Centenas de milhares de pessoas manifestaram-se este domingo na capital do país, Saná, no contexto do Dia Nacional de Resistência e do oitavo aniversário do início da guerra imposta pela coligação dirigida pelos sauditas (26 de Março de 2015).
Durante a mobilização, os participantes gritaram palavras de ordem de apoio à resistência aos agressores, tal como ocorreu em Sa'ada, segundo refere a cadeia de TV al-Masirah.
Outras mobilizações tiveram lugar em províncias igualmente sob controlo do movimento de resistência Huti Ansarullah, como Ta'izz, Hajjah, al-Jawf, Ibb e al-Bayda, com concentrações nas praças das principais cidades, também com palavras de ordem, cartazes e faixas com mensagens de apoio à resistência e pelo fim da guerra.
Na capital, refere o portal The Cradle, Mohammed Ali al-Houthi, líder do Conselho Político Supremo do Iémen, discursou perante a multidão, enaltecendo a resistência do país contra aqueles «que pensavam que a sua batalha no Iémen ia ser um piquenique».
Al-Houthi denunciou os «massacres e crimes» cometidos no país árabe pela coligação agressora, que, acusou, «tem os Estados Unidos à cabeça».
O Iémen está empenhado numa «paz verdadeira, não numa paz mediática», disse o dirigente político em alusão às conversações em curso com vista a pôr fim à guerra, acrescentando que o governo em Saná «não estabeleceu condições impossíveis ou que contradizem o direito internacional».
«Vamos continuar a guiar-nos pela defesa dos legítimos direitos do nosso povo e da nossa pátria», sublinhou al-Houthi, destacando que o único caminho para a paz está no levantamento do cerco e da ocupação, e na expulsão dos agressores do país.
Oito anos de guerra, crise humanitária e necessidade de ajuda
Foi a 26 de Março de 2015 que a Arábia Saudita, com o apoio dos EUA, do Reino Unido e de outras potências europeias e regionais, lançou uma agressão militar contra o Iémen, tendo como objectivo declarado suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade que tinha sido deposto em 2014.
Nos oito anos de conflito, quase 400 mil pessoas perderam a vida, de acordo com a ONU, que se refere igualmente à pior crise humanitária do mundo num país cujas infra-estruturas foram arrasadas pelos bombardeamentos da coligação saudita.
O oitavo aniversário da guerra ocorre num contexto de confrontos acesos, na fronteira norte e determinadas províncias – como Marib e Shabwah –, entre o Exército iemenita (apoiado pelo movimento Huti Ansarullah) e militantes apoiados pelos sauditas.
O ano passado, foi alcançada uma trégua entre as partes, sob os auspícios da ONU, que começou a 2 de Abril e terminou seis meses depois, a 2 de Outubro, permitindo levar ajuda a milhões de pessoas.
Recentemente, a Unicef alertou que milhões de crianças enfrentam um risco acrescido de malnutrição no país, «onde uma criança morre a cada dez minutos de doenças evitáveis».
O arrastamento da guerra e a falta de fundos são preocupantes, segundo a agência das Nações Unidas, que alerta para a existência de 11 milhões de crianças a necessitar de ajuda.
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