Além da elevada adesão à paralisação, a Confederação Intersindical Galega (CIG) destaca a «participação massiva» na manifestação que esta sexta-feira percorreu as ruas da cidade de Ourense, com mais de 1500 pessoas a gritarem palavras de ordem como «Queremos negociar e não mendigar» e «O vosso lucro, o nosso sacrifício».
O encerramento de inúmeros supermercados dos três principais grupos afectados pela greve – Froiz, Gadis e Cuevas – é outro elemento sublinhado pela organização sindical no seu portal.
No caso do Cuevas, apenas alguns estabelecimentos de menor dimensão se mantiveram a funcionar e com escassez de produtos, «já que nem o armazém central nem a logística da distribuição funcionaram», esclarece a nota da CIG.
Em defesa de um «acordo digno»
Numa conferência de imprensa conjunta dois dias antes da jornada de luta, as quatro organizações sindicais convocantes – CIG, CCOO, UGT e USO – sublinharam que o sector do comércio alimentar de Ourense fica «na cauda», a nível da Galiza, no que respeita a condições laborais e sociais, tendo alertado que, nos últimos quatro anos, os trabalhadores do sector perderam um parte substancial do seu poder de compra (mais de 3800 euros na categoria de caixa de supermercado, a mais numerosa).
Anxo Pérez Carballo, secretário da comarca CIG-Ourense, disse que isto ocorre enquanto os três grandes grupos que negoceiam o acordo (Gadis, Froiz e Cuevas) registaram lucros «obscenos».
A Cuevas, a empresa mais pequena das três, aumentou os seus lucros após impostos em 70% entre 2022 e 2023, alcançando lucros líquidos de 7,8 milhões; a Froiz registou um aumento de 98%, até aos 22 milhões, e a Gadis de 64%, até aos 146 milhões, esclareceu.
«Apesar disto, as administrações reclamam de um aumento salarial e de melhorias nas condições de trabalho, como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ou o horário de trabalho para os trabalhadores que actualmente têm salários abaixo do salário mínimo», denunciou Pérez Carballo.
O representante sindical referiu que, no início da negociação, os quatro sindicatos avisaram que o acordo teria de dar uma «volta de 180 graus» em termos de salários e direitos, e deixaram bem claro que não iriam «trocar cromos» nem «regatear como se estivéssemos a comprar na feira».
Neste sentido, esclareceu que o principal objectivo passa pela recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos e por um acordo que contemple um aumento «decente».
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