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Hamas e Israel chegam a acordo para acabar com a guerra de extermínio em Gaza

Depois do anúncio de acordo com vista à troca de prisioneiros entre Israel e Hamas, o fim do genocídio do povo palestiniano em Gaza, imposto por Israel com apoio dos EUA, parece mais próximo. Mas subsistem dúvidas.

Deslocados na Faixa de Gaza em direcção a sul, a 30 de Setembro de 2025 Créditos / PressTV

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira à noite que ambas as partes aceitaram implementar a primeira fase de um plano para travar a guerra de extermínio levada a cabo por Israel, iniciada há mais de dois anos.

A informação, que se seguiu às negociações indirectas que tiveram lugar no Egipto, foi confirmada pouco depois pelo gabinete de Benjamin Netanyahu e pelo movimento da resistência palestiniana, que exortou o mundo e, em particular, Washington a obrigar Israel a cumprir todos os aspectos do acordo, de modo a evitar que fuja à sua implementação.

A milícia palestiniana, citada pela Prensa Latina, declarou que não irá abandonar «os direitos nacionais do nosso povo», na busca da «liberdade, independência e autodeterminação».

Fontes conhecedoras do pacto disseram à agência Reuters, esta quinta-feira, que as partes assinaram todos os termos e mecanismos com vista à implementação da primeira fase de um cessar-fogo, no âmbito do plano apresentado por Donald Trump.

Implementação imediata

Um representante do Hamas confirmou à Al Mayadeen alguns detalhes do acordo, que implica a libertação de 20 prisioneiros israelitas em troca de mais de 2000 prisioneiros palestinianos, incluindo 250 com longas penas.

Prevê-se que a troca ocorra nas 72 horas seguintes à implementação do cessar-fogo, disse uma fonte palestiniana à agência AFP, acrescentando que «o acordo foi aprovado por todas as facções palestinianas».

A TV Al Hadath indicou que Israel terá vetado a libertação de Marwan Baghouti, dirigente do movimento Fatah, e do secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmed Saadat, que estão há mais de 20 anos na cadeia.

De forma paralela, as forças de ocupação sionistas começarão a retirar-se das zonas habitadas de Gaza, embora não se conheça com precisão a linha exacta dessa retirada.

Ainda de acordo com o estipulado no pacto, a ocupação deverá autorizar a entrada diária no enclave de pelo menos 400 camiões carregados com ajuda nos primeiros cinco dias subsequentes ao início do cessar-fogo.

As mesmas fontes referem que o número de camiões deve aumentar depois e que os palestinianos deslocados à força para o Sul da Faixa de Gaza poderão regressar à Cidade de Gaza e a outras zonas no Norte.

As conversações tiveram início, de forma indirecta, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, tendo por base um plano de Trump que foi questionado pelas diversas facções palestinianas, incluindo o Hamas, que, ainda assim, aceitou negociar.

Bombardeamentos israelitas

Mesmo depois de se saber que as partes tinham chegado a um acordo e já depois da implementação do cessar-fogo, há informações de que, esta quinta-feira, a aviação militar israelita lançou vários ataques contra o enclave palestiniano.

Um representante da Protecção Civil em Gaza disse à agência AFP que foram registadas diversas explosões, sobretudo no Norte do território, depois do anúncio do pacto.

Acrescentou que Khan Younis, no Sul, também foi alvo de ataques aéreos e de artilharia, e que os aviões israelitas voaram a baixa altitude sobre as tendas das pessoas deslocadas.

Além disso, já esta quinta-feira de manhã, as forças de ocupação lançaram avisos aos deslocados para que não regressem ao Norte – região que consideram uma «zona de combate perigosa».

Cautelas

Um repórter da Al Mayadeen registou a ansiedade com que os habitantes de Gaza aguardavam a implementação do cessar-fogo.

Enquanto isso, as autoridades no enclave aconselharam a população a manter-se «bastante cautelosa» até que a situação fique clara no terreno.

Apesar do alívio que o anúncio do acordo e a implementação do cessar-fogo trazem à população faminta e martirizada da Faixa de Gaza, a parte palestiniana alerta para a possibilidade de Israel não cumprir os termos assinados, lembrando precedentes.

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