No quarto trimestre de 2023, os salários negociados nas maiores economias do euro seguiam a subir 4,46%, em termos homólogos, abrandando face aos 4,69%. Para a presidente do BCE, Christine Lagarde, este abrandamento é uma excelente notícia, na medida em que o seu papel enquanto dirigente da instituição é garantir que há condições para que haja uma cada vez maior transferência de rendimentos do trabalho para o capital.
A presidente do BCE considera que «os números dos salários do quarto trimestre são obviamente números encorajadores. Mas, como temos dito no nosso comunicado de política monetária, o conselho de governadores precisa de ficar mais confiante de que o processo de desinflação que estamos a observar será sustentável e irá conduzir-nos aos 2% da meta de médio-prazo que temos». Quer isto dizer que, ante um possível cenário de deflação que permitiria confirmar uma maior distribuição de riqueza em caso de uma reposição dos mesmo num período de inflação, Lagarde defende a manutenção das desigualdades.
Parece então que Lagarde não se dá por contente com a redução do ritmo de aumento dos salários. Para a presidente do BCE é preciso manter esta trajetória e identifica a contratação colectiva como um elemento que pode contrariar a trajetória identificada, passando então a ameaçá-la.
A par disto, Lagarde e o BCE vão querer analisar também os lucros das empresas para melhor retirar ilações, como se não fossem já evidentes os lucros extraordinários em vários sectores à boleia da inflação. Face a tal, o BCE não comenta, para já, perspectivas de redução das taxas de juro.
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