Uma conversa sobre o papel do socialismo no desenvolvimento da ciência e tecnologia, a importância do conhecimento para a emancipação dos povos e a sua soberania, tentando sempre contornar o bloqueio norte-americano, que afecta toda a capacidade de desenvolvimento do país.
P.: O que é BioCubaFarma?
Há pouco mais de dez anos ocorreu a fusão dos centros da indústria biotecnológica cubana com a indústria farmacêutica. A BioCubaFarma é hoje um grupo que conta com 32 empresas e cerca de 20 mil trabalhadores. Temos 11 centros de Investigação e Desenvolvimento e 16 empresas e representações no exterior, porque somos uma organização com actuação global. A alta tecnologia exige um nível de investimento que um mercado como Cuba, tão pequeno, não consegue recuperar. Então, se quiser ter alta tecnologia, um país pequeno tem de ter projecção global, tem que sair para o mercado global. Além de desenvolver produtos inovadores é preciso também cooperar, pois nem toda tecnologia pode ser feita dentro de portas. É por isso que temos associações e empresas mistas, apesar do bloqueio.
P: Estas representações no estrangeiro, apesar do bloqueio, são empresas parceiras?
A maioria são empresas mistas (joint ventures) que efectivamente fazem acordos de licenciamento e desenvolvimento. Na investigação clínica é necessário um determinado número de pacientes, mas porque Cuba é um país pequeno às vezes não temos pacientes suficientes para um ensaio clínico num prazo razoável. Por isso é bom fazer parcerias. Este tipo de associação, como vocês dizem, «corre riscos»: são produtos que estão ainda em investigação. Mas, depois, se o resultado for o adequado, os benefícios serão repartidos, e o mercado será partilhado, ou seja, é um co-desenvolvimento. Assim, já temos, sobretudo nos países desenvolvidos, acordos deste tipo na Europa e, incrivelmente, temos uma empresa mista nos Estados Unidos, a única na história, até agora. Temos uma série de produtos contra o cancro que são realmente inovadores e promissores. O Departamento do Tesouro dos EUA deu-nos uma licença especial para que pudéssemos trabalhar em conjunto. Essa licença, que foi mantida mesmo com a administração Trump, foi criada durante [a administração] Obama e é uma excepção completa ao bloqueio.
«Ao longo da história, a ciência foi consequência do desenvolvimento económico. Ou seja, os países que acumularam mais riqueza tinham pessoas que podiam ou tinham condições de investir. […] Os países que ficaram para trás nunca poderiam ter ciência e inovação e, por isso, continuaram a ficar ainda mais para trás. Isto tem outra consequência: não pode haver soberania política sem soberania tecnológica. Não se é livre quando se depende da tecnologia de outros, e a Covid-19 demonstrou-nos isso»
P.: A aposta de Cuba na ciência, inclusive na formação de quadros, é algo que vem desde o início da revolução. Como foi essa mudança?
Houve uma mudança de paradigma. Ao longo da história, a ciência foi consequência do desenvolvimento económico. Ou seja, os países que acumularam mais riqueza tinham pessoas que podiam ou tinham condições de investir. A pessoa fazia ciência que, por sua vez, desenvolvia mais os seus países. O que acontece é que o mundo teve um desenvolvimento desigual e estamos a entrar na chamada era do conhecimento, na economia do conhecimento, onde activos intangíveis, como a propriedade intelectual, se tornaram muito importantes em qualquer negócio ou investimento, seja qual for o risco. Devido ao desenvolvimento desigual entre os países, essa brecha está a aumentar. Os países que ficaram para trás nunca poderiam ter ciência e inovação e, por isso, continuaram a ficar ainda mais para trás. Isto tem outra consequência: não pode haver soberania política sem soberania tecnológica. Não se é livre quando se depende da tecnologia de outros, e a Covid-19 demonstrou-nos isso. Numa emergência, de saúde ou outra, quem não tem um nível de resiliência, de uma certa soberania tecnológica, fica à mercê de outros. Fidel Castro foi muito claro sobre isso quando disse que o futuro de Cuba deveria ser o futuro de homens de ciência e de pensamento. Apostámos e investimos no talento e no desenvolvimento da inteligência do nosso povo. Isso foi consistente, houve a campanha de alfabetização, um grande investimento na educação e depois nos centros de investigação. Quando a revolução começou em Cuba existiam poucas universidades e hoje existem universidades em todas as províncias do país.
R.: Até porque com a revolução muitas pessoas que tinham cursos superiores também deixaram o país.
Efectivamente, como os médicos. Mas foi feita uma enorme reforma universitária que incluiu, primeiro, a universalização do ensino. As nossas universidades também incorporaram a investigação, ou seja, é uma universidade científica não é só uma universidade de ensino. E hoje também incorpora a inovação, portanto, é uma universidade docente, científica, mas também inovadora, que fornece soluções tecnológicas e faz parcerias com a indústria e empresas, estabelece uma relação academia-empresa. Fidel viu isso claramente e as universidades cresceram e transformaram-se, incorporando a actividade científica. Nos anos 90, quando o campo socialista europeu ruiu, de um dia para o outro, 80% da nossa actividade comercial desapareceu. Nessa altura, Fidel pensou, de facto, não só em toda aquela aposta que tinha sido feita. Disse: não há dúvida que Cuba não tem grandes recursos naturais, não temos grandes reservas de petróleo, nem de lítio, ou recursos hidráulicos. Cuba tem de viver da inteligência do seu povo e, portanto, temos de continuar a desenvolver o capital humano, temos que continuar a desenvolver a exportação de serviços científicos e tecnológicos. Não se trata, evidentemente, de exportação de matérias-primas, que é o que fazem os países mais pobres, ou mesmo de produtos, mas de tecnologia e de serviços.
«Apostámos e investimos no talento e no desenvolvimento da inteligência do nosso povo. Isso foi consistente, houve a campanha de alfabetização, um grande investimento na educação e depois nos centros de investigação. Quando a revolução começou em Cuba existiam poucas universidades e hoje existem universidades em todas as províncias do país»
P: Porquê?
Porque o nosso capital fundamental é o capital humano, o capital intelectual. Fidel disse que esse era o futuro de Cuba, era a sua visão. Assim saímos do Período Especial, porque precisamente a forma de sair daqueles anos 90 foi reconvertendo a economia com base no investimento que o país tinha feito na educação e na ciência. Penso que, neste mundo moderno, mesmo nos países ricos, um factor limitante do desenvolvimento são os novos conhecimentos. Há décadas, a ciência avançava, gerava conhecimento e depois aplicava-o e transformava-o em tecnologia. Mas com o rápido avanço da revolução industrial, esse conhecimento esgotou-se e por isso, hoje, a solução está nos novos conhecimentos, para que existam realmente novas tecnologias. Isso significa que quem tiver capacidade de gerar ciência e conhecimento é quem terá o poder económico. Então a força motriz da ciência, que historicamente foi a preocupação do cientista, a curiosidade...
P.: …o perguntar porquê.
Essa é a curiosidade. A pergunta que é feita – isso continuará a existir. Mas há mais do que a pergunta: há uma procura real de conhecimento, caso contrário o progresso humano pára. Exemplo claro: o cancro. Hoje, para resolver o problema do cancro não basta aplicar os conhecimentos que já temos da ciência biológica.
P: Essa é a sua especialidade, o cancro.
Sim, trabalho com o cancro. Não basta aplicar o conhecimento existente para gerar produtos ou tecnologia. Com isso melhoramos, sim. Mas a solução definitiva para o problema do cancro passa pela geração de novos conhecimentos. Isso é ciência. O que quero dizer é que o desenvolvimento nos exige, nos reclama. Antes, o modelo era linear: a ciência gerava conhecimento que era traduzido em tecnologia, a tecnologia num produto com impacto económico e social, que era introduzido no mercado. Hoje tornou-se um modelo circular de ciência e inovação. Para resolver um determinado problema da humanidade são necessários novos conhecimentos e essa demanda torna-se na força motriz da ciência muito para além da curiosidade científica. Há hoje uma intencionalidade na ciência que exige progresso, exige desenvolvimento. Ciência o que é? É o processo de geração de novos conhecimentos. O que é a economia? O processo de criação e distribuição de riqueza. O que é inovação? A tradução de novos conhecimentos em geração de riqueza.
A cubana María Guadalupe Guzmán recebeu esta quinta-feira, em Paris, o Prémio Internacional L'Oréal-Unesco para a Mulher na Ciência, pela investigação que realizou sobre a dengue. Em declarações à imprensa, a cientista afirmou que o prémio que lhe foi concedido pertence a todas as mulheres que fazem ciência em Cuba, país onde 53% dos trabalhadores da ciência e mais de 50% dos investigadores são mulheres – um cenário bem diferente do de outros países neste sector. «É uma grande honra, mas sobretudo é um reconhecimento a todas as mulheres cubanas dedicadas à ciência, vejo-o assim», disse Guadalupe Guzmán à Prensa Latina, em Paris, onde a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realizou a cerimónia de entrega dos galardões «Mulher na Ciência», referentes à sua edição 24. A Fundação L'Oréal e a Unesco atribuíram o prémio à cientista cubana pelos seus trabalhos pioneiros sobre a dengue e toda uma vida devotada à investigação para prevenir e salvar vidas humanas, recorrendo às biociências. De acordo com uma nota emitida pela Unesco em Setembro do ano passado, ao anunciar a atribuição do prémio, Guzmán destacou-se pela pesquisa em torno da dengue, doença que infecta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos, sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais. O trabalho da professora e directora do Centro de Investigação, Diagnóstico e Referência do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri permitiu entender melhor a patogénese da dengue, o tratamento dos seus sintomas e a sua prevenção. María Guadalupe Guzmán foi uma das cinco galardoadas com o Prémio Internacional L'Oréal-Unesco para a Mulher na Ciência referente a 2022, tendo obtido a distinção na área geográfica América Latina e Caraíbas. O prémio foi também atribuído à bioquímica norte-americana Katalin Karikó (América do Norte), à neurocientista chinesa Hailan Hu (Ásia e Pacífico), à especialista em saúde pública ruandesa Agnès Binagwaho (África e Estados Árabes) e à embriologista espanhola Ángela Nieto (Europa). Na cerimónia desta quinta-feira, em que foram também entregues os prémios relativos a 2020 e 2021, a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou que as mulheres apenas representem um em cada três investigadores e apenas 10% dos envolvidos no campo da inteligência artificial. «Trabalhemos juntos para eliminar pela base, com o apoio da educação, os estereótipos», disse. A cientista cubana vive num país com uma realidade diferente e, ao intervir, teve palavras de esperança e encorajamento: «A mulher tem um dever perante o mundo e conta com o potencial para chegar tão longe quanto se propõe», afirmou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cientista cubana vê trabalho sobre a dengue reconhecido pela Unesco
Contribui para uma boa ideia
P: Qual é então o papel do socialismo neste processo?
Essa é a pergunta. No capitalismo, esta força motriz é estreitamente governada pelo mercado de um ponto de vista puramente do lucro, da utilidade para um empresário. Nós também temos um mercado, mas o nosso mercado é, pelo menos em Cuba, orientado pelas necessidades da população. Por exemplo, na saúde, onde trabalho: quais são as nossas prioridades, no desenvolvimento e na investigação, os principais problemas de saúde do país? Não é só porque vou comercializar um produto que me dá mais dinheiro, mas porque vou ter um produto que resolve um problema de saúde, que reduz a mortalidade, que aumenta a sobrevivência dos pacientes. Existe uma maneira de orientar a prioridade da ciência e da tecnologia para um impacto. Temos de ter sustentabilidade financeira em qualquer sistema, claro, porque senão isso não aconteceria – queremos ser justos, equitativos, distribuir, mas se não se tem nada para distribuir, o que se pode distribuir é nada.
P: É necessário produzir.
Precisamente. Penso que no socialismo as prioridades estão aí. Além disso, a saúde como conceito é uma falha de mercado. Os problemas de saúde não podem ser resolvidos apenas como um problema de mercado, de oferta e de procura. É por isso que o socialismo é superior. O socialismo tem outra coisa importante, pelo menos a meu ver, que é o conceito de planeamento estratégico. Não é que se planeie agora que uma empresa só pode fazer isso ou aquilo, mas existe, como governo, como sistema, uma visão, objectivos estratégicos, onde e como chegar lá. Por exemplo, em Cuba temos o programa Plano de Desenvolvimento 2030, com indicadores. Queremos mudar a matriz energética e ter mais energia renovável. Queremos reduzir a mortalidade em 10%. Ou seja, estabelecem-se metas e depois os recursos são colocados em função delas. Acredito que o socialismo é precisamente uma vantagem para a governação de qualquer sistema de ciência e inovação.
P.: É necessário esclarecer, para o ocidente capitalista, que o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 em Cuba não foi, por isso, algo que nasceu com a pandemia, mas sim o resultado de todas estas políticas, desta visão. Vamos falar um pouco sobre como surgiram as vacinas.
Havia a clareza de Fidel: para um país pobre, bloqueado e isolado como Cuba, o investimento em ciência e inovação foi grande. Dir-me-ia: por que não investiram mais em ter uma maior variedade de calçado ou de cosméticos, e investiram em ciência e tecnologia? Acredito que isto nos deu soberania tecnológica e a soberania tecnológica também nos deu soberania política. Significa que a revolução investiu no capital humano. A revolução investiu cedo na biotecnologia, na indústria farmacêutica, e é precisamente esse investimento que nos permitiu, no momento em que houve aquela emergência sanitária, já ter capacidades científicas, tecnológicas, industriais e humanas. E esse é o factor, na verdade, a vontade das pessoas, o compromisso, a motivação, porque, vejamos... [silêncio. Emociona-se]
P: Foi um período muito difícil.
Isto emociona-me um pouco... Porque no fundo, repare, se não tivéssemos feito o investimento pretérito que fizemos em biotecnologia, em educação, em formação humana de qualidade, isto não teria sido possível. Não é um milagre, nem é uma coincidência. Acredito que isso efectivamente faz parte de um sistema socialista, porque fazer a vacina em tão pouco tempo foi um trabalho altamente integrado em muitas instituições, não foi uma única empresa, houve uma coordenação.
P.: Nem foi um cientista génio.
Nem o génio, nem o que pediu dinheiro e que, se não ganhasse tanto, não o faria. Ou seja: ética, valores, princípios, organização. Disse aos meus colegas que uma conquista fundamental que permitiu superar a Covid foi a nossa organização social, isto é, a forma como a sociedade cubana está organizada, que com tão poucos recursos, o conseguiu. Li e ouvi dizer sobre os milhares de milhões de dólares que circulavam no mundo, não gostaria de dar um número, em dólares, sobre o que Cuba investiu, mas digo-lhe que foram dezenas, não centenas de milhões. E houve quem com mil milhões não o conseguisse. Porquê? Porque o dinheiro foi colocado nas coisas essenciais, naquilo em que tinha de ser colocado. Mais, o trabalho foi coordenado entre as nossas empresas, com as universidades que cooperaram com os centros científicos, todos juntos. O socialismo permite isso, porque existe essa organização social. Mas não foi só isso: vamos supor que já tínhamos a vacina. O problema da vacina não é ter o medicamento, é a campanha de vacinação.
P: Essa foi ainda outra organização.
Precisamente. Como é que Cuba conseguiu vacinar quase toda a população em seis meses? Além disso, para crianças com mais de dois anos, fomos o primeiro país do mundo a vacinar a população pediátrica. Isto teve um impacto enorme no controlo da doença, porque as crianças, regra geral, tinham uma evolução melhor, ou seja, eram assintomáticas. Mas havia o avô. O avô era infectado e morria. Então também cortámos a transmissão, não só de doenças graves, mas também, diria, da morbilidade, porque ao proteger a população pediátrica eliminou-se muita transmissão do vírus. Agora até parece que foi um acto heróico do sistema de saúde: foram montados centros de vacinação a nível comunitário, nas escolas, nas creches, foram criadas todas as condições, com médicos, enfermeiros e famílias.
«Os problemas de saúde não podem ser resolvidos apenas como um problema de mercado, de oferta e de procura. É por isso que o socialismo é superior. O socialismo tem outra coisa importante, pelo menos a meu ver, que é o conceito de planeamento estratégico. […] Ou seja, estabelecem-se metas e depois os recursos são colocados em função delas. Acredito que o socialismo é precisamente uma vantagem para a governação de qualquer sistema de ciência e inovação»
P: Mas também havia muita informação científica.
Houve uma grande compreensão das pessoas e isso foi importante. Os Estados Unidos tomaram a vacina primeiro, alguns meses antes, e vacinaram apenas 50% da população porque lá existe um movimento anti-vacinas, num país que se supõe ser mais desenvolvido, com pseudociência, obscurantismo, ignorância. Como é possível um país assim? No socialismo isso não existe. Creio que o outro grande sucesso das vacinas não veio só do laboratório, dos cientistas. Nós, cientistas, tínhamos dois chapéus: um chapéu científico e um chapéu de comunicador social. Fomos à televisão, fui muitas vezes, outros colegas também, para explicar às pessoas o que estávamos a fazer, com que resultados, como estávamos a progredir. A ciência tinha uma cara, um rosto. Não andávamos às escondidas com a vacina. Não. A vacina é esta, nós estamos a fazer isto, estes são os nossos resultados, e, bom, houve uma participação massiva da população na vacinação.
P: As pessoas queriam ser vacinadas.
O povo queria. As crianças queriam. A ciência entrou nos lares cubanos, nas suas casas. Mas entrou, diria, e de alguma forma, num momento tão difícil para o país, elevou o orgulho nacional.
P: Houve, no entanto, inúmeras limitações.
Foi muito difícil, houve limitações enormes. Sofremos muito por isso, porque poderíamos tê-lo feito em menos tempo. Mas graças aos donativos de agulhas e seringas, conseguimos. Portugal foi um país que nos apoiou. Porque, imagine, às vezes a gente tinha o produto, mas não tinha seringa. Foi terrível. Às vezes, não tínhamos o recipiente. Ou não tínhamos certos produtos que eram necessários e tínhamos de procurar soluções através de amigos, através de empresas que compravam em seu nome o que precisávamos, e depois mandavam para Cuba. Foi assim, fazendo algumas trampas [artifícios, armadilhas] por causa do bloqueio.
P: Muitas pessoas pensam que o bloqueio é uma espécie de fantasma. É muito importante ver como ele afecta coisas específicas do seu quotidiano. Por exemplo, chega ao laboratório e não há o que precisa, e nem consegue comprar?
Às vezes, vamos comprar e temos o dinheiro. Aí surgem problemas de transporte – conseguimos através de barcos ou aviões, mas depois não chegam. Por vezes, tínhamos dinheiro e não podíamos pagar porque havia bancos que se recusavam a fazer as transacções financeiras. Porque o bloqueio também é financeiro, é um bloqueio comercial, económico e financeiro. E também foi intensificado [por Trump] durante a pandemia. Sabe o que mais me incomoda? Por que razão no meio de uma emergência deste tipo não houve uma trégua connosco? Quando houve guerras no mundo, problemas dessa natureza...
P: Uma espécie de cessar-fogo?
Uma bandeira branca. Meus senhores, vamos chegar a um acordo? E depois continuamos a luta. Mas primeiro vamos resolver este problema. Não! Usaram a pandemia como mais um elemento para nos fazer claudicar. E não conseguiram. O bloqueio é muito, muito real. Aqui, em Portugal, muitas empresas não fazem transacções connosco porque temem retaliações, porque para essa empresa o mercado americano pode ser importante. É um problema de negócios. Não creio que seja um sentimento contra Cuba. E o bloqueio é realmente muito violento. Outra consequência negativa do bloqueio: por exemplo, materiais de embalagem que eram para outros medicamentos. Como havia a prioridade da vacina, isso teve um custo: faltavam para os outros medicamentos. Tivemos de apertar muito o cinto porque havia uma prioridade, e cumprimo-la, mas isso teve um custo e danos. E dos milhares de milhões que existiam no mundo, nem um quilo do que foi a campanha mundial das vacinas chegou a Cuba. Nada chegou. Disseram-nos, vamos mobilizar, vamos ver como Cuba coopera com outros países. Concordamos. Mas tem de haver uma compensação mínima, porque Cuba está a deixar de produzir outros medicamentos de que necessita para poder fazer esta vacina. As capacidades industriais que tínhamos e eram utilizadas para outros produtos estavam agora todas concentradas na vacina. Deixámos de produzir outras vacinas e outros produtos.
Começou esta quarta-feira, em 4 municípios de Havana, o que foi designado como «intervenção sanitária em grupos e territórios de risco». A previsão é que 70% da população do país esteja vacinada em Agosto. De acordo com a informação divulgada pelas autoridades de Saúde cubanas, entre Maio e Junho irão receber as três doses da candidata a vacina Abdala voluntários dos municípios de San Miguel del Padrón, Habana del Este, Guanabacoa e Regla, abrangendo 396 382 habitantes. Para a última semana de Maio, prevê-se o início do teste nos municípios de Boyeros, Cotorro e Arroyo Naranjo, com 382 016 pessoas, num processo que irá decorrer até Julho, segundo o Ministério da Saúde Pública (Minsap). Entre os meses de Maio e Junho, receberão as doses da Abdala os trabalhadores e estudantes de saúde de todo o país que não foram vacinados nos estudos de intervenção desta candidata a vacina, abrangendo, no total, 474 676 pessoas, informa a Prensa Latina. Recentemente, o ministro da Saúde, José Angel Portal, explicou que «esta intervenção sanitária com carácter temporário» se realizará até que o Centro para o Controlo Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed), a entidade reguladora em Cuba, autorize a utilização massiva da Abdala e da Soberana 02 – a outra candidata cubana que se encontra na Fase III dos testes clínicos. O titular da pasta da Saúde afirmou que a investigação e o desenvolvimento de vacinas cubanas contra a Covid-19 têm resultados demonstrados nas suas diferentes etapas de estudo, pelo que foi tomada esta decisão de avançar com a imunização da população. Participando há dias no programada de TV «Mesa Redonda», Olga Lidia Jacobo Casanueva, mestre em Ciências e directora do Cecmed, defendeu, de forma sustentada, que ambos os fármacos – Abdala e Soberana 02 – são seguros e desenvolvem uma resposta imune. Começa esta segunda-feira a aplicação da segunda dose, na 3.ª fase dos ensaios clínicos, da Soberana 02 e Abdala, candidatas cubanas a vacinas anti-Covid-19 cada vez mais próximas de mostrar a sua eficácia. O anúncio foi feito ontem pelo Grupo Empresarial das Indústrias Biotecnológica e Farmacêutica de Cuba (BioCubaFarma), através da sua conta no Twitter. Ambas as formulações integram uma lista de 24 vacinas de subunidades que estão a ser desenvolvidas no mundo e fazem parte do grupo de 16 que actualmente progridem na terceira etapa dos seus ensaios, informa a agência Prensa Latina. A mesma fonte revela que esta fase tem como principal objectivo avaliar a eficácia, a segurança e a imunogenicidade da vacinação contra o SARS-CoV-2, que provoca a doença, e caracteriza-se por ser multicêntrica, adaptativa, em grupos paralelos, randomizada, controlada com placebo e com a aplicação do método duplo-cego. A Soberana 02, do Instituto Finlay de Vacinas, foi a primeira candidata a iniciar o estudo, no passado dia 8 de Março, na capital cubana, com 44 010 voluntários entre os 19 e 80 anos. O seu esquema de imunização é de zero, 28 e 56 dias. Cuba conta com cinco candidatas a vacinas contra a Covid-19. A Soberana 02 iniciou esta segunda-feira a terceira fase dos testes clínicos em vários municípios de Havana. O processo deve demorar três meses. O anúncio foi feito na conta oficial de Twitter do Instituto Finlay, que lidera o projecto e também informou que, nesta etapa, os estudantes da Universidade de Havana e da Universidade Tecnológica de Havana José Antonio Echeverría irão dar apoio no que toca ao processamento de dados. Dagmar García, directora de investigações do Instituto Finlay, destacou recentemente que a entrada da Soberana 02 na terceira fase dos testes é algo de inédito na história das vacinações em Cuba, tendo em conta o elevado número de voluntários (mais de 44 mil) e os resultados positivos alcançados nas etapas clínicas anteriores. O estudo, que tem nos seus objectivos a avaliação da eficácia do produto, abrange indivíduos com idades entre os 19 e os 80 anos, em oito municípios de Havana, para os quais já estão prontas as 320 mil doses necessárias. María Eugenia Toledo, investigadora principal do teste clínico, explicou à Prensa Latina que os voluntários serão vigiados até completar os 28 dias entre uma dose e a seguinte. Desta etapa estão excluídas, entre outras, as grávidas, mulheres em fase pós-parto e amamentação, pessoas com doenças cancerígenas ou com doenças crónicas que limitem a vacinação, pessoas com HIV cuja carga viral seja detectável, assim como pessoas com doenças febris ou infecciosas agudas nos sete dias anteriores à administração da vacina ou no momento da sua aplicação, refere a agência. Os cientistas do Instituto Finlay referiram que o estudo deverá ter uma duração de 90 dias a partir da última dose administrada. Numa entrevista ao portal peruano Exitosa Noticias, o director do instituto, Vicente Vérez, estimou que o processo esteja concluído em meados do ano e que a vacinação massiva com a Soberana 02 possa avançar em Julho. No site constam ainda declarações do ministro da Saúde do Peru, Óscar Ugarte, que dão conta do interesse do país sul-americano pelo desenvolvimento das vacinas Soberana 02 e Abdala, as mais avançadas das cinco candidatas cubanas a vacinas contra o vírus SARS-COV-2. A Soberana 02 entrou na terceira etapa de testes depois de receber luz verde do Centro para o Controlo Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed), a entidade reguladora do processo. Ao abordar a questão no programa de TV «Mesa Redonda», o director de Ciência e Inovação do Grupo Empresarial BioCubaFarma, Rolando Pérez Rodríguez, qualificou o facto como «um marco», uma vez que o imunógeno referido é o primeiro desenvolvido na América Latina que chega a esta etapa, indica o diário Granma. Disse ainda esperar que o Cecmed dê autorização para que a Abdala também inicie este mês a terceira etapa dos testes clínicos. Segundo dados oficiais, referidos pelo Grama, a 1 de Março último havia 308 candidatas a vacinas contra a Covid-19, 81 das quais em fases de testes; destas, 16 estavam na terceira etapa, sem contar com a Soberana 02 e a Abdala, que vão fazer subir essa lista para 18. No portal da Organização Mundial da Saúde (OMS), há 15 vacinas registadas ou com autorização para uso de emergência. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Já a aplicação da primeira dose da Abdala, segunda candidata cubana a chegar a esta fase, desenvolvida pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia, teve início no passado dia 22 de Março. O seu esquema de vacinações é mais curto (zero-14-28 dias), e a primeira dose foi aplicada em apenas dez dias a 48 mil voluntários nas províncias de Santiago de Cuba, Guantánamo e Granma, que têm tido grande incidência de contágios nos últimos tempos. A este propósito, Francisco Hernández, doutor em Ciências, disse ao Granma que ter conseguido recrutar 48 mil voluntários em apenas dez dias e que todos tenham a primeira dose aplicada foi uma epopeia, fruto do trabalho integrado de muitas instituições e da participação e confiança da população. María Eugenia Toledo Román, investigadora principal dos ensaios clínicos da Soberana 02, pronunciou-se no mesmo sentido, sublinhando que o êxito da etapa inicial se deveu, em grande medida, à disposição da população para participar nos estudos. A administração da segunda dose da Soberana 02 e da Abdala, que agora se inicia, envolve mais de 92 mil pessoas. O objectivo da comunidade científica cubana é conseguir vacinar com uma vacina desenvolvida no país cerca de 70% da população da Ilha em Julho e Agosto. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Como entidade reguladora, podemos dizer que os dois candidatos a vacinas têm um perfil de segurança adequado. Relativamente à imunogenicidade, comprovámos o aparecimento de títulos de anticorpos e também a sua qualidade, o que garante o aumento da resposta imune», afirmou, citada pelo Granma. A especialista definiu a tentativa de trabalhar com cinco candidatas a vacinas anti-Covid-19 como um grande desafio e elogiou o trabalho dos cientistas cubanos, únicos no mundo com esta quantidade de propostas em desenvolvimento. As autoridades sanitárias cubanas estimam que, em Agosto, 70% da população do país esteja vacinada. Apesar do bloqueio económico, comercial e financeiro que lhe é imposto pelos EUA, Cuba pode ser o primeiro país a imunizar toda a sua população com vacinas próprias, investigadas e desenvolvidas pela comunidade científica da Ilha. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cuba pode ser o primeiro país a imunizar a sua população com vacinas próprias
Candidatas seguras e com resposta imune
Internacional|
Cuba mais próxima de alcançar uma vacina própria contra a Covid-19
Internacional|
Vacinas: Soberana 02 avança para a fase III e Abdala está lá quase
Duração prevista de 90 dias e a Abdala à espreita
Mais de 300 candidatas a nível mundial
Contribui para uma boa ideia
Contribui para uma boa ideia
Contribui para uma boa ideia
P: Como foi a cooperação?
Disseram-nos: por que não nos juntamos? Se alguém fizer um investimento, ajudamos países que podem sempre compensar com um preço muito justo, que nos permitiria sustentar o investimento – senão, como o faríamos? A ideia era, por exemplo, transferir tecnologia. E foram feitos acordos com alguns países até para transferência de tecnologia, porque a ideia era ajudar, mas não somos mágicos. Se não temos recursos ou não temos como produzir... repito: conseguimos vacinar toda a população num curto espaço de tempo e depois produzir as doses de reforço. E trabalhámos com países em que as agências reguladoras aprovaram o nosso produto e a operação comercial ou mesmo transferência de tecnologia podia ser realizada. Sempre nos criticaram porque não houve certificação da Organização Mundial de Saúde. Mas não fomos rejeitados, estamos ainda neste processo, lentamente, porque temos uma agência reguladora própria e a nossa prioridade é a população cubana. Produzimos em Cuba onze vacinas diferentes para o Programa de Vacinação Infantil, produzimos para o Programa Nacional de Vacinação, e isso tem de ser para as nossas crianças, não pode ser só para a Covid.
P.: Apesar do investimento em capital humano feito pela revolução, uma das crises que Cuba atravessa hoje é também a fuga de cérebros e especialmente de cientistas altamente qualificados. Isso também é consequência do bloqueio.
De facto. Mas, repare, sempre tivemos essa ameaça e não é só Cuba, acho que todos os países latino-americanos.
P: Portugal também.
Exactamente, é um problema dos países periféricos. Os outros, claro, oferecem mais. Penso que evidentemente este é um problema que existe e com este agravamento do bloqueio e a situação geral de crise global se acentua. Temos um problema demográfico, não só de fuga de cérebros, em geral, há um êxodo que estamos a tentar resolver porque obviamente o país exige um equilíbrio do ponto de vista demográfico. Cuba flexibilizou a sua política de imigração e não podemos recuar em relação a isso. É uma realidade que temos de enfrentar. Temos de continuar a trabalhar com a emigração cubana. Os emigrantes hoje não são nossos inimigos, como eram no início da revolução, são seres humanos que procuram um projecto de vida onde possam cumprir uma determinada expectativa, que não conseguem alcançar no país, porque o país está a passar por uma situação muito difícil. É compreensível e, de alguma forma, em algum momento, essas pessoas poderão ajudar-nos novamente, de onde quer que estejam ou voltando para Cuba, se houver condições. Mas, olhe, eu tive a experiência de trabalhar noutros países, de fazer formação no exterior, e esse fenómeno de instabilidade laboral, não só de emigrar para outro país, mas países onde os cientistas, mesmo os jovens, não têm um cargo permanente e só têm uma bolsa atrás de outra bolsa...
P.: Essa é a realidade da ciência em Portugal, instabilidade e precariedade.
Imagine-se essa instabilidade! Em Cuba, estamos habituados ao facto de um trabalhador ser sempre nosso, isto é, começa connosco, desenvolve a sua carreira, e reforma-se. Felizmente continuamos a formar muita gente, temos uma ampla rede e matrículas universitárias. Não creio que a emigração nos impeça de continuar a desenvolver a ciência no nosso país.
Pioneira no desenvolvimento de novas tecnologias para o tratamento de doenças neurodegenerativas, Cuba está a aplicar com êxito um método contra o Alzheimer e o Parkinson, afirma o diário La Jornada. De visita ao México, Héctor Vera Cuesta, director do Centro Internacional de Restauração Neurológica (Ciren), deu uma entrevista ao diário, na qual deu conta do avanço que representa para os doentes este tratamento, a partir de uma molécula que evita que os neurónios continuem o processo de degeneração. É uma substância denominada NeuroEPO, que melhora a qualidade de vida dos pacientes. «O mecanismo da molécula é neuro-protector. Evita que os neurónios continuem a degenerar-se, a morrer», explicou. «O que faz é prolongar um pouco mais a vida destas células do sistema nervoso, pelo que os sintomas são mais espaçados, a doença não tem uma evolução tão rápida», disse o neurologista cubano. Especialista em genética médica, afirma que os resultados em pacientes com Parkinson e Alzheimer foram «espectaculares». O estudo começou em doentes com Parkinson e detectou-se que a substância referida melhorou a sua condição motora, mas muito mais a parte cognitiva, refere o periódico. A cubana María Guadalupe Guzmán recebeu esta quinta-feira, em Paris, o Prémio Internacional L'Oréal-Unesco para a Mulher na Ciência, pela investigação que realizou sobre a dengue. Em declarações à imprensa, a cientista afirmou que o prémio que lhe foi concedido pertence a todas as mulheres que fazem ciência em Cuba, país onde 53% dos trabalhadores da ciência e mais de 50% dos investigadores são mulheres – um cenário bem diferente do de outros países neste sector. «É uma grande honra, mas sobretudo é um reconhecimento a todas as mulheres cubanas dedicadas à ciência, vejo-o assim», disse Guadalupe Guzmán à Prensa Latina, em Paris, onde a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realizou a cerimónia de entrega dos galardões «Mulher na Ciência», referentes à sua edição 24. A Fundação L'Oréal e a Unesco atribuíram o prémio à cientista cubana pelos seus trabalhos pioneiros sobre a dengue e toda uma vida devotada à investigação para prevenir e salvar vidas humanas, recorrendo às biociências. De acordo com uma nota emitida pela Unesco em Setembro do ano passado, ao anunciar a atribuição do prémio, Guzmán destacou-se pela pesquisa em torno da dengue, doença que infecta entre 50 e 100 milhões de pessoas todos os anos, sobretudo nas regiões tropicais e subtropicais. O trabalho da professora e directora do Centro de Investigação, Diagnóstico e Referência do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri permitiu entender melhor a patogénese da dengue, o tratamento dos seus sintomas e a sua prevenção. María Guadalupe Guzmán foi uma das cinco galardoadas com o Prémio Internacional L'Oréal-Unesco para a Mulher na Ciência referente a 2022, tendo obtido a distinção na área geográfica América Latina e Caraíbas. O prémio foi também atribuído à bioquímica norte-americana Katalin Karikó (América do Norte), à neurocientista chinesa Hailan Hu (Ásia e Pacífico), à especialista em saúde pública ruandesa Agnès Binagwaho (África e Estados Árabes) e à embriologista espanhola Ángela Nieto (Europa). Na cerimónia desta quinta-feira, em que foram também entregues os prémios relativos a 2020 e 2021, a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou que as mulheres apenas representem um em cada três investigadores e apenas 10% dos envolvidos no campo da inteligência artificial. «Trabalhemos juntos para eliminar pela base, com o apoio da educação, os estereótipos», disse. A cientista cubana vive num país com uma realidade diferente e, ao intervir, teve palavras de esperança e encorajamento: «A mulher tem um dever perante o mundo e conta com o potencial para chegar tão longe quanto se propõe», afirmou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. É uma das moléculas «que vão dar que falar no mundo». «Recentemente – disse –, publicámos um artigo conjunto com o Centro de Neurociências de Cuba, que confirma, com uma análise estatística bem desenvolvida, que é eficaz. Não há dúvida.» Vera Cuesta anunciou que em breve a NeuroEPO poderá ser comercializada. «Queremos fazer uma fase IV (do estudo clínico), porque toda a molécula nova tem um processo de investigação rigoroso. Nesta etapa queremo-la aplicar de forma massiva», explicou. Actualmente, estão a ser identificados na Ilha hospitais onde o estudo vai ser realizado, pois «não tem efeitos secundários. É muito inócua e muito fácil de administrar, porque é por via nasal, onde se administram umas gotinhas», esclareceu. Acrescentou que o desenvolvimento deste medicamento é levado a cabo por centros cubanos de biotecnologia e que o Ciren o testou em pacientes. O Ciren foi criado há 33 anos por Fidel Castro, sem fins lucrativos e para o desenvolvimento das neurociências. Ali, «aplicamos um programa único no mundo. Reunimos 11 especialistas em função de um paciente», disse Cuesta. «Trata-se de uma equipa multidisciplinar que cuida de um paciente de forma integral e personalizada, conseguir isso é muito difícil» para qualquer país do mundo, mas em Cuba isso é possível «graças ao compromisso e à capacidade dos especialistas», afirmou o cientista cubano. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cuba desenvolve com êxito tratamento contra Alzheimer e Parkinson
Internacional|
Cientista cubana vê trabalho sobre a dengue reconhecido pela Unesco
Contribui para uma boa ideia
Contribui para uma boa ideia
P.: Por fim, que outros projectos estão a ser desenvolvidos pela BioCubaFarma, em colaboração com o exterior, ou em protótipo, num futuro próximo.
Temos uma carteira com cerca de 400 projectos de pesquisa e desenvolvimento que se dividem em produtos biotecnológicos e biofarmacêuticos. E também medicamentos genéricos, porque precisamos de substituir importações. Também desenvolvemos equipamentos médicos, produtos de origem natural, e temos um portfólio em biotecnologia agrícola, para a produção de alimentos. Agora, os produtos mais inovadores estão concentrados nos biofarmacêuticos, em que 75% são projectos em que temos patentes próprias e elevada capacidade inovadora. Existem vários, mas a principal novidade são alguns produtos inovadores no cancro e doenças neurodegenerativas. Temos produtos que já estão em fase de ensaio clínico para a doença de Alzheimer, com resultados positivos. Estamos a negociar com algumas empresas no estrangeiro. Também temos produtos muito avançados no seu desenvolvimento para imunoterapia contra o cancro. Temos um acordo com o Roswell Park Cancer Centre, em Buffalo, Nova Iorque, uma empresa mista, com quem estamos a desenvolver um ensaio clínico de uma vacina terapêutica contra o cancro do pulmão, com resultados bastante promissores.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui