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Lições da Revolução Sandinista reavivadas na Cidade da Guatemala

Quando passam 40 anos sobre o triunfo da Revolução Sandinista, guatemaltecos e nicaraguenses destacaram a importância desse triunfo para as lutas de libertação nacional na América Central.

Nicaraguenses celebram o Dia da Alegria e o triunfo da Revolução Sandinista (imagem de arquivo)
Nicaraguenses celebram o Dia da Alegria e o triunfo da Revolução Sandinista (imagem de arquivo) Créditos / vivanicaragua.com.ni

Organizado pela Embaixada da Nicarágua na Guatemala, com o apoio da Escola de História da Universidade de São Carlos (Usac), o debate «40 Revoluções» juntou no espaço universitário vozes que procuraram levar os presentes a entender o significado dos dias 17 e 19 de Julho de 1979, quando o ditador Anastasio Somoza abandonou a Nicarágua e as forças da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) entraram na capital, Manágua, pondo fim à ditadura de Anastasio Somoza Debayle e à dinastia somozista, que dominava o país desde os anos 30.

Alejandro Bravo, escritor e advogado nicaraguense, lembrou esta quarta-feira que 17 de Julho é, no seu país, o Dia da Alegria, pois nele se assinala a rendição da Guarda Nacional e o «trilho de botas, uniformes e espingardas dos que abandonavam o traje [militar] para se disfarçarem de civis e fugirem», informa a Prensa Latina.

Por seu lado, a embaixadora da Nicarágua na Guatemala, Lillian Méndez, afirmou que no dia 19 de Julho de 1979 teve início uma «etapa bonita», pois «o povo oprimido, o povo empobrecido, o povo explorado acordou de um longo pesadelo e começou a viver esta bela revolução, que trouxe consigo reforma agrária, alfabetização, saúde, educação gratuita, entre outras conquistas sociais».

Num encontro em que estiveram presentes representantes das missões diplomáticas de El Salvador, Costa Rica, Cuba, Rússia e Venezuela, além de funcionários da Usac, na capital guatemalteca, Silvia Solórzano disse aos presentes que o triunfo da revolução não teve apenas impacto no seu país mas em toda a América Central.

O encontro «40 Revoluções», na Cidade da Guatemala, contou com a participação de várias missões diplomáticas sediadas na capital guatemalteca Créditos

Membro da União Revolucionária Nacional Guatemalteca, Solórzano afirmou que sempre estiveram ao corrente das lutas independentistas em África, primeiro, e depois em Cuba, a grande referência, mas que «a vitória sandinista foi a euforia completa, o sonho, feito realidade, de que era possível tomar o poder», refere a Prensa Latina.

Solórzano explicou que as forças guerrilheiras guatemaltecas e salvadorenhas estiveram sempre próximas das nicaraguenses – daí «termos sentido como nosso o triunfo de 19 de Julho, que nos deu força e nos deixou como lição indiscutível a necessidade da unidade para alcançar os objectivos da luta», disse.

Mauricio Chaulón, professor no Instituto de Investigações da Escola de História da Usac, disse que a Nicarágua foi sempre um dos «palcos da intervenção imperialista na América Central», algo que ficou patente, nos tempos mais recentes, na tentativa de destruir a paz e a unidade nacional. Ainda assim, Chaulón defendeu que, se a «Nicarágua foi alvo de uma intervenção permanente, também foi permanente o seu processo de organização e reorganização».

«Sandino é um herói do mundo»

David Choquehuanca, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Bolívia e actual secretário-geral da Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América (ALBA-TCP), está na Nicarágua para participar nas comemorações do 40.º aniversário do triunfo da Revolução Sandinista.

Em declarações à Prensa Latina, referiu-se à vigência do legado do patriota e revolucionário nicaraguense Augusto César Sandino, que lutou contra a ocupação norte-americana do seu país na primeira metade do século XX.

«Homens como Sandino não morrem; vão estar sempre presentes nas nossas lutas, vigentes, porque as lutas dos nossos povos não acabam até que alcancemos a independência absoluta», frisou.

Choquehuanca, que afirmou a importância de recordar «tudo o que mudou a partir do dia 19 de Julho de 1979» e de o transmitir às gerações mais novas, alertou que «sempre haverá ataques, não só à Nicarágua, mas também a Cuba, à Venezuela, à Bolívia».

Defendeu, no entanto, que «não se pode ter medo deles» e que «a resposta está em erguermos a voz, em governarmo-nos a nós mesmos, seguindo o nosso próprio pensamento, de acordo com as características dos nossos povos, as suas identidades e culturas».

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