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Silvio Rodríguez: «Vivemos num mundo contraditório e injusto»

«Se aquilo que se gasta na destruição fosse para a saúde, tudo seria diferente», disse a uma rádio argentina o cantor cubano, defendendo que Fidel é o grande responsável por Cuba ser um país de ciência.

Créditos / radio.uchile.ch

Numa extensa entrevista à rádio AM750, Silvio Rodríguez abordou temas como a pandemia de Covid-19, as vacinas desenvolvidas na Ilha, o governo de Miguel Díaz-Canel e o bloqueio imposto ao seu país pelos Estados Unidos há seis décadas.

No que respeita à pandemia, Rodríguez destacou as conquistas da ciência em Cuba, país que criou as primeiras vacinas anti-Covid-19 na América Latina, sublinhando que se trata de mais um marco da política iniciada por Fidel Castro.

«Fidel Castro repetiu muitas vezes que tínhamos de ser um país de homens e mulheres de ciência», disse o cantautor cubano, acrescentando: «Além do talento e da abnegação dos nossos cientistas, estas vacinas existem graças à visão e ao esforço que implicou dar continuidade às ciências médicas em Cuba. O máximo responsável por isso foi Fidel.»

Afirmou que, se não fosse o bloqueio unilateral imposto ao país, as vacinas poderiam ter estado prontas muito mais cedo.

«É incontornável que o propósito do bloqueio foi asfixiar o povo de Cuba economicamente a tal ponto que as pessoas cheguem a repudiar o governo revolucionário», disse, recordando o abalo que o sector do turismo sofreu por causa da pandemia e que ainda continuam vigentes as 243 medidas que o governo de Trump impôs à Ilha para a asfixiar ainda mais.

Rodríguez sublinhou que o actual presidente norte-americano, Joseph Biden, não só deixou intactas as medidas de Trump, como as aprofundou. «Criaram uma série de obstáculos para gerar uma sensação de asfixia ainda maior», disse.

«Oxalá tudo isto nos torne mais humanos»

Reflectindo ainda sobre o contexto da pandemia e alguns aspectos que vieram à tona, Rodríguez afirmou que, «se aquilo que se gasta na destruição tivesse sido utilizado na saúde, tudo seria diferente».

O cantor considerou ainda «curioso e espantoso» que nos países ricos haja importantes sectores da população que não se queiram vacinar, enquanto nos países pobres muitas pessoas não se podem vacinar mesmo que o queiram.

«Vivemos num mundo contraditório e injusto», reflectiu. «Oxalá tudo isto nos torne mais humanos. Isso é o que faz falta», frisou.

Diálogo com gerações mais novas e Díaz-Canel, presidente de uma nova etapa

O trovador disse que gosta de conversar com as gerações mais novas «para saber como pensam» e trocar opiniões. «Não temos de concordar sempre nem de nos chatear por isso. O normal é não haver duas cabeças iguais», referiu Rodríguez na entrevista à rádio argentina.

Para o cantor, é importante manter activo o «espírito autocrítico», porque, defendeu, é com ele que «as conquistas da revolução se salvam e se mantêm», que «se ultrapassam os erros e a nossa soberania se consolida».

Questionado sobre o governo de Miguel Díaz-Canel, o cantor cubano disse que vê alguém «consciente de que a sua liderança inaugura uma nova fase, um novo compromisso governo-povo».

«Vejo um presidente que está constantemente em movimento para ouvir pessoas de diferentes esferas do saber», destacou.

Silvio Rodríguez recordou que, desde a tomada de posse de Díaz-Canel, em 2018, aumentaram os ataques do imperialismo contra Cuba. «Pela primeira vez, não estão à frente os líderes históricos da Revolução», afirmou o cantor, acrescentando que o imperialismo «vê nesta ausência um factor de debilidade e por isso está a multiplicar as agressões».

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