Rosa Murillo e Daniel Ortega, co-presidentes da Nicarágua, presidiram à cerimónia que, no sábado à noite, juntou milhares de compatriotas e representantes de delegações estrangeiras na capital do país centro-americano, para celebrar os 46 anos da Revolução Popular Sandinista.
Murillo destacou «o glorioso combate» dos nicaraguenses contra qualquer forma de dominação e exploração. «Derrotaram os imperialistas da terra», afirmou, sublinhando que o povo nicaraguense lutou pela liberdade e os direitos, e tem um «orgulho infindo» na paz que «resguarda e defende com zelo».
Neste contexto, destacou que a paz é um valor supremo pelo qual centenas de milhares de nicaraguenses deram a vida, e que se trata do «património cultural e heróico mais elevado» do país.
Perante milhares de pessoas, com bandeiras da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) ao vento e num ambiente patriótico, internacionalista e de alegria, interveio também o co-presidente Daniel Ortega, que destacou a «história incrível» do país e instou os seus compatriotas a sentirem orgulho das suas raízes indígenas.
«Todos nós temos sangue indígena, uns mais, outros menos, e temos de nos sentir orgulhosos desse sangue indígena», frisou, citado pela Prensa Latina.
Soberania, paz, desenvolvimento e solidariedade
Sublinhando as conquistas da revolução nos últimos anos, referiu-se também à aposta na habitação, na saúde e nas estradas – investimentos que, em seu entender, dinamizam o desenvolvimento económico e social do país e a luta contra a pobreza.
Tal como Murillo, Ortega enfatizou a paz na Nicarágua, mas pediu aos jovens que estejam alerta, uma vez que «o inimigo não descansa» e tudo deve ser feito para não dar espaço aos «terroristas e vende-pátrias».
No âmbito internacional, destacou a solidariedade do seu país com a Palestina e condenou as acções das forças sionistas, que designou como «criminosos confessos» armados pelos EUA e países europeus.
No mesmo sentido, louvou o papel desempenhado por China e Rússia, criticou a Europa e o Ocidente, e questionou a falta de acção das Nações Unidas, tendo feito um apelo aos países da América Latina e das Caraíbas para que se unam em defesa da paz e pelo bem-estar dos povos.
Delegações internacionais
Nas celebrações de sábado à noite em Manágua – refere a Prensa Latina – estiveram presentes delegações oficiais de países como Abecásia, Argélia, Bielorrússia, China, Cuba, Myanmar, Palestina, República Popular Democrática da Coreia e Rússia.
Burkina Faso, Costa do Marfim, Honduras, Koweit, Turquia, Venezuela e Vietname também se fizeram representar na cerimónia, durante a qual algumas delegações leram mensagens de apoio e saudação enviadas pelos respectivos governos.
19 de Julho, triunfo da Revolução Sandinista
A 19 de Julho de 1979, a guerrilha da FSLN e o povo nicaraguense que a apoiou entraram na capital e consolidaram o triunfo revolucionário sobre a exploração e a miséria de mais de quatro décadas de ditadura militar somozista.
Os dias que se seguiram foram como «ter tocado o céu com as mãos», disse em tempos um dos fundadores da FSLN, Tomás Borge (1930-2012).
Dois dias antes, a 17 de Julho de 1979, o ditador Anastasio Somoza, apoiado pelos «gringos», fugiu do país e a sua Guarda Nacional rendeu-se.
Esse dia ficou marcado pelo «trilho de botas, uniformes e espingardas dos que abandonavam o traje [militar] para se disfarçarem de civis e fugirem», como lembrou o escritor e advogado nicaraguense Alejandro Bravo. Somoza fugiu para Miami.
Por isso, 17 de Julho é conhecido como Dia da Alegria e as ruas do país centro-americano enchem-se de festa.
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