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|Emirados Árabes Unidos

Relatório expõe exploração laboral na Expo 2020, no Dubai

Trabalhadores migrantes no evento do Dubai denunciaram discriminação racial, retenção ou não pagamento de salários, passaportes confiscados, semanas laborais até 70 horas, entre outros abusos.

Local da Expo 2020, no Dubai, em Outubro de 2021 
Local da Expo 2020, no Dubai, em Outubro de 2021 Créditos / PressTV

Um relatório publicado esta quarta-feira pela consultora Equidem refere que os inúmeros trabalhadores que construíram o espaço da Expo 2020, no Dubai, e os que mantêm o evento a funcionar são explorados e enfrentam diversos tipos de «abusos laborais».

De acordo com a Equidem, organização de defesa dos direitos com sede em Londres, o governo emiradense não está a proteger os trabalhadores estrangeiros que desempenham funções como seguranças, funcionários de limpeza ou pessoal de acolhimento na exposição mundial.

As conclusões da Equidem surgem depois de a Associated Press (AP) ter publicado uma peça, em Dezembro último, sobre a situação dos trabalhadores na Expo do Dubai, queixando-se do pagamento de verbas ilegais de recrutamento, do confisco dos passaportes por parte dos seus empregadores ou de comida em más condições; de alojamentos sobrelotados e de semanas de trabalho com duração até 70 horas, por vezes sob intenso calor.

O artigo da AP também fazia eco das investigações anteriores da Equidem, sobre as condições de trabalho na construção nos estaleiros de obras, com alguns trabalhadores sem receber durante longos períodos no contexto do surto epidémico.

Trabalhadores no espaço da Expo / Al Jazeera

«Como escravos»

No documento, com cerca de 40 páginas, afirma-se que a maioria dos trabalhadores entrevistados foi obrigada a pagar tarifas de recrutamento nos seus países de origem, de modo a assegurar um posto de trabalho nos Emirados Árabes Unidos (EAU).

Embora a prática seja ilegal de acordo com a lei dos Emirados, muitos dos empregadores não terão intervindo, mesmo sabendo o que se passava, criando assim uma situação de servidão por dívida.

O relatório da Equidem documenta casos de trabalhadores que não receberam contratos de trabalho ou que não foram capazes de os ler porque não foram traduzidos para as suas línguas, tal como a lei exige.

Alguns dos inquiridos afirmaram que era frequente não receberem o salário na totalidade ou numa data fixa, dificultando o envio de remessas para as suas famílias ou o pagamento das suas despesas.

Além disso, refere o documento, aos trabalhadores era frequentemente recusado o pagamento de horas extra, subsídios por rescisão ou bónus. Quando a incidência da pandemia foi mais forte nos EAU, alguns trabalhadores sofreram cortes salariais até 75%.

«Tratam-nos como escravos», disse um trabalhador no café Crab Chic aos investigadores da Equidem. «É muito cansativo. Trabalho desde muito cedo, de manhã, até à noite. Jamais recebi pagamento de horas extra», acrescentou.

Para os asiáticos, trabalhos mais pesados e salários mais baixos

A maior parte dos trabalhadores inquiridos teve de entregar os passaportes aos seus empregadores e nenhum conseguiu recuperá-lo de forma incondicional, apesar de, na lei, os EAU proibirem as empresas de reterem documentos de identificação dos seus funcionários.

Os trabalhadores denunciaram ainda que eram alvo de discriminação, apontando que a forma de tratamento e as funções que realizavam no local eram determinadas pela raça.

«Os asiáticos recebem os trabalhos pesados e salários piores, enquanto os europeus e os árabes desempenham funções mais leves, com grandes salários», disse um dos entrevistados, frisando que «os asiáticos são os primeiros a perder os seus empregos».

A Expo 2020 abriu em Outubro de 2021, devido a atrasos relacionados com a pandemia de Covid-19, e deve continuar até ao final de Março deste ano.

Segundo refere a PressTV, as autoridades emiradenses tinham prometido redobrar os esforços contra «a prática persistente do trabalho forçado» e a Expo definiu uma série de pautas para proteger os direitos dos trabalhadores, incluindo inspecção no terreno.

No entanto, as práticas que a Equidem detectou não estão em consonância nem com o «esforço», nem com as «pautas».

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