Na jornada de mobilização «contra a pobreza e a carestia», que teve expressão em 14 localidades, esta terça-feira, a Confederação Intersindical Galega (CIG) exigiu uma intervenção pública para pôr fim à especulação que «encarece os bens essenciais e faz aumentar de forma multimilionária os lucros de umas poucas empresas».
A este propósito, o secretário-geral da CIG, Paulo Carril, afirmou que os novos impostos à banca e às empresas eléctricas são «totalmente insuficientes», e que, «no melhor dos casos, trata-se de uns impostozinhos com o aval do FMI, numa clara demonstração de que são inofensivos para o capital».
No mesmo sentido, criticou o facto de não se decretar o congelamento dos tipos de juros para as hipotecas aos trabalhadores e ao povo, tal como a CIG tem vindo a reclamar. «Não queremos da banca mais códigos de boas práticas, queremos que não nos asfixiem, que não nos afoguem outra vez», afirmou, lembrando que os galegos ainda estão a pagar o milionário resgate à banca de há uma década.
Sobre o Orçamento Geral do Estado, Carril defendeu que não traz soluções para as graves carências e necessidades sociais, e que discrimina a Galiza. Além disso, lê-se no portal da central sindical, são acompanhados por reformas lesivas para satisfazer as duras exigências da União Europeia «para aceder a uns fundos envenenados que estão a hipotecar o nosso futuro», disse.
O dirigente sindical alertou para o aumento da flexibilidade e da instabilidade laboral, a diminuição efectiva dos salários, cujos aumentos não garantem o poder de compra, e o «avanço imparável da precariedade».
Alertou ainda para a brutal ofensiva do capital e do belicismo, da NATO e da guerra como sistema de exploração e dominação dos povos e das classes populares. A grave carestia de vida, que já existia antes da guerra em curso na Ucrânia mas que acelerou desde o seu início, está a acelerar o aumento das desigualdades e da pobreza, frisou.
Intensificar as mobilizações para defender os direitos
A CIG chamou a atenção para o facto de importantes sectores produtivos e comarcas inteiras da Galiza estarem a agonizar, «com cada vez menos emprego e indústria, e mais emigração e envelhecimento da população».
Este caminho, em seu entender, tem sido facilitado pelas «políticas suicidas do governo do PP na Xunta», tendentes a converter a Galiza num grande caminho de Santiago e a avançar na privatização e mercantilização dos serviços públicos, na eucaliptização do território e na consolidação de um novo processo de colonização energética.
No final da sua intervenção na manifestação da Corunha, o secretário-geral da CIG instou os trabalhadores galegos a intensificar o conflito com o patronato na negociação colectiva e a gerar dinâmicas mobilizadoras, «para que não nos roubem o direito a negociar na Galiza os nossos acordos colectivos».
Sublinhando que «a luta é o único caminho», deu vários exemplos da capacidade de luta dos trabalhadores galegos, e disse que o conflito é também com os governos da Xunta e do Estado.
«Para mudar as políticas, para acabar com o empobrecimento, para que aprovem medidas de intervenção pública na economia e nos sectores estratégicos, para a recuperação económica, a defensa dos serviços públicos, a industrialização e a criação de emprego digno na nossa terra», disse.
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