Um porta-voz do Exército do Iémen informou esta quinta-feira que «as forças aéreas da [coligação] saudita-norte-americana» lançaram pelo menos 26 ataques aéreos, a grande maioria dos quais atingiu a província de Marib.
A mesma fonte militar, que não adiantou informações sobre vítimas ou danos materais causados, disse que se registaram ataques sauditas também nas províncias de Jawf, Sa'ada e al-Bayda, refere a HispanTV.
Por seu lado, a cadeia estatal de TV al-Masirah deu ainda conta de bombardeamentos na capital do país, Saná, e na província homónima, bem como na de Amran.
Estes ataques ocorrem depois de, na quarta-feira da semana passada, as forças agressoras terem afirmado que iriam calar as armas no Iémen, alegadamente para apoiar os esforços das Nações Unidas com vista a pôr fim à guerra, que se prolonga há cinco anos, e impedir a disseminação da Covid-19.
O cessar-fogo – assim chamado pelos seus promotores – entraria em vigor ao meio-dia de dia 9, por um período de duas semanas, eventualmente extensível.
Trégua «enganadora»
No entanto, ainda antes da sua implementação, aviões da coligação liderada pelos sauditas lançaram ataques em pelo menos três províncias iemenitas. E os bombordeamentos prosseguiram logo após a entrada em vigor da chamada «trégua», segundo denunciaram responsáveis do Exército do Iémen.
O movimento Huti Ansarullah, aliado do Exército, não deu grande importância ao anúncio de cessar-fogo, que classificou como uma «manobra» dos sauditas, tendo ainda lembrado, em declarações à al-Mayadeen TV, que estes «anunciaram diversos cessar-fogos no Iémen mas violaram-nos sempre».
Já depois da implementação da dita «trégua», o movimento Huti Ansarullah afirmou que o cessar-fogo era «falso e enganador» e que a coligação liderada pela Arábia Saudita tinha, inclusive, intensificado a ofensiva contra o Iémen.
Também alertou, na passada segunda-feira, para as afirmações «ridículas» da coligação, segundo as quais esta teria começado a cumprir a trégua e os Hutis a teriam violado, informa a PressTV.
A guerra de agressão contra o Iémen, apoiada pelo Ocidente, provocou grande destruição em zonas residenciais e arrasou quase inteiramente as infra-estruturas civis do país, incluindo hospitais, escolas, fábricas, sistemas de captação de água e centrais eléctricas, mergulhando-o naquilo que as Nações Unidas classificam como uma das piores crises humanitárias de sempre.
A população civil pagou um preço muito elevado. A Unicef denunciou que «o Iémen é um inferno para as crianças», pois estas são particularmente afectadas pela fome e por doenças como cólera, difteria, sarampo e dengue. Como consequência da agressão militar, pelo menos 80% da população iemenita – cerca de 22 milhões de pessoas – necessita de ajuda humanitária e dez milhões são «severamente afectadas pela fome».
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