Ao intervir no segundo e último dia da XVII Cimeira do Brics, no Rio de Janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o negacionismo e o unilateralismo têm um impacto negativo nos esforços em prol da saúde e contra as alterações climáticas, e «estão corroendo avanços do passado e sabotando nosso futuro».
Numa sessão devotada a «Meio Ambiente, COP30 [conferência da ONU sobre o clima] e Saúde Global», ontem realizada no Museu de Arte Moderna da cidade fluminense, Lula apontou as desigualdades e injustiças persistentes no acesso à saúde, tendo afirmado que, «no Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre».
«Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo», disse ainda Lula no mesmo contexto, citado pelo Brasil 247, ao denunciar como a saúde sofre o impacto das desigualdades estruturais, da pobreza e do avanço do unilateralismo nas relações internacionais.
No mesmo âmbito, disse que, se certas doenças tropicais afectassem países do Norte Global, elas já teriam sido erradicadas, numa clara alusão às desigualdades que historicamente separam o Norte do Sul.
Não há direito à saúde sem investimento
Referindo-se ao Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3) das Nações Unidas, relativo à promoção da saúde e do bem-estar para todos, Lula sublinhou a necessidade de investimento. «Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda», disse.
O presidente brasileiro defendeu ainda a revalorização e o fortalecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) como fórum legítimo para coordenar o combate a pandemias e preservar o direito universal à saúde, tendo apontado a recente aprovação do Acordo de Pandemias como um passo nesse sentido.
Em seu entender, o grupo Brics – integrado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irão – tem mostrado protagonismo ao apostar na ciência, na transferência de tecnologia e na solidariedade como princípios para a construção de um sistema global de saúde mais justo, que ponha «a vida em primeiro lugar».
No mesmo sentido, Lula da Silva destacou o lançamento da Parceria pela Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, uma iniciativa que visa enfrentar as causas estruturais da doença e as desigualdades sistémicas promovendo as infra-estruturas física e digital, bem como o reforço de capacidades institucionais nos países do bloco.
De acordo com o presidente brasileiro, «estamos liderando pelo exemplo». «Cooperando e agindo com solidariedade em vez de indiferença. Colocando a dignidade humana no centro de nossas decisões», frisou.
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