|Equador

Povo equatoriano disse «não» a Noboa e às bases militares

Com 90% do escrutínio realizado, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) confirmou que o «não» se impôs com tendência vincada nas quatro questões do referendo proposto pelo presidente neoliberal.

A vitória do «não» no referendo e na consulta também foi celebrada nas ruas do Equador Créditos / TeleSur

De acordo com o organismo eleitoral, o «não» foi maioritário na questão da consulta popular e nas três perguntas do referendo que tiveram lugar este domingo no Equador, por iniciativa do presidente Daniel Noboa, que pretendia redefinir o rumo neoliberal o país.

Entre as questões colocadas estavam a do fim da proibição das bases militares estrangeiras no país sul-americano, a relativa à redução do número de deputados e a que dizia respeito à instalação de uma assembleia constituinte, para elaborar uma nova Constituição.

Noboa, que não apareceu em público e reconheceu a derrota na sua conta de Twitter (X), não devia estar à espera destes resultados, depois das visitas recentes da secretária da Segurança Nacional dos EUA, Kristi Noem, com quem percorreu bases estratégicas na costa equatoriana.

Já representantes de forças progressistas e movimentos sociais festejaram este domingo a vitória do «não». Na sua conta de Twitter (X), a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) afirmou que a vitória «pertence ao povo mobilizado, às comunidades, aos jovens, às mulheres e a todos os que defenderam os seus direitos nas ruas».

Por seu lado, a socióloga Irene León, da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, destacou o facto de o povo equatoriano querer continuar «com uma das melhores Constituições do mundo, com soberania e sem bases militares estrangeiras».

O povo disse que não quer ingerência estrangeira

Na mesma linha, a presidente da Revolução Cidadã, a ex-candidata presidencial Luisa González, disse à TeleSur que «o povo começa a despertar e confirma-se que hoje quem perde é um governo que mata, que persegue, que esmaga os mais inocentes, como o fez nos protestos de Outubro».

González sublinhou que a vitória do «não» este domingo representa uma rejeição firme à instalação de bases estrangeiras no país, bem como uma resposta à «milionária campanha mediática» orquestrada pelo executivo de Noboa.

Neste contexto, a dirigente partidária valorizou o facto de o povo equatoriano não ter acreditado em estratégias de ódio e manipulação, criticou o papel da comunicação social dominante e acusou Noboa de ter gastado mais de sete milhões de dólares em publicidade e campanhas digitais – recursos que, em seu entender, podiam ser destinados à saúde e à educação.

No que toca às bases militares, a ex-candidata presidencial afirmou que o povo se apercebeu dos verdadeiros interesses de Daniel Noboa, que «o que realmente quer é meter o nosso país, que historicamente foi um país de paz, num conflito bélico armado internacional, servindo de quintal aos Estados Unidos».

Participação superior a 80% no «não» a Noboa

O CNE revelou que a participação no referendo e na consulta popular foi superior a 80%. De acordo com os resultados divulgados, 60,65% dos participantes disseram «não» ao fim da proibição da instalação de bases militares estrangeiras em território equatoriano, enquanto 61,66% dos eleitores rejeitaram a proposta de convocar e instalar uma assembleia constituinte para redigir uma nova Carta Magna.

Além disso, os participantes decidiram manter o financiamento estatal aos partidos políticos (58,11% mostraram-se contra a sua eliminação) e rejeitaram a proposta de reduzir o número de deputados na Assembleia Nacional (53,5% dos votantes).

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