«Será seguramente discutido na cimeira do BRICS», disse à imprensa o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, de visita a Angola.
Numa conferência de imprensa com o presidente angolano, João Lourenço, o diplomata garantiu que o tema da criação de uma moeda comum para trocas internas será analisado na próxima cimeira do grupo que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS, sigla que recorre às iniciais dos países em inglês).
A cimeira está prevista para o final de Agosto, embora ainda não haja confirmação das autoridades sul-africanas sobre a cidade que acolherá o evento, aponta o portal Brasil 247.
«Exactamente nessa direcção, estão a surgir iniciativas sobre a necessidade de se pensar a criação de moedas internas no âmbito do BRICS», disse Lavrov, referindo-se concretamente à proposta de criação de uma moeda comum para trocas comerciais no âmbito do Mercosul (que inclui actualmente Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
«Países sérios, com respeito próprio, entendem muito bem o que está em jogo», observou Lavrov, citado pelo Brasil 247. «Vêem a dissimulação dos mestres do actual sistema monetário internacional e querem criar os seus mecanismos de modo a garantir uma sustentabilidade que ficaria protegida de directrizes externas», acrescentou.
Na mesma ocasião, ficou-se a saber que uma série de países africanos, incluindo Angola, será convidada a estar na cimeira do BRICS em Agosto deste ano.
Na segunda-feira passada, véspera da cimeira da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Buenos Aires, o presidente brasileiro, Lula da Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conversaram com as autoridades argentinas sobre a criação de uma moeda comum aos países do Mercosul.
Lula foi claro ao afirmar que, se dependesse dele, o comércio externo seria sempre na moeda de outros países, para não depender do dólar. «Por que não criar uma moeda comum entre os países do Mercosul ou com os países do BRICS?», perguntou.
Entretanto, Fernando Haddad esclareceu que a proposta constitui uma «nova engenharia», sem perda de soberania monetária.