Os docentes de uma faculdade de direito na City University of New York (CUNY) aprovaram por unanimidade, em Maio, uma resolução de apoio ao movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), juntando-se a muitos outros que, nas instituições universitárias norte-americanas, decidiram tomar uma posição de defesa dos direitos do povo palestiniano, refere The MintPress News.
Outro exemplo recente apontado é o do jornal Crimson, da Universidade de Harvard, que em Abril publicou um editorial de apoio ao BDS e à libertação da Palestina, com cerca de 50 membros do pessoal académico a declararem a sua adesão.
«Se cresce o apoio à Palestina nos campus universitários dos EUA, as administrações – muitas das quais ainda têm relações com grandes universidades israelitas cúmplices com a ocupação de Israel da Palestina – parecem menos propensas a concordar», diz-se no portal mintpressnews.com.
Cumplicidade das universidades israelitas com a opressão
Tal como ilustra o material criado pelo projecto Visualizing Palestine, diversas universidades israelitas contribuem para violência da ocupação colonial em curso e lucram com a relação estreita que mantêm com várias empresas israelitas e multinacionais de armamento.
A título de exemplo, o portal refere que a Tel Aviv University convida empresas de fabrico de armamento para o evento anual intitulado Technology Employment Fair.
De acordo com The MintPress News, a instituição «também desempenhou um papel no estabelecimento das doutrinas militares e códigos éticos do Exército israelita, e na formação de alunos para fornecer defesa legal, através do seu programa de reserva do Exército».
Além disso, o instituto nacional de medicina legal, na instituição, alberga corpos de 63 palestinianos que Israel não devolve às famílias, como forma de punição colectiva e para os usar em futuras negociações, violando o direito internacional.
Outras universidades israelitas também participam em projectos de parceria e investigação com empresas de armamento israelita, como a Elbit Systems e a Rafael Advanced Defense Systems, em projectos financiados pelos departamentos da defesa israelita e norte-americano, ou no desenvolvimento de material que é utilizado nas demolições de casas palestinianas.
Outras colaboram com a Polícia, a vigilância e a repressão de comunidades palestinianas; outras ainda deram bolsas a estudantes que participaram na operação contra Gaza, em 2014, designada como «Margem Protectora», que provocou mais de 2200 mortos e cerca de 11 mil feridos.
Tel Aviv University, Hebrew University, Ariel University, Haifa University, Bar-Ilan University, Ben-Gurion University of the Negev e a Technion estão profundamente ligadas ao apartheid israelita, fazendo de quem com elas colabora «cúmplices».
Instituições académicas norte-americanas e apartheid israelita
Apesar dos apelos crescentes dos estudantes para que as universidades adiram ao BDS, as instituições académicas norte-americanas continuam a colaborar com Israel.
«A universidade corre o risco de importar as políticas racistas do Estado israelita para os campus por causa da colaboração que é requerida», disse à MintPress News Nasreen Abd Elal, designer de informação no Visualizing Palestine.
A Columbia e a CUNY são duas das múltiplas universidades que, nos EUA, mantêm programas de pesquisa e parceria, a diferentes níveis, com universidades israelitas ligadas à ocupação da Palestina, ao apartheid e à repressão impostos.
Além deste tipo de cumplicidade com a ocupação israelita, muitas instituições académicas mantêm investimentos avultados em empresas israelitas.
Se Harvard apareceu nas notícias porque o seu jornal apoiou o BDS, em Abril, a instituição tem investimentos em várias empresas, incluindo algumas que surgem na «lista negra» das Nações Unidas por estarem ligadas ao colonatos – ilegais – israelitas.
Estado israelita e ocupação marginalizam estudantes palestinianos
As resoluções a favor do BDS no meio universitário não são aprovadas a um ritmo recorde ou mesmo significativo, mas, sublinha Abd Elal, estas campanhas conseguiram reunir grande apoio.
«Houve avanços significativos na construção da solidariedade no interior das universidades e em conseguir que as pessoas não vão para estas instituições e façam pressão sobre as administrações», disse a activista à MintPress News.
Outro aspecto por ela destacado é o facto de «o Estado israelita e a ocupação marginalizarem os estudantes e as universidades palestinianos», bem como restringirem «o acesso de académicos e estudantes internacionais às universidades palestinianas, o que representa uma ameaça importante à liberdade académica».
«A ocupação separa realmente os palestinianos da comunidade académica», disse, sublinhando, nesse sentido, a necessidade do reforço da solidariedade com a Palestina e de boicotar as relações académicas cúmplices com o apartheid.
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