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«Momento histórico»: assim definiu Lula o encontro com Maduro

Depois de oito anos sem visitar o Brasil, Nicolás Maduro chegou no domingo ao gigante sul-americano, para uma visita oficial que marcou o restabelecimento de relações diplomáticas.

Créditos / @Mision_Verdad

O presidente brasileiro, Lula da Silva, recebeu esta segunda-feira, em Brasília, o seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro. Ambos se reuniram de forma privada e, depois, com ministros dos governos de ambos os países, no contexto da primeira visita de um presidente venezuelano ao Brasil desde 2015.

Após a celebração da reunião, Lula da Silva classificou o encontro como «momento histórico», tendo afirmado que os dois países procuram uma «integração plena» em diversas áreas, refere o Brasil de Fato.

«Eu espero que a relação entre Brasil e Venezuela não seja apenas uma relação comercial, ela pode ser política, cultural, económica, de ciência e tecnologia, entre as nossas juventudes, entre as nossas universidades, entre nossas Forças Armadas, trabalhando juntas na fronteira para combater o narcotráfico em toda a fronteira», afirmou o chefe de Estado brasileiro.

Lula aproveitou a ocasião para criticar o bloqueio imposto pelos EUA à Venezuela, tendo sublinhado que é inexplicável que «um país tenha 900 sanções só porque um outro país não gosta dele».

«Eu sempre acho que um bloqueio é pior do que uma guerra. Porque uma guerra mata soldados, mas um bloqueio mata crianças, mata pessoas que não têm nada a ver com que está em jogo», afirmou.

Nicolás Maduro também dirigiu críticas à política externa dos EUA, nomeadamente em relação à Venezuela, e disse que «o mundo que está a nascer não deve estar marcado por sanções e pela pressão do dólar».

«Deve ser um mundo marcado pela liberdade. Eles não falam de liberdade? Onde está a liberdade financeira e monetária quando um país é proibido de fazer transações financeiras no mundo? Quando impedem que barcos que carregam insumos cheguem à Venezuela?», questionou.

Economia, energia, BRICS e dólar

Os presidentes dos países vizinhos também se referiram à reactivação de acordos económicos e energéticos. Maduro afirmou que a Venezuela está pronta para retomar o fornecimento de energia eléctrica a Roraima, o único estado brasileiro que não está ligado ao sistema nacional de energia.

Ao abordar a crise económica no país – muito afectado pelas sanções impostas por Washington contra a sua indústria petrolífera –, o presidente venezuelano referiu-se ao sector privado do Brasil. «Estamos preparados para retomar as relações virtuosas com os investidores e empresários brasileiros. A Venezuela está de portas abertas, com todas as garantias, para que voltemos aos tempos de investimentos brasileiros», disse, citado pelo Brasil de Fato.

Nicolás Maduro visitou o Brasil após anos de distanciamento diplomático / Planalto / Brasil de Fato

Por seu lado, Lula da Silva defendeu a integração económica e, nesse contexto, aproveitou para criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem responsabilizou pela diminuição das trocas comerciais entre os dois países.

«Isso é ruim para a Venezuela e é ruim para o Brasil, porque o comércio extraordinário é aquele que funciona em via de duas mãos», disse Lula.

Questionados sobre a possibilidade da entrada da Venezuela no grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ambos afirmaram que o assunto não foi tratado na reunião, mas Maduro manifestou a intenção do seu país de solicitar a entrada no grupo, que classificou como um «elemento avançado» na construção daquilo a que chamou «mundo novo, multipolar».

Por seu lado, Lula disse que, pessoalmente, é favorável à integração da Venezuela. «Será a primeira reunião oficial dos BRICS [em] que eu vou participar depois de oito anos e existem várias propostas de outros países que querem entrar. Nós vamos discutir, porque não depende só da vontade do Brasil; então, se houver um pedido oficial, nós vamos discutir. Se você perguntar a minha vontade, eu digo: eu sou favorável», afirmou.

Ao referir-se às dificuldades de obtenção de divisas por parte da Venezuela, Lula da Silva culpou o bloqueio dos EUA e disse ainda que sonha com a criação de «uma moeda entre nossos países, para que a gente não dependa do dólar».

«Só um país tem a máquina de fazer dólar e esse país faz o que quiser com o dólar. Não é possível que a gente não tenha mais liberdade. Eu sonho que os BRICS possam ter uma moeda, como o Euro na União Europeia», disse.

Acabar com a «narrativa» anti-Venezuela

O presidente brasileiro disse ainda que caberia aos venezuelanos construírem uma «outra narrativa» para enfrentar aquilo a que chamou «preconceito» contra o país vizinho, e, dirigindo-se a Maduro, disse: «Eu vou a lugares [em] que as pessoas nem sabem onde fica a Venezuela, mas sabem que lá tem um "problema de democracia".»

«Nossos adversários vão ter que pedir desculpas pelo estrago que fizeram na Venezuela», frisou.

Lula disse ainda que conversou com representantes de outros países sobre a possibilidade do fim do bloqueio e criticou o ex-deputado Juan Guaidó, afirmando que achava «a coisa mais absurda do mundo, para pessoas que defendem a democracia, negarem que você [Maduro] era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo, e um cidadão que foi eleito deputado, ser reconhecido como presidente».

O chefe de Estado brasileiro advogou ainda a libertação das reservas de ouro que pertencem ao Estado venezuelano e que estão retidas no Banco de Inglaterra.

Reunião de chefes de Estado da América do Sul

Nicolás Maduro também se encontra no país vizinho para participar no encontro de líderes sul-americanos convocado pelo Brasil, que hoje tem lugar na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Brasília.

Um comunicado do Ministério indica que a cimeira desta terça-feira irá promover um diálogo franco entre todos os líderes para identificar denominadores comuns, discutir perspectivas para a região e reactivar a agenda da cooperação.

Nela também figuram temas como a luta contra o crime organizado, projectos de infra-estrutura e ambiente.

Participam no encontro os presidentes de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Uruguai, Suriname e Venezuela. A presidente golpista do Peru, Dina Boluarte, não estará presente, por impedimentos legais internos, mas o país far-se-á representar.

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