Uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 26 de Setembro como Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, visando a «promoção deste objectivo», também por via do «aumento da consciência e do conhecimento do público sobre a ameaça que representam para a humanidade» essas armas, recorda o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).
Desde que os EUA lançaram as bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, a 6 e 9 de Agosto de 1945, multiplicaram-se as tentativas, também no âmbito da ONU, para pôr fim à corrida aos armamentos, particularmente nucleares, lê-se num comunicado emitido esta segunda-feira.
No entanto, a partir dos anos 1990, em vez de se caminhar para o desanuviamento e o desarmamento nuclear, «o que ocorreu foi o sucessivo alargamento e reforço da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], sempre mais próximo da Rússia, e o aumento das despesas militares e da corrida armamentista, com largo destaque para os Estados Unidos da América e a NATO, que, no seu conjunto, representam mais de metade do total das despesas militares ao nível mundial», denuncia o texto.
Nos últimos anos, os EUA abandonaram tratados de limitação e contenção de armamento nuclear ou a eles ligados, como o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) ou o Tratado de Limitação de Sistemas de Mísseis Antibalísticos (ABM), medidas que, no entender do CPPC, «estão na origem da modernização do armamento nuclear e mesmo do aumento do número de ogivas nucleares por parte de alguns países».
Actualmente, segundo dados da ONU, existem cerca de 13 mil armas nucleares, que – frisa o organismo de defesa da paz – «constituem indubitavelmente a maior ameaça à Humanidade e à própria vida no planeta».
EUA e NATO, militarismo, Frente Leste e escalada na Ucrânia – riscos para a Europa e para o Mundo
Lembrando que os EUA, com o contributo dos seus aliados, têm vindo a agravar a sua política militarista, visando nomeadamente a China e a Rússia – dois países também detentores de armas nucleares –, o CPPC sublinha que «assinalar esta data assume igualmente uma premente actualidade e importante significado», tendo em conta que a situação na Europa, «em torno da paulatina escalada de guerra na Ucrânia», representa «um novo máximo de tensão e confronto», assumindo-se «cada vez mais como uma "guerra por delegação" entre os EUA/NATO e a Rússia».
Neste sentido, o CPPC considera «inquietante e inaceitável» a eventualidade da utilização de armamento nuclear, no quadro da escalada de guerra na Ucrânia, e reafirma o seu posicionamento em defesa de «iniciativas que promovam o diálogo e uma solução negociada para o conflito, para evitar ainda uma maior tragédia na Europa e no Mundo».
«As consequências para a Europa e os povos europeus são já dramáticas, dado que a guerra económica promovida pelos EUA e seguida pela UE [União Europeia] afecta sobretudo a própria Europa, e o agravamento do custo de vida e a recessão anunciada aí estão a demonstrá-lo», denuncia o organismo continuador do movimento pela paz surgido na sequência da Segunda Guerra Mundial, alertando que «a Europa está a ser um terreno onde se travam as batalhas – onde se morre – pela defesa de interesses alheios aos europeus, isto é, pela preservação da hegemonia dos EUA».
Reafirmando a sua luta pela Paz, o desarmamento e a abolição total das armas nucleares, o CPPC lembra que o Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi aprovado em 2017 e entrou em vigor em 2021, ao ser ratificado por mais de 50 países, mas «não integra nenhum dos países detentores de armas nucleares e membros da NATO». «O próprio Governo português já fez saber em várias ocasiões que não aderirá a este tratado, precisamente por estar alinhado com a política dos EUA e da NATO», critica o organismo, que recorda a existência de uma petição em curso para exigir a ratificação do texto por Portugal.
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