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Estivadores franceses recusaram-se a carregar contentor com armas para Israel

Trabalhadores do Porto de Marselha-Fos, no Sul de França, recusaram-se carregar um contentor com material militar destinado a Israel, não querendo participar no «genocídio em curso orquestrado» pelos sionistas.

De acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira por um sindicato de estivadores filiado na Confederação Geral do Trabalho (CGT), os trabalhadores foram alertados por diversas redes para a presença de um contentor com 19 caixas de material militar fabricado pela empresa marselhesa Eurolinks, que se destinava ao porto de Haifa (nos territórios da Palestina ocupados em 1948, actual Estado de Israel).

Tratavam-se de peças de substituição para espingardas utilizadas pelo exército israelita, que foram identificadas e retiradas pelos trabalhadores após notificação à empresa e às autoridades competentes, refere o portal nuevarevolcion.es.

«O porto de Marselha-Fos não deve ser utilizado para alimentar o exército israelita», declarara o comunicado da estrutura sindical, que sublinha o compromisso com a paz e a oposição ao massacre do povo palestiniano.

A decisão dos estivadores teve lugar após a revelação, pelo portal de jornalismo de investigação Disclose, do envio de 14 toneladas de material de Fos-sur-Mer para Israel.

O carregamento, encomendado pela Israel Military Industries (IMI), subsidiária da Elbit Systems (um dos principais fabricantes de armas de Israel), é o terceiro a sair do porto francês com destino a Haifa em 2025.

Os anteriores – revela o Disclose – foram realizados a 3 de Abril e 22 de Maio, tendo incluído toneladas de material, nomeadamente peças para metralhadoras pesadas que as forças de ocupação sionistas utilizam na Faixa de Gaza.

Solidariedade com a Palestina

Não é a primeira vez que os estivadores de Marselha-Fos adoptam uma atitude semelhante face a carregamentos de material militar – em Maio de 2019, os trabalhadores filiados no mesmo sindicato afecto à CGT recusaram-se a carregar um navio saudita com armas francesas destinadas ao país árabe, com o argumento de que não iriam participar em guerras que provocam vítimas civis.

No que diz respeito à Palestina, a acção desta quarta-feira insere-se num movimento de solidariedade mais geral dos trabalhadores portuários, especialmente no contexto da actual ofensiva de limpeza étnica em Gaza, onde as forças de ocupação mataram mais de 54 600 pessoas (na sua maioria mulheres e crianças) desde Outubro de 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde em Gaza.

No comunicado, o sindicato filiado na CGT defende a paz entre os povos e a oposição às guerras. «Deploramos todos estes conflitos armados que causam a morte, a miséria e o êxodo das populações», afirma o texto.

«Não participaremos no genocídio em curso orquestrado pelo governo israelita», esclarece.

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