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Artistas e intelectuais repudiam visita de Marco Rubio ao Equador

A Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade (REDH) – Equador expressou o seu profundo repúdio pela presença no país sul-americano do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

A REDH repudiou a visita de Marco Rubio ao Equador e alertou para os perigos decorrentes do envolvimento do país nos planos bélicos norte-americanos Créditos / TeleSur

Num manifesto divulgado quarta-feira a propósito da visita de Rubio ao Equador, a organização criticou fortemente a ida do secretário de Estado norte-americano a Quito num momento em que Washington envia arsenais militares para as Caraíbas e lança ameaças directas à Venezuela, ameaçando seriamente «a paz em toda a região».

Para a REDH, a visita de Rubio responde a interesses alheios às prioridades nacionais e enquadra-se na agenda de Washington: proteger as suas fronteiras, neutralizar alegadas ameaças narco-terroristas e garantir condições de concorrência às suas empresas.

«A visita não representa nenhuma garantia de progresso para o Equador», referem os intelectuais e artistas, que também questionam o governo de Daniel Noboa por não ter apresentado «uma agenda específica» ligada aos interesses socioeconómicos do país ou aos princípios constitucionais de soberania.

A declaração também critica a política migratória norte-americana, no âmbito da qual foram deportados, nos últimos anos, milhares de equatorianos e latino-americanos, sendo por isso «incompreensível» que Marco Rubio proponha ao governo de Noboa receber 300 migrantes ou refugiados «que o seu pais descarta».

A REDH considera «repudiável» que o executivo equatoriano apresente essa proposta como uma «grande vantagem para o povo», quando «viola a Constituição que garante direitos de mobilidade humana e a cidadania universal.

Washington pretende promover militarização da região

O organismo alertou igualmente para os «propósitos explícitos» de Washington de «fracturar a unidade regional expressa na Proclamação da América Latina e Caraíbas como Zona de Paz», para impor um modelo de «segurança» ligada ao conceito de «narco-terrorismo».

No entender dos intelectuais e artistas, os Estados Unidos procuram garantir o «controlo geopolítico e geoeconómico da região através da militarização e inclusive da guerra».

O texto alerta para o risco de envolver o país sul-americano nos planos bélicos dos EUA, questiona o facto de o Equador se manter no estado de «conflito armado interno» decretado por Noboa, bem como o recurso a mercenários norte-americanos e israelitas.

Assim, a organização pediu ao povo equatoriano que defenda a paz e a soberania, e a impedir que o país se torne parte da estratégia de militarização e guerra dos Estados Unidos.

Esperando Marco Rubio «de braços abertos»

O secretário de Estado norte-americano chegou a Quito na quarta-feira à noite, tendo sido recebido no Aeroporto Internacional Mariscal Sucre pela ministra equatoriana dos Negócios Estrangeiros, Gabriela Sommerfeld, depois de o ministro do Interior, John Reimberg, ter afirmado que estava à espera dele «de braços abertos».

Esta quinta-feira, o funcionário norte-americano reuniu-se com membros do executivo de Daniel Noboa, que tem patenteado grande sintonia e alinhamento com as directrizes da actual administração na Casa Branca, nomeadamente em relação à Venezuela.

Sobre a visita, um antigo vice-ministro da Defesa, Felipe Vega de la Cuadra, disse à Radio Pichincha que a agenda de Rubio não tem importância para o Equador, mas é importante para a política externa dos Estados Unidos, dada a proximidade do país à Venezuela e tendo em conta que «o objectivo é limitar a acção dos seus inimigos: China, Rússia e os BRICS».

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