasco, em Jerusalém Oriental. Fontes oficiais comunicaram à agência WAFA que 12 pessoas foram detidas nas imediações de Bab al-Amoud, também conhecida como Porta de Damasco, à entrada da Cidade Velha de Jerusalém. Desde o início do mês do Ramadão, milhares de palestinianos concentram-se ali e a Polícia israelita, fortemente armada, recorre a balas de aço revestidas de borracha, granadas atordoantes e bastões para os dispersar. Além disso, veda o acesso a várias ruas das imediações e acossa os transeuntes, por vezes espancando-os com grande violência, gerando confrontos repetidos. A WAFA refere que, no Bairro de Beit Hanina, também em Jerusalém, foram presos outros dois palestinianos, Partindo de um relatório recente sobre a questão, um jornalista do Activestills aborda as invasões das casas de palestinianos pelo Exército israelita, a sua natureza arbitrária e os danos psicológicos que geram. Oren Ziv, fotojornalista e membro fundador do colectivo de fotografia Activestills, conta que há cerca de uma década se juntou a activistas israelitas na aldeia palestiniana de Asira al-Qibliya, na Margem Ocidental ocupada, localizada perto de Yitzhar, um posto avançado militar israelita que se viria a tornar um colonato nos anos 80. «Chegámos poucas horas depois de os colonos terem assaltado a aldeia, atacado os residentes palestinianos e vandalizado as suas propriedades. Temendo que os colonos pudessem regressar, alguns residentes pediram-nos que ficássemos durante a noite», relata. Os colonos não voltaram, mas, perto das duas da manhã, soldados israelitas invadiram a aldeia, avançando de uma casa para outra. «Acordámos com o som de batidas fortes na porta de metal da casa em que estávamos. Os soldados, que se mostraram surpreendidos ao encontrar israelitas numa aldeia palestiniana, juntaram-nos a todos, incluindo crianças, no jardim e realizaram um "interrogatório" rápido a cada pessoa», conta. «ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento» Os soldados foram «misericordiosos» com aquela família palestiniana, mas na casa ao lado reviraram tudo e tiraram de lá todos os pertences. «Cerca de uma hora depois, os soldados voltaram para os jipes militares e desapareceram na noite. Não apresentaram qualquer mandado de busca, nem deram qualquer explicação para o raide», diz Ziv. Estas invasões militares de casas, que estão associadas à violência da ocupação de Israel, foram o tema de um estudo publicado recentemente, no final de Novembro, pelas organizações de direitos humanos Yesh Din, Breaking the Silence e Physicians for Human Rights-Israel (PHRI). O relatório centra-se nos efeitos que estas operações têm na saúde mental dos palestinianos e no modo como, para lá dos objectivos declarados pelo Exército israelita, estas invasões se tornaram em si mesmas um objectivo. O jornalista denuncia que, ao não existir um procedimento oficial para as buscas domiciliárias na Cisjordânia ocupada, isto significa que, para o Exército israelita, qualquer casa palestiniana é um alvo legítimo a dado momento. O estudo, intitulado «Uma vida exposta: invasões militares de casas palestinianas na Cisjordânia», baseia-se em 158 testemunhos de palestinianos cujas casas foram invadidas nos últimos anos; 31 entrevistas realizadas a famílias palestinianas afectadas, por especialistas na área da Saúde; e entrevistas a 40 soldados israelitas e cinco oficiais que participaram nestas operações. «"Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas"» Em 88% dos casos documentados no estudo, as famílias palestinianas afirmaram que os soldados as obrigaram a juntar-se numa só divisão, ou separaram os seus membros por diversas divisões, onde os mantiveram sob vigilância. Em 30% das invasões referidas, os palestinianos informaram que os soldados os ameaçaram com violência, e em 25% dos casos os palestinianos disseram que os soldados recorreram à força ou violência física contra um membro da família. Das famílias entrevistadas, 64% disseram que as suas casas foram invadidas mais que uma vez. Das invasões registadas, 88% tiveram lugar entre a meia-noite e as cinco da manhã. «As invasões militares a casas palestinianas [na Cisjordânia ocupada] são das operações mais comuns e rotineiras sob a ocupação israelita», disse Ziv Stahl, directora do departamento de investigação da Yesh Din, que também trabalhou no relatório. «Embora os israelitas tenham menos conhecimento deste fenómeno do que dos postos de controlo ou das demolições de casas, muitos palestinianos nascem e crescem numa realidade em que os soldados armados assaltam habitualmente as suas casas», continuou. «É um instrumento violento e repressivo que se tornou fundamental para o mecanismo de controlo de Israel sobre os palestinianos», disse. Os objectivos declarados destas invasões militares são realizar buscas, detenções ou recolher informação (mapping), mas os testemunhos registados descrevem uma realidade muito diferente. De acordo com as declarações dos soldados, o objectivo implícito destas operações é o que se descreve em coloquialismo militar como «demonstração de força» e «criar um sentido de perseguição». Visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação. «[estas operações] visam dissuadir as pessoas, comunidades inteiras, de participar em actividades políticas que se opõem à ocupação» Um sargento israelita disse à Breaking the Silence que o «propósito principal é a dissuasão», sublinhando que a ideia é mostrar que o Exército israelita «está ali» e «pode entrar na sua casa a qualquer momento». Ao ser questionado se entravam em casas ao acaso, o soldado disse: «Absolutamente, é completamente um [jogo de] um-dó-li-tá». Um dos pontos centrais do estudo é que, com base na lei militar, não há mandados judiciais nestas invasões, o que significa que também não estão sujeitas a qualquer revisão ou escrutínio judicial. Qualquer oficial ou soldado por ele autorizado têm o poder de ordenar uma invasão de uma casa na Cisjordânia ocupada. Em Março, a Yesh Din, a PHRI e seis famílias palestinianas solicitaram ao Tribunal Superior de Israel que os militares cessassem as invasões e as buscas em casas palestinianas sem mandado judicial, excepto em casos urgentes. O tribunal decretou que deve ser o Estado a determinar se pode revelar os seus procedimentos confidenciais sobre invasões domiciliárias. O propósito da petição é obrigar Israel a criar um mecanismo através do qual se possam autorizar as buscas domiciliários, refere Michael Sfard, assessor legal da Yesh Din e da Breaking the Silence. «Mesmo que seja apenas uma formalidade, o facto de haver um processo burocrático já é um avanço», explica. «Ocasionalmente, haverá um juiz que levará este proceso a sério», frisa. O relatório também examina o impacto psicológico dos raides israelitas nos palestinianos. Os adultos cujas casas foram invadidas reportam sintomas de perturbação de stress pós-traumático e ansiedade, incluindo perturbações do sono e hiperactividade. Por seu lado, as crianças e os adolescentes mostram maior dependência dos pais e um comportamento agressivo, além dos sintomas revelados pelos adultos, revela o texto. «"os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso [...] As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo"» «Não consigo adormecer antes da 1h ou 2h», diz RS, uma mulher da cidade de Sinjil, no Norte da Cisjordânia ocupada, citada no relatório. «Começo a ruminar e, mal ouço um barulho, espero os militares», acrescenta. «Às vezes, não muitas, sonho que eles vêm para levar o meu marido e que ele foge. Agora, fico a pensar até às 2h30 – 3h, e depois acalmo um pouco, assim que passa o tempo em que eles são esperados», diz. De acordo com Jomanah Milham, psiquiatra e voluntária da PHRI, «as invasões militares de casas, habitualmente acompanhadas por violência verbal ou física, são uma experiência ameaçadora e podem causar perturbação de stress pós-traumático». Ela refere que os sintomas desta perturbação podem incluir flashbacks, pesadelos, perturbações do sono e estado de alerta excessivo. «se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado» «As conclusões [do estudo] são consistentes com as de muitos outros estudos, que mostram que os palestinianos estão a viver um trauma colectivo como resultado da ocupação em curso», acrescenta Milham. «As consequências negativas para a saúde mental estão entre as mais altas do mundo», sublinha. De acordo com o relatório, se os palestinianos apresentam uma queixa, o aparelho interno do Exército israelita justifica retroactivamente os danos à propriedade causados durante as buscas domiciliárias. Portanto, as investigações sobre vandalismo são encerradas sem que um só soldado seja julgado, e a procuradoria militar rejeita a queixa sem abrir qualquer investigação penal. O relatório revela que todas as queixas apresentadas pelos palestinianos desde 2008 – com a ajuda da Yesh Din – relativas a danos à propriedade foram arquivadas sem que tenha havido qualquer acusação. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No Sul da Cisjordânia ocupada, registaram-se várias incursões no distrito de Hebron e três palestinianos foram detidos. No distrito de Nablus, a agência confirma a existência de um raide levado a cabo pelas forças israelitas, no âmbito do qual foi detido um palestiniano. A sul da cidade de Qalqiliya, os soldados prenderam um menor, de 15 anos de idade, informa a mesma fonte, dando conta de vários raides no distrito de Jenin e da detenção de três ex-presos. As forças israelitas levam a cabo estas operações de busca e captura num registo praticamente diário, quase sempre de madrugada. Alegando que «procuram» palestinianos, invadem as casas sem mandado de detenção onde e sempre que lhes apetece. São frequentes os confrontos com os residentes palestinianos, os mais de três milhões que vivem na Margem Ocidental ocupada e que, lembra a WAFA, ficam completamente à mercê da autoridade militar que lhes é imposta pelos comandantes israelitas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O raide levado a cabo pelos militares israelitas este sábado contra a cidade de Jenin e o seu campo de refugiados visou sobretudo a residência da família de Raed Hazem, palestiniano que na quinta-feira passada atacou e matou três israelitas e feriu mais de uma dezena em Telavive. Hazem foi morto a tiro pelas forças israelitas, perto de Jaffa, horas depois de ter realizado o ataque em Telavive. Ainda assim, os militares cercaram a casa dos familiares de Raed Hazem e intimaram-nos a sair e a entregar-se, segundo revelaram testemunhas à WAFA. A mesma fonte refere que não estava ninguém em casa e que elementos do Exército começaram a tomar medidas para levar a cabo a demolição do edifício, seguindo o procedimento habitual da «punição colectiva» contra os familiares de atacantes. Na sexta-feira, horas depois do ataque em Telavive, o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, afirmou que «não há e não haverá limites para esta guerra». Igualmente em tom inflamado, refere a PressTV, acrescentou que o Exército teria «total liberdade de acção», assim como o Shin Bet (serviço de segurança interna israelita) e as restantes forças de segurança. Vários habitantes desfiam memórias de resistência na cidade, onde histórias familiares e revolução andam de mãos dadas – a terra esteve na luta muito antes de seis palestinianos terem saído de uma prisão de alta segurança escavando um túnel com colheres. Desde a invasão do exército de Napoleão Bonaparte até aos tiroteios recentes entre jovens armados locais e as forças de ocupação israelita, os habitantes da cidade do Norte da Cisjordânia falam com orgulho do seu histórico desafio. «Cresci a ouvir a história heróica do meu tio-avô, Farhan al-Saadi e [Izz al-Din] al-Qassam, que espalharam as sementes da resistência e inspiraram a geração seguinte em Jenin, incluindo eu», disse Bassam al-Saadi, agora com 61 anos, ao jornalista Fareed Taamallah, do Middle East Eye (MEE). Tal como as lembranças de Saadi, as histórias familiares que os residentes mais velhos partilham desenham um longo legado de luta contra a opressão e a ocupação que persiste na actualidade. Jenin encontra-se na base das colinas escarpadas de Nablus, as Jabal an-Nar ou «as montanhas de fogo», como foram chamadas depois de os seus habitantes terem incendiado olivais e florestas para travar o avanço dos soldados franceses em 1799. Quando os franceses ganharam a batalha, Napoleão ordenou aos seus soldados que queimassem e saqueassem Jenin, como represália pela ajuda aos otomanos. Mais de um século passado, em Setembro de 1918, Jenin foi capturada por aliados britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial, ficando sob domínio das autoridades do Mandato Britânico, tal como o resto da Palestina. Foi neste período, em 1935, que Izz al-Din al-Qassam, um pregador muçulmano e «dirigente» social, organizou a primeira resistência armada palestiniana contra os britânicos na região de Jenin. Em 1936, Jenin era um centro da rebelião contra as autoridades britânicas, liderada pelo amigo de Qassam, e tio-avô de Bassam al-Saadi, Farhan al-Saadi. Este, natural de uma aldeia próxima de Jenin, participou em manifestações contra os britânicos e no levantamento de al-Buraq, em 1929, que foi um confronto entre muçulmanos e judeus pelo acesso a um lugar sagrado em Jerusalém e que alastrou a todo o país. Os dois homens tinham-se conhecido anos antes de que as autoridades britânicas metessem na cadeia Farhan al-Saadi, entre 1929 e 1932. «A minha mãe disse-me que viu al-Qassam visitar o meu tio-avô na sua casa, na aldeia de Almazar», disse Saadi ao MEE. «Mas quando saiu da prisão, juntou-se a al-Qassam, que encontrou entre os camponeses de Jenin uma incubadora popular para a sua revolução», referiu. Meses antes do início da revolta árabe contra o Mandato Britânico, que apelava à independência palestiniana e ao fim da imigração judaica sem limites, al-Qassam foi morto num tiroteio com a polícia colonial britânica. Mas Farhan al-Saadi continuou. No dia 15 de Abril de 1936, o seu grupo fez uma emboscada a um autocarro na estrada Nablus – Tulkarem, perto de Jenin. Dois passageiros judeus foram mortos como vingança pela matança de palestinianos por organizações judaicas, um incidente visto como o ponto de partida da revolta. Bassam al-Saadi disse que a sua mãe era uma adolescente quando o seu tio-avô foi preso na casa da sua família, em 1937. Foi executado em Novembro desse ano, com 75 anos, mas a rebelião em Jenin continuou. Em 1938, um dia depois de um alto comandante britânico ter sido assassinado no seu gabinete em Jenin, uma grande força britânica entrou na cidade com explosivos e dinamite, fazendo explodir aproximadamente um quarto da urbe. A revolta terminou em 1939, quando os funcionários do Mandato Britânico emitiram um livro branco com a promessa de travar a imigração judaica para a Palestina, já com a maior parte dos líderes revolucionários palestinianos assassinados ou presos. Em 1948, depois de Israel ter declarado a independência e milhares de palestinianos terem sido assassinados ou expulsos de suas casas, por grupos paramilitares judaicos, o Exército israelita ocupou brevemente Jenin. A cidade podia ter tido a mesma sorte que a cidade vizinha de Haifa, que foi ocupada por Israel e cujos residentes árabes foram expulsos. A maior parte dos residentes de Jenin viu-se obrigada a fugir, sob o intenso bombardeamento da sua cidade. Mas, em vez de ser ocupada, Jenin foi defendida pelo Exército iraquiano e por voluntários palestinianos, incluindo Mohammad Qasrawi, da aldeia de Burqin, perto de Jenin. Agora, com 96 anos, Qasrawi falou sobre a «grande batalha» entre o Exército iraquiano e a milícia judaica. «Muita gente morreu, incluindo três amigos meus, que enterrámos com os mártires iraquianos no cemitério de Al-Shuhada, mas ganhámos a batalha e derrotámos os bandos», disse. Em 1949, Jenin ficou sob domínio jordano e, no início dos anos 50, foi criado o campo de Jenin, para albergar os palestinianos deslocados que haviam sido expulsos durante a guerra de 1948 entre Israel e os países árabes. O campo, localizado nos arrabaldes ocidentais de Jenin, tornou-se mais tarde um bastião da resistência à ocupação israelita. Khadra Abu Sariyyi, de 84 anos, lembra-se de quando as milícias sionistas destruíram a aldeia de Zare'en, sua terra natal, forçando a sua família a viver como refugiados no acampamento de Jenin. «Construímos uma casa de pedra e lama», disse, falando num acampamento onde ainda vive e onde a casa da sua família foi demolida duas vezes. «O meu irmão Hassan, que foi um dos revoltosos contra os britânicos e se envolveu na revolução, foi morto a tiro, em 1969, por militares israelitas, que depois levaram o seu corpo», disse. Nunca foi devolvido à família. Até hoje, não sabem onde está enterrado. Bassam al-Saadi também se lembra do tempo que passou no acampamento de Jenin, depois de os seus pais terem fugido da aldeia de Almazar, também arrasada por milícias judaicas, quando conta as histórias do seu tio-avô e de Qassam. Jenin caiu sob domínio israelita depois da guerra de 1967, o que levou muitos jovens locais, como Jamal Zobaidi, a juntar-se à resistência contra a ocupação. Zobaidi, agora com 65 anos, disse que ele e a sua família, juntamente com muitos outros palestinianos, fugiram do acampamento de Jenin para as montanhas durante a guerra, para escapar aos bombardeamentos contínuos. «A sua esperança era voltar às suas aldeias, mas, em vez disso, acabaram por regressar ao acampamento», disse Zobaidi, que lutou contra a ocupação palestiniana com recurso a actividades pacíficas nas décadas de 1970 e 1980. Foi preso seis meses sem acusações ou julgamento em 1987. A sua casa, disse, foi uma de várias que que o Exército israelita demoliu como punição colectiva. Em Dezembro de 1987, quando rebentaram os protestos contra a ocupação israelita na Cisjordânia e em Gaza, os habitantes de Jenin resistiram. Joma'a Abu Jabal, de 54 anos, nascido no acampamento de Jenin depois de a sua família ter sido expulsa de Lid al-Awadeen, uma terra perto de Haifa onde viviam em 1948, lembra-se bem. «O Exército israelita com jipes blindados não conseguiu invadir o acampamento durante 60 dias devido à feroz resistência», disse ao MEE. O irmão de Abu Jabal, Isam, foi morto a tiro por um franco-atirador israelita, quando o Exército acabou por entrar no campo, em Fevereiro de 1988. Abu Jabal foi preso mais de dez vezes pelo Exército israelita entre 1987 e 2020, sendo acusado de pertencer ao Hamas. Passou, no total, mais de cinco anos na prisão e agora trabalha na construção. Durante a segunda Intifada, o Exército israelita atacou o acampamento de Jenin no âmbito daquilo que foi designado como Operação Escudo Defensivo. Em Abril de 2002, o Exército israelita cercou o acampamento, cortou-lhe a água, o acesso a alimentos e a electricidade, impedindo ainda a entrada de pessoal médico antes de o bombardear com aviões F-16 e artilharia. A operação provocou a morte de dezenas de palestinianos e a destruição de dezenas de casas, além de milhares de deslocados, tornando-se um símbolo importante da opressão israelita e da resistência palestiniana. Durante a invasão, Joma'a Abu Jabal estava a guardar comida e a distribuí-la aos residentes no acampamento quando um soldado israelita o atingiu na perna com uma bala explosiva que lhe desfez a rótula. Manteve-se escondido numa casa abandonada quatro dias, com as feridas a sangrarem, para evitar ser preso. No entanto, quando os militares israelitas invadiram o acampamento, levaram-no detido e mantiveram-no na cadeia seis meses. «Levaram-me para a prisão, onde me deixaram a sangrar até o pé ficar infectado. Submeteram-se a interrogatórios e torturas batendo-me no pé ferido», disse. «Internaram-me num hospital, onde me amputaram a perna sem minha autorização», acrescentou. Nessa mesma invasão, Jamal Zubaidi, de 65 anos, ficou encurralado em sua casa com 14 membros da sua família. A casa já tinha sido demolida na primeira Intifada. «Os aviões israelitas bombardearam a nossa casa com três mísseis, transformando-a em escombros pela segunda vez, mas sobrevivemos milagrosamente», disse. Embora a família de Zubaidi tenha sobrevivido ao bombardeamento, a operação foi devastadora noutros aspectos. A sua mãe, Sameera, foi morta a tiro pelas tropas israelitas pouco antes da invasão, em Março. E mataram o seu irmão Taha no mês seguinte, revelou. A sua casa seria parcialmente demolida pela terceira vez em 2004, quando as tropas israelitas andavam à procura do seu irmão Zakariyya. Figura conhecida da resistência e ex-comandante das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, Zakariyya foi um dos seis prisioneiros que escaparam da prisão de Gilboa, em Israel, no início deste mês, antes de ser capturado. Estava na cadeia desde 2019, acusado de participar em actividades armadas contra Israel, anos depois de aceitar baixar as armas, em 2007. Três outros irmãos de Zubaidi também estão da cadeia por participarem nas actividades da resistência, principalmente em grupos ligados à Fatah: Yahya há 17 anos, Jibreel há 13 e Dawood há 20. Hoje, o acampamento de Jenin é ainda um dos focos de resistência contra a ocupação israelita, e um local pouco comum, onde existe unidade entre todas as facções palestinianas, incluindo a Fatah e o Hamas. «Estamos unidos na luta, e a divisão não é tanto entre as facções da resistência como entre a resistência e os inimigos da resistência», disse Abu-Jabal. «Mas havemos de ultrapassar isso.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tudo isto ocorre num contexto de provocações e ataques constantes por parte dos colonos israelitas contra a população palestiniana, com a conivência do Exército, em vários pontos da Cisjordânia ocupada. Igualmente no quadro da tensão crescente na Bab al-Amoud ou Porta de Damasco, em Jerusalém, onde há uma semana a Polícia reprime de forma brutal as concentrações dos palestinianos. «Não existe alternativa a uma solução negociada do conflito, com base no direito internacional e nas suas resoluções», insiste o governo da Autoridade Palestiniana, sublinhando que as imposições de Israel estão destinadas ao fracasso. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Entretanto, as várias facções da resistência têm lançado avisos repetidos de que poderão responder a esta violência, num contexto que faz lembrar o de Abril/Maio do ano passado. Ontem, as facções palestinianas em Gaza declararam uma «mobilização popular geral» em todas as localidades onde haja palestinianos, tanto «na diáspora como nos territórios ocupados», informa a Al Mayadeen. Em comunicado, afirmaram que decidiram manter o gabinete conjunto de operações em sessão permanente «para seguir os desenvolvimentos e tomar as medidas necessárias», acrescenta a fonte. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
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Referindo-se a este domingo, o MPPM afirma que as forças de ocupação israelitas voltaram a invadir a mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, onde «atacaram, feriram e prenderam dezenas de fiéis», com o propósito de garantir a entrada de mais de 500 colonos extremistas israelitas, que ali «pretendiam fazer as suas orações talmúdicas, em violação dos acordos de status quo sobre a prática religiosa no local».
Tratou-se da segunda incursão violenta das forças de ocupação em menos de 48 horas, depois de, na sexta-feira, terem invadido «o local sagrado» e atacado «brutalmente os fiéis que estavam reunidos para realizar a oração de Al-Fajr, ferindo cerca de 153 e prendendo 400», denuncia o texto.
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