De acordo com a informação divulgada pela Confederação Nacional de Acção Comunal, a vítima passou os últimos dez dias entre a vida e a morte, depois de ter sido brutalmente atacada em Aguas Claras, numa zona rural do município de Tumaco (departamento de Nariño), junto à fronteira com o Equador.
Maritza Ramírez Chaverra tinha 42 anos e era a presidente da Junta de Acção Comunal de Aguas Claras, onde desenvolvia projectos de substituição de cultivos de uso ilícito na região, refere a Prensa Latina.
O assassinato de Ramírez Chaverra vem juntar-se a uma lista que, desde 2016, tem vindo sempre a crescer. De acordo com um relatório publicado recentemente pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), conjuntamente com a Marcha Patriótica e a Cimeira Agrária, entre 1 de Janeiro de 2016 – ano da assinatura dos acordos de paz entre o governo e as FARC-EP – e 10 de Janeiro de 2019 foram assassinados na Colômbia 566 dirigentes sociais.
O relatório do Indepaz precisa que, em 2016, foram assassinados 116 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos; em 2017, o número subiu para 191, e, no ano passado, para 252. Os departamentos do Cauca, Antioquia, Nariño e Valle del Cauca são os que registam um maior número de casos.
Tumaco é, de acordo com o Indepaz, o município colombiano com mais hectares plantados de coca – 20 mil –, sendo que as estimativas apontam 170 mil hectares de plantações em toda a Colômbia (principal produtor de cocaína do mundo).
Ainda segundo o relatório do Indepaz, Tumaco (e o departamento de Nariño em geral) é uma das regiões mais violentas do país andino, o que em parte se deve à presença de grupos armados e à elevada prevalência do narcotráfico.
Aqueles que lutam pela implementação dos Acordos de Havana, nomeadamente no que respeita à questão central do conflito colombiano – a terra e os seus recursos – e ao programa acordado sobre a substituição de cultivos de uso ilícito, são frequentemente um alvo.
Na quarta-feira passada, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês) alertou precisamente para a situação no município de Tumaco, onde mais de 700 pessoas, afrodescendentes e indígenas, correm o risco de serem deslocadas das suas comunidades, em virtude dos combates entre grupos armados de criminosos, informa o El Espectador.
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