Junto à faixa, apareciam dois bonecos com caras de papel figurando os membros do governo espanhol Yolanda Díaz e José Luis Escrivá.
Tratou-se de uma acção de protesto contra a reforma laboral e do sistema de pensões, levada a cabo em Março deste ano no bairro madrileno de Vallecas, pouco depois de a polémica e contestada reforma laboral de Yolanda Díaz ter sido aprovada e quando o governo de Sánchez começava a debater a reforma das pensões com vista à privatização parcial do sistema.
Passados quatro meses, dois trabalhadores foram intimados a depor pela alegada prática de ameaças, refere o portal El Salto.
«Era simplesmente uma faixa contra a reforma laboral e a reforma das pensões, e as consequências que tem para as pessoas idosas», explica Rafael, um dos dois intimados a depor esta quarta-feira num tribunal de Madrid.
«Para apontar os responsáveis, colocámos as caras da ministra do Trabalho, que é quem a assinou, e a do da Segurança Social, e pusemo-las onde se visse bastante, mas onde não causasse problemas», acrescentou.
Rafael, que é funcionário da Segurança Social e é membro do sindicato Solidaridad Obrera, explica que ele se deveria reformar no próximo ano, mas que a reforma das pensões que acabou por ser aprovada em Junho vai atrasar esse processo.
No passado dia 31 de Maio, a Brigada de Informação da Polícia espanhola intimou a depor David, o outro acusado de ameaças. «É uma situação que ao mesmo tempo tens a sensação que é absurda e grave. A sério que, por causa de uma faixa em que se lê "não à reforma laboral" se esforçam, com o que isso implica, para a levar à Polícia científica para que encontre lá impressões digitais?», perguntou David.
Sem ir ao Norte da Península, o El Salto recorda que não é a primeira vez que uma faixa com críticas políticas e sociais é «examinada tão a fundo». Em 2017, a Brigada de Informação investigou uma faixa em que se chamava «torturador» a Fernando Grande-Marlaska e uma pessoa foi condenada em primeira instância por um delito de ofensa a cargo público.
Posteriormente, a condenação foi revogada pela Audiência Provincial de Madrid, considerando que os factos entravam no domínio da liberdade de expressão.
Para hoje, em solidariedade com os trabalhadores, as organizações Vallekas Obrera e Iniciativa Comunista, entre outras, agendaram uma concentração junto ao tribunal, na Praça de Castela.
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