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O Vietname tornou-se «o farol de esperança do mundo»

O Vietname foi «a barreira de contenção das forças imperialistas» e «30 de Abril de 1975 passou a ser um símbolo para os países oprimidos e colonizados», afirmou um investigador cubano à VNA.

Vietnamitas circulam numa avenida engalanada para as comemorações do Dia da Reunificação e da Libertação do Sul, na Cidade de Ho Chi Minh, em Abril de 2016 
Créditos / AbrilAbril

Em conversa com correspondentes da Vietnam News Agency (VNA) em Havana, Ruvislei González Sáez, investigador principal do Centro de Investigações de Política Internacional (CIPI), destacou que o 30 de Abril de 1975 – dia da libertação do Sul e da reunificação nacional vietnamita – possui um duplo significado para o Vietname e para o mundo.

Ruvislei González Sáez, investigador principal do Centro de Investigações de Política Internacional (CIPI), em Havana / VNA

«Em primeiro lugar, mostrou que a persistência e a vontade inabalável do líder histórico Ho Chi Minh e do povo vietnamita conduziram à vitória total; que só havia um Vietname e que esse era o que tinha trilhado o rumo para o socialismo», disse.

«Em segundo lugar, a vitória do Vietname tornou-se um símbolo para os países oprimidos e colonizados de que é possível», prosseguiu.

Para o investigador cubano, após a reunificação, o Vietname teve de enfrentar desafios de grande dimensão, que o impediram de seguir o rumo do desenvolvimento imediato. «O país reunificado tinha de começar a erguer-se dos escombros e da destruição causadas por uma guerra que deixou marcas palpáveis na actualidade, com minas por explodir, sem poder usar terras valiosas por estarem minadas. O Partido e o governo tinham de harmonizar um modelo de desenvolvimento socioeconómico que até então diferenciava o Norte do Sul. O primeiro dinamizado por uma economia centrada na indústria pesada, e o Sul assente numa economia de serviços», explicou.

«A liderança partidária, a planificação, a mudança de mentalidade ajustada às novas condições, a libertação das forças produtivas, deixando de lado o dogmatismo e o esquematismo, permitiram colocar em primeiro lugar o ser humano e a sua melhoria de vida, ao ponto de o Vietname ter passado de ser um dos 15 países mais pobres do mundo, nos anos 1980-1981, a ocupar o lugar entre os 15 países mais dinâmicos, na actualidade, com maior crescimento, aspirando a tornar-se em 2045 um país desenvolvido», referiu.

González Sáez destacou as conquistas alcançadas pelo país asiático, que são perceptíveis em todas as esferas da sua vida socioeconómica. «Elevaram-se os patamares da educação, da qualidade dos serviços, da tecnologia e da inovação», notou.

Uma diplomacia de bambu e os quatro «não»

Também sublinhou que «a experiência prática vietnamita deu lições ao mundo», fazendo do país um «exemplo de relações internacionais num contexto internacional complexo», não apenas para os países do chamado Sul Global, mas também para as grandes potências, «ao não conviver com rancor, ter relações com todos e ser amigo de todos».

«A diplomacia vietnamita passou da de país subdesenvolvido para a de uma de potência média com uma elasticidade como foi expressa pelo secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, Nguyen Phu Trong: uma diplomacia de bambu», referiu.

No entender do investigador cubano, «a integração internacional bem-sucedida vietnamita tem a ver, fundamentalmente, com o estabelecimento na estratégia de defesa nacional dos quatro "não": não a alianças, não a bases estrangeiras, não ao apoio a outro país para atacar um terceiro, nem tão-pouco ser o primeiro a atacar».

Ruvislei González Sáez disse ainda à VNA que «a reunificação, a paz e a estabilidade fizeram com que o Vietname deixasse de ser um país a receber a cooperação internacional e passasse a ser um país que, mesmo enfrentando desafios, já pode oferecer ajuda a outros países. Passou de país receptor líquido de investimentos estrangeiros para uma situação em que já começou a investir no estrangeiro e com capacidade para competir».

«Neste sentido – disse –, abre-se um grande potencial para a cooperação bilateral de benefício mútuo. A cooperação entre Cuba e o Vietname foi desinteressada e histórica; ambas as partes podem aproveitar as suas capacidades para apoiar a outra parte e elevar a colaboração com resultados concretos.»

O investigador destacou ainda o potencial existente com a região da América Latina e Caraíbas. «Há muito potencial, mas ambas as partes devem conhecer-se melhor. A ligação crescente do Vietname à América Latina e Caraíbas abre um grande campo de oportunidades, apesar da distância», frisou.

Numa mensagem dirigida ao povo vietnamita e, em particular, à sua juventude, quando se cumprem 49 anos do triunfo das forças revolucionárias sobre o regime fantoche de Saigão, apoiado pelos EUA, Ruvislei González Sáez disse que «o Vietname é um país de cultura milenar e de guerreiros que tiveram de enfrentar grandes potências mundiais e saíram vitoriosos».

«É um país grande e não pelo seu tamanho, mas pela coragem do seu povo. Nunca esqueçam a história, nem regressem a um caminho diferente do rumo empreendido para o socialismo. Hoje são um exemplo de construção de nova sociedade», afirmou.

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