|Escócia

Professores intensificam protesto na Escócia por melhores salários

Depois do falhanço nas negociações, os professores escoceses do ensino primário e secundário avançaram para greve, em defesa de aumentos salariais que permitam fazer frente ao custo de vida.

Professores do ensino primário em greve na Escócia, a 10 de Janeiro de 2023 
Créditos / @EISUnion

De acordo com o sindicato EIS, a greve dos professores do ensino primário na Escócia, esta terça-feira, teve grande expressão, com «milhares de docentes» em greve, no âmbito da campanha «Pay Attention», lançada o ano passado em prol de «um acordo salarial justo» para os profissionais do ensino.

Houve piquetes de greve à entrada das escolas primárias por todo o território escocês, o que, segundo o sindicato, foi «uma mensagem clara» para o governo do SNP e para a Convenção das Autoridades Locais Escocesas (Cosla) de que devem apresentar uma proposta melhor aos professores, depois do falhanço das negociações, na segunda-feira.

Hoje, são os docentes do Ensino Secundário, filiados no EIS, no NASUWT e na Associação dos Professores Secudários Escoceses (SSTA), que estão em greve, exigindo igualmente um aumento salarial de 10%, para poder fazer frente à crise do custo de vida, à desvalorização salarial e ao empobrecimento.

A secretária da Educação do governo da Escócia, Shirley-Anne Somerville, disse estar empenhada «em chegar a um acordo», e respondeu aos conservadores, que acusaram o executivo do Partido Nacionalista Escocês (SNP) de não querer saber dos professores, que não aceitava lições suas. Mas também reconheceu que, neste momento, há distância entre as partes em disputa.

Mais greves em perspectiva

Se não se chegar a um acordo, o EIS já anunciou que os docentes irão fazer greves num período de 16 dias úteis consecutivos, entre 16 de Janeiro e 6 de Fevereiro, pois as organizações sindicais não aceitam as propostas até agora avançadas de 5% de aumento salarial (6,5% no escalão mais baixo).

Piquete de greve junto a uma escola / @EISUnion

A presidente do EIS, Andrene Bamford, disse ontem à imprensa que aquilo que está em causa é «algo mais do que o salário». «Estamos no meio de uma crise de custo de vida que não criámos e os professores estão a empobrecer a trabalhar», disse.

Por seu lado, a secretária-geral do EIS, Andrea Bradley, disse que «os docentes estão cada vez mais descontentes com a falta de acção» da tutela, e acusou o governo de Nicola Sturgeon de tentar lançar outros trabalhadores contra os professores.

Embora tenha reconhecido alguma aproximação nas negociações mais recentes, disse que o sindicato ainda está à espera de uma nova proposta de aumento salarial, «quando os professores já deviam ter recebido um aumento há mais de nove meses».

Bradley sublinhou ainda que, desde 2008, os salários dos docentes escoceses se desvalorizaram em cerca de 20%-25%. «Não é de estranhar que os docentes votem de forma tão esmagadora a favor das greves e se mantenham firmes», destacou.

Há dinheiro, mas não é para os trabalhadores

O periódico Morning Dispatch, ao solidarizar-se com a luta dos professores na Escócia, lembrou que no Reino Unido se diz aos trabalhadores que devem acatar os golpes e aceitar a «moderação salarial».

Já ao grande patronato e aos grandes grupos económicos, ninguém pede que acatem o golpe e reduzam os seus níveis de lucro.

Entretanto, enquanto se diz que não há dinheiro para pagar os aumentos salariais pelos quais lutam os sindicatos, «que vemos?», pergunta o periódico britânico.

O que se vê é que «o dinheiro está lá», acusa o jornal, afirmando que os Conservadores terão pagado mais de 318 milhões de libras para indemnizar as companhias ferroviárias pelo custo das greves.

«Encontraram dinheiro para pagar a fura-greves e trabalhadores de ETT» e «estão contentes por gastar o dinheiro na tentativa de esmagar os sindicatos, mas não para financiar aumentos salariais», denuncia o jornal, que lembra que o governo de Rishi Sunak está a pensar enviar tanques para a Ucrânia, depois dos milhares de milhões que já para ali mandou em armamento e dinheiro.

«Estão contentes por lucrar com o nosso sangue, seja a explorar-nos desapiedadamente no país ou numa guerra no estrangeiro», afirma o jornal, lembrando a intensa «luta de classes» e «a batalha das ideias» que hoje têm lugar.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui