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Riqueza dos multimilionários nos EUA cresceu exponencialmente com a pandemia

Os multimilionários dos EUA viram crescer a sua riqueza em 1,8 milhões de milhões de dólares durante a pandemia, o que «evidencia os defeitos do sistema económico e fiscal» do país, segundo um relatório.

Apenas 26% dos inquilinos afro-americanos disseram estar confiantes em poder continuar a pagar a renda
CréditosValerie Macon / CNBC

De acordo com a actualização recente do inequality.org, um projecto do Institute for Policy Studies (IPS), os multimilionários viram a sua fortuna colectiva aumentar de três milhões de milhões de dólares, no início da crise da Covid-19, em Março de 2020, para 4,8 milhões de milhões de dólares em Agosto de 2021, o que equivale a um crescimento de 62%.

O aumento da riqueza em tempos de pandemia dos mais ricos dos Estados Unidos, refere o relatório, daria para pagar mais de metade de um pacote orçamental que os democratas procuram fazer avançar para tornar a saúde, a habitação e a educação, entre outras coisas, mais acessíveis.

Só Elon Musk, director da SpaceX e da Tesla, viu aumentar a sua riqueza, desde Março de 2020, em 150 mil milhões de dólares – 612% em 17 meses – e destaca-se na lista dos 15 multilionários com maior riqueza, segundo dados da Forbes divulgados pelo inequality.org.

«Não só cresceu a riqueza dos multimilionários, mas também o número destes: em Março do ano passado havia 614 norte-americanos com contas bancárias de dez algarismos; neste Agosto, há 708», revela o informe.

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A pandemia é um bom negócio para os multimilionários nos Estados Unidos

Entre 18 de Março e 5 de Agosto, a riqueza total dos multimilionários norte-americanos aumentou 685 mil milhões de dólares, revelou a actualização do relatório emitido pelo organismo inequality.org.

Cartaz colado na baixa de Seattle, estado de Washington, EUA, pede a suspensão do pagamento de rendas, a 26 de Março de 2020. O desemprego disparou nos EUA devido ao encerramento de empresas causado pela actual pandemia e deixou na pobreza milhões de trabalhadores
CréditosEPA/STEPHEN BRASHEAR / LUSA

«A crise dupla – de saúde pública e económica – devastou a vida de milhões, mas, para uns quantos multimilionários, a pandemia foi um bom negócio nos Estados Unidos», destaca o diário Granma numa peça ontem publicada.

Segundo a actualização recente dos dados revelados pelo inequality.org, um projecto do Institute for Policy Studies (IPS), entre 18 de Março e os primeiros dias de Agosto, a riqueza total dos multimilionários norte-americanos (os que possuem fortunas superiores a mil milhões de dólares) cresceu 685 mil milhões de dólares.

O mesmo estudo refere que, actualmente, os multimilionários norte-americanos têm uma riqueza total acumulada de 3,65 milhões de milhões de dólares e que, no período referido, 467 multimilionários viram aumentar a sua riqueza nos EUA.

Entre os que mais beneficiaram nesta fase, contam-se Jeff Bezos (director-executivo da Amazon) com um aumento de riqueza líquida de 71 mil milhões; Mark Zuckerberg (co-fundador do Facebook), com um aumento de 38 mil milhões na sua fortuna pessoal; Elon Musk (director-executivo da Tesla e da SpaceX), com 46 mil milhões; e Bill Gates, com 14 mil milhões, enumera o Granma.


Nesse período, mais de cinco milhões de pessoas infectaram-se com a Covid-19 e cerca de 160 mil morreram devido à doença nos EUA. Cerca de 30 milhões, segundo dados do inequality.org, continuam a receber subsídio de desemprego – números em que não entram todos aqueles que não têm direito a esse tipo de apoio, como os imigrantes sem papéis e as suas famílias.

Além disso, segundo informou a Bloomberg, estima-se que um terço dos inquilinos nos Estados Unidos não consiga pagar a renda da casa ao longo deste mês.

Sanders quer taxar aumento destas fortunas, mas não dar cabo do sistema

O senador democrata Bernie Sanders está a promover um projecto de lei com vista a taxar o aumento destas fortunas durante o período da pandemia em 60%, o que, segundo o Granma, poderia gerar mais de 400 mil milhões de dólares de receitas, que seriam destinadas às despesas médicas dos mais necessitados.

O senador Sanders, o candidato Biden, o Partido Democrata não querem mudar o sistema pela raiz e arrasar o capitalismo, e tanto assim é que, confrontados com o «caos» de Donald Trump, os guardiães de Wall Street até parecem estar a apostar mais – ou seja, a dar mais milhões de dólares à campanha – de Joe Biden, segundo dados divulgados pelo Center for Responsive Politics e apontados pelo Granma.

De acordo com o projecto de Sanders, ninguém com menos de mil milhões de dólares pagaria um cêntimo em impostos e multimilionários que até perderam dinheiro na pandemia ficariam isentos. E mesmo os que pagam ficam muito ricos. Portanto, Sanders garante que a desigualdade fica bem composta no país da águia que esteve para ser um peru.

Em todo o caso, Chuck Collins, director do programa de desigualdade do IPS, considera que o projecto de lei e o imposto não deixam de ser importantes, uma vez que «uma parte da extrema riqueza – agora não taxada – seria destinada a abordar a crise de Covid-19».

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Este aumento dos muito ricos e da sua riqueza durante a pandemia contrasta com o impacto devastador do coronavírus na classe trabalhadora do país, uma vez que mais de 86 milhões de pessoas perderam os seus empregos, quase 38 milhões foram infectadas pelo vírus e mais de 625 mil morreram por causa dele.

De acordo com o inequality.org, «uma maneira mais directa de tributar a riqueza de um multimilionário é tributar a própria fortuna, em vez do seu crescimento apenas». Se o imposto sobre as fortunas já proposto estivesse em vigor em 2020, os multimilionários dos EUA teriam pago 114 mil milhões nesse ano, afirma ainda o texto.

As pesquisas realizadas no país mostram que a grande maioria dos norte-americanos defende que as grandes empresas e os ricos precisam de começar a pagar os impostos de forma justa.

Segundo os inquéritos realizados, existe o entendimento de que os investimentos sociais devem ser suportados por impostos mais elevados sobre os ricos e as grandes empresas – que encontram na lei, muitas vezes, forma de escapar à tributação –, em vez de recair sobre os salários dos trabalhadores.

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