O PAM, das Nações Unidas, anunciou este fim-de-semana que vai cessar o programa de prevenção de malnutrição no Iémen, a partir de Agosto, devido a falta de fundos e a cortes frequentes no abastecimento.
«A grave escassez de financiamento, aliada à interrupção contínua de abastecimento, obrigar-nos-á a suspender completamente as actividades de prevenção da malnutrição no Iémen, a partir de Agosto, o que afectará 2,4 milhões de pessoas que sofrem de malnutrição no país, que se encontram entre as mais vulneráveis», afirmou o organismo numa nota.
Para fazer frente à crítica situação no país árabe, a agência da ONU acrescentou que pretende redireccionar os limitados fundos disponíveis para os casos mais graves de malnutrição.
O PAM anunciou, além disso, que, tendo em conta o grave défice de financiamento, irá converter transferências em dinheiro em transferências em espécie para mais de 900 mil beneficiários, numa tentativa de prolongar as distribuições de alimentos e de manter o programa em funcionamento, refere o portal The Cradle.
O plano previsto de actividades do programa entre Agosto de 2023 e Janeiro de 2024 foi severamente afectado pela falta de financiamento, sendo que, dos cerca de mil milhões de dólares necessários para o seu funcionamento, apenas foram reunidos 139 milhões.
O valor foi confirmado em Junho, com doações da Austrália, dos Estados Unidos, do Fundo Humanitário para o Iémen, da Noruega e da União Europeia.
O subfinanciamento do programa vai limitar a capacidade do PAM para fornecer a ajuda necessária num país devastado pela guerra e onde milhões são afectados pela fome e a malnutrição.
As crianças são particularmente visadas, com alertas frequentes da parte do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) para a situação crítica que enfrentam no país árabe.
Num relatório, em Março último, alertava que milhões de menores estão em risco severo de malnutrição e que «uma criança morre a cada dez minutos de doenças evitáveis», como cólera, sarampo, difteria, entre outras.
Oito anos de guerra
A grave crise humanitária no Iémen, a que a ONU se referiu como a pior crise humanitária do mundo, teve origem na campanha de agressão iniciada a 26 de Março de 2015, envolvendo a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e outros aliados regionais, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências europeias.
A agressão da coligação liderada pelos sauditas teve como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade que tinha sido deposto em 2014.
Nos oito anos de conflito, quase 400 mil pessoas perderam a vida, num país cujas infra-estruturas foram arrasadas pelos bombardeamentos da coligação saudita.