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Grupos palestinianos rejeitam presença de tropas estrangeiras em Gaza

Grupos que integram a resistência palestiniana em Gaza afirmam que o plano dos EUA para colocar tropas estrangeiras no território visa impor a tutela externa e afastar os palestinianos da tomada de decisões.

Palestinianos em Khan Younis, Sul da Faixa de Gaza, a 15 de Novembro de 2025 Créditos / PressTV

Num comunicado conjunto, as facções criticaram um projecto de resolução norte-americano apresentado ao Conselho de Segurança da ONU, frisando que o destacamento de tropas de outros países abre a porta a uma perspectiva enviesada a favor de Israel.

No texto, os grupos palestinianos sublinham que a proposta norte-americana representa uma tentativa de reformar a administração da Faixa de Gaza e a sua reconstrução através de um organismo internacional supranacional com amplos poderes, o que, em seu entender, conduziria à exclusão dos palestinianos da governação das suas próprias questões.

O documento, emitido este domingo e citado pela agência Anadolu, afirma igualmente que «qualquer esforço humanitário deve ser exclusivamente canalizado através das instituições palestinianas competentes e sob supervisão das Nações Unidas e dos organismos internacionais pertinentes».

Esse esforço deverá respeitar a soberania palestiniana e as necessidades da população no enclave, sublinham, chamando a atenção para a o facto de a ajuda humanitária não poder ser utilizada como «instrumento de pressão» política ou de segurança para reformular a realidade interna da Faixa de Gaza.

Neste sentido, alertaram para a tentativa de minar as instituições palestinianas e de debilitar a agência da ONU para os refugiados palestinianos (Unrwa), cujo papel, defendem, «deve ser protegido como testemunha internacional da questão dos refugiados e dos seus direitos inalienáveis».

Qualquer missão internacional deve submeter-se ao mandato da ONU e coordenar-se com as instituições palestinianas

Os grupos palestinianos também rejeitam qualquer cláusula relacionada com o desarmamento da resistência, incluindo o Hamas, no meio de fortes pressões internacionais, sobretudo norte-americanas, europeias e sionistas.

O texto invoca «o direito do povo palestiniano a resistir e a defender-se», sublinhando que qualquer debate relativo a armamento deve permanecer «uma questão puramente nacional», ligada ao processo político que conduz ao fim da ocupação israelita e à criação de um Estado palestiniano.

O documento critica o papel previsto para a força multinacional proposta, advertindo que «serviria na prática a ocupação».

Qualquer missão internacional, a ser formada, deve estar plenamente submetida ao mandato e à supervisão da ONU, e deve operar exclusivamente em coordenação com as instituições palestinianas oficiais, limitando as suas tarefas à protecção de civis, ao fornecimento de ajuda humanitária e à separação de forças – sem se transformar numa autoridade de segurança ou numa administração supranacional, defendem os grupos palestinianos.

Também rejeitam qualquer forma de presença militar estrangeira, tutela ou bases internacionais no interior de Gaza, considerando tais medidas um ataque directo à soberania palestiniana.

O texto, emitido na véspera da votação prevista para esta segunda-feira no Conselho de Segurança, apela ainda à criação de mecanismos internacionais com vista à responsabilização de Israel pelas suas contínuas violações, ainda em curso, incluindo a relativa à segurança dos civis e ao agravamento da crise resultante do controlo israelita das passagens de acesso a Gaza.

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