Durante a reunião mantida este sábado no Palácio da Revolução, os dois presidentes debateram questões de agenda bilateral e regional, e Díaz-Canel agradeceu a Lula da Silva pela solidariedade expressa à Ilha contra o bloqueio ilegal imposto pelos Estados Unidos.
Ao discursar no encontro do G77 + China, o presidente brasileiro destacou o «especial significado» de a cimeira ter lugar em Havana, num «momento de grandes transformações geopolíticas». «Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa – e até hoje é vítima de um embargo económico ilegal», denunciou Lula, citado pelo Portal Vermelho.
«O Brasil é contra qualquer medida coerciva de carácter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo», acrescentou.
Na primeira viagem oficial de um presidente brasileiro a Cuba desde 2014, a comitiva do país sul-americano, que incluiu os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Nísia Trindade (Saúde), assinou acordos de cooperação que vão ampliar «o intercâmbio de tecnologias entre os dois países» e que, segundo nota do executivo brasileiro, «simbolizam a retomada das relações diplomáticas entre Brasil e Cuba, que haviam sido abandonadas nos últimos anos».
Brasil e Cuba vão desenvolver medicamentos em conjunto
Na área da saúde, foi assinado um protocolo de cooperação que prevê a troca de tecnologias e conhecimentos. O acordo contempla uma série de temas, como doenças crónicas, desenvolvimento de vacinas, biotecnologia e biodiversidade, doenças transmissíveis, fomento de parcerias e desenvolvimento de produtos inovadores, refere o Brasil de Fato.
«A importância desse acordo é que o Brasil se beneficia de um conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu, investimentos de anos nessa área», explicou a ministra brasileira da Saúde, Nísia Trindade. «Nesse desenvolvimento conjunto, o Brasil traz a sua experiência em pesquisa clínica e a sua capacidade de produzir em escala, em laboratórios públicos e laboratórios privados», disse a titular da pasta da Saúde na sexta-feira.
Também está prevista uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Biocubafarma, que vai permitir a transferência para a produção brasileira do NeuroEpo – um medicamento inovador usado para retardar os efeitos do Alzheimer – e do Eritropoietina, utilizado no tratamento de anemia por insuficiência renal, leucemia e outras doenças, indicam as fontes.
Na área de Ciência e Tecnologia, foi acordada a retoma da cooperação iniciada em 2002, tendo sido definidas como prioritárias questões relacionadas com biotecnologia, energias renováveis, soberania e segurança alimentar.
No âmbito da agropecuária, também foram definidas iniciativas de intercâmbio e cooperação tecnológica, com responsáveis dos governos de ambos os países a assinarem um convénio que contempla «agricultura, pecuária, agroindústria, governança da terra, soberania e segurança alimentar e nutricional».