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Trabalhadores portuários de Génova contra navios de guerra para Israel

Os trabalhadores manifestaram-se contra a logística da guerra, em Génova, e anunciaram uma greve para 5 de Agosto, no âmbito da campanha «O trabalho repudia a guerra», dinamizada pela USB.

Trabalhadores portuários de Génova durante uma acção de solidariedade com a Palestina Créditos / USB Facebook

No seu portal, a Unione Sindacale di Base (USB) anunciou este domingo que os trabalhadores portuários de Génova, no Norte de Itália, se preparam para uma jornada de greve de 24 horas no próximo dia 5 de Agosto, «depois de terem recebido informações sobre o transporte de material de guerra em três contentores da empresa Evergreen a bordo do navio Cosco Pisces».

A confirmação, prossegue a organização sindical, chegou da parte dos estivadores no Porto do Pireu, na Grécia, no âmbito da rede de solidariedade internacional que há meses se opõe ao tráfico de armas nos portos do Mediterrâneo.

«Travar a logística de guerra é […] não só uma escolha política e moral, mas também um direito» consagrado na lei, sublinha a USB, ao informar que a mensagem dos trabalhadores é clara: «não trabalharemos para a guerra.»

A medida de protesto, que se inicia às 22h de dia 4 e prossegue até às 21h59 do dia seguinte, «não é uma acção isolada», tendo em conta que, nos últimos meses, a USB multiplicou as iniciativas com vista a «romper a cadeia logística que alimenta conflitos e massacres».

Além disso, lembra o sindicato, a acção de luta integra-se numa frente internacional que une estivadores de França, Grécia, Alemanha e Norte de África, que, juntos, «já impediram o trânsito de navios e aviões carregados com armas com destino a zonas de guerra».

Não às armas para Israel, não à militarização dos portos

A greve agendada para 5 de Agosto segue-se ao protesto que teve lugar na capital da Ligúria na passada sexta-feira, em que trabalhadores portuários, activistas e população em geral se posicionaram contra o envio de armas para Israel, contra a transformação dos portos civis em infra-estruturas militares e os planos para tornar Génova um «ponto quente» da máquina de guerra da NATO.

Em declarações ao Peoples Dispatch, José Nivoi, um representante do CALP (Colectivo Autónomo dos Trabalhadores Portuários) indicou que o protesto contou com a participação de 150 pessoas, que debateram os planos para transformar o porto numa infra-estrutura militar de «dupla utilização».

O dirigente sindical lembrou a longa luta dos trabalhadores portuários genoveses contra o envolvimento do porto no comércio de armas, nomeadamente para a Arábia Saudita e Israel, bem como a relação mais profunda que estabeleceram com estivadores de outros portos mediterrânicos desde a mais recente ofensiva sionista contra a Faixa de Gaza cercada.

A este propósito, Nivoi disse que foi o alerta dos trabalhadores do Porto do Pireu que pôs os seus colegas italianos a par da chegada prevista a Génova do navio Cosco Pisces com material que se destina a Israel.

A USB avisou logo que, a confirmar-se a informação, seria convocada uma greve, tendo declarado que «os nossos portos têm de ser declarados fora de limites para navios provenientes de Israel ou que para lá se dirigem». «Juntamo-nos a esta luta pela paz, a civilização e contra o genocídio na Palestina», acrescentou a estrutura sindical.

Alerta para os riscos dos planos militaristas da UE e da NATO

Também em destaque, no protesto de sexta-feira, esteve a luta contra os planos europeus de rearmamento – no âmbito de uma campanha que a USB dinamiza há muito – e contra a possibilidade de classificação de determinadas infra-estruturas civis (incluindo as portuárias) como de «dupla utilização» (civil e militar), ao abrigo do militarismo crescente na Europa.

Como o Porto de Génova aparece elencado na lista de infra-estruturas de dupla utilização, tem crescido na cidade a contestação a essa possibilidade. Por isso, os presentes no protesto denunciaram a militarização crescente e os gastos cada vez maiores com material militar, no âmbito da União Europeia e da NATO.

Nivoi sublinhou que «existem riscos sérios» nesta situação, que mostra «até que ponto os dirigentes europeus estão prontos a ir na preparação para a guerra».

O rearmamento europeu e a chamada defesa comum «só vão trazer mais guerra e uma economia de guerra que irá asfixiar o país por dentro», alertou o Potere al Popolo a propósito do protesto, no qual se defendeu que, em vez da guerra, o governo italiano devia optar pelo investimento nos serviços públicos e nas despesas sociais.

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