O portal nuevarevolcion.es descreve a iniciativa deste fim-de-semana em Valência como um «acto de resistência e solidariedade» da parte de activistas e estivadores, que frustraram o itinerário do Cosco Pisces – navio com escala prevista em Valência a 7 de Agosto.
O navio transportava cinco contentores com aço para o Porto de Haifa (territórios ocupados em 1948), que se destinava à empresa israelita de armamento IMI Systems, filial da Elbit Systems e fornecedora das tropas israelitas, revela a fonte.
A Rede Solidária contra a Ocupação da Palestina (Rescop) e a Campanha Fim ao Comércio de Armas com Israel denunciaram em várias ocasiões a utilização de portos no Estado espanhol – como os de Valência, Barcelona, Algeciras e Las Palmas – como «nós logísticos» para o fornecimento de armas e material militar a Israel.
A acção em Valência enquadra-se num contexto de oposição crescente, a nível mundial, ao comércio de armas com Israel, destaca o portal, lembrando que esta «vitória parcial» contra o comércio de armas e um exército que «está a cometer um genocídio na Faixa de Gaza» não foi um acto isolado.
Pelo contrário, resulta de «uma acção coordenada entre activistas, sindicatos e movimentos sociais». «Inspirados por precedentes internacionais, como os protestos de estivadores em Marselha, Génova e no Pireu», os colectivos valencianos organizaram-se para acompanhar e bloquear a actividade de navios envolvidos no comércio militar, tendo conseguido, neste caso, que as autoridades portuárias e a empresa marítima reconsiderassem a escala do navio.
Vitória em Itália e mais lutas nos portos do Mediterrâneo
No final do mês passado, o sindicato italiano USB e a publicação Shipping Italy informaram que a empresa Evergreen, associada ao Cosco Pisces, se tinha comprometido a não descarregar os contentores nos portos de La Spezia e Génova, optando por devolvê-los à sua origem.
A Unione Sindacale di Base (USB) celebrou a decisão como uma «vitória significativa» contra o comércio de armas nos portos italianos e como um resultado da mobilização dos estivadores genoveses e da rede internacional de solidariedade.
O caso do Cosco Pisces em portos do Mediterrâneo vem juntar-se a vários outros que configuram um movimento internacional de resistência portuária, nomeadamente em França, em Itália, na Grécia e no Estado espanhol – onde se têm multiplicado as iniciativas a exigir a inspecção das cargas e em prol de um embargo total de armas a Israel.
No âmbito espanhol, persistem as denúncias contra a utilização dos portos como pontos de apoio e passagem do material militar, e, nesse sentido, a Rescop exige a criação de «protocolos transparentes» com vista à proibição de navios envolvidos no comércio de armas, bem como a publicação das cargas e das rotas dos navios.
Em causa, sublinha, está também a transparência e fiabilidade dos dados relativos ao comércio de armas, tendo em conta que as declarações oficiais de certos governos sobre a suspensão do comércio de armas com Israel não batem certo com investigações subsequentes.
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