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|Segunda Guerra Mundial

Crimes dos nazis, fascistas e militaristas japoneses na 2.ª Guerra Mundial

Descobrir todas as atrocidades que foram cometidas pelos mais diversos países durante esta a Segunda Guerra Mundial não tem sido tarefa fácil, mas é essencial para escrever a História.

Prisioneiros em campo de concentração nazi
Prisioneiros em campo de concentração naziCréditos / lasegundaguerramundialinformacion.blogspot.com

A Segunda Guerra Mundial despertou as mais horríveis ideias nos invasores e agressores. Os actos cometidos durante este período são, até hoje, alguns dos mais terríveis da história e, de alguma forma, grande parte deles conseguiu ficar escondida no tempo.

Sabemos que alguns métodos de tortura desumanos foram testados, assim como algumas experiências inimagináveis, mas muitas dessas histórias permanecem escondidas. Descobrir todas as atrocidades que foram cometidas pelos mais diversos países durante esta guerra mortal não tem sido tarefa fácil, mas é essencial para escrever a História.

Os crimes dos nazis

Os nazis foram responsáveis ​​pelo Holocausto que se traduziu no assassinato de cerca de seis milhões de judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental, prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos e outras minorias para eles «indesejáveis».

A polícia secreta dos nazistas, a Gestapo, ficou mundialmente conhecida depois dos seus crimes contra a Humanidade.

Em 20 de Julho de 1942, Wilhelm Keitel, alto comandante das forças armadas nazis, assinou uma ordem determinando que os presos soviéticos de Auschwitz que persistissem em sobreviver deveriam ser marcados com um ferro em brasa e especificava: «A marca deverá ter a forma de um ângulo de cerca de 45º, cujo lado maior medirá um centímetro, voltado para cima e será gravado com um ferro em brasa na nádega esquerda (...)».

Um aspecto que durante muito tempo foi pouco conhecido, foi o das chamadas experiências «médicas». O grau de horror foi tal que apenas revistas profissionais puderam imprimir in extenso o que foi verbalmente exposto no Tribunal de Nuremberga.

A primeira série de experiências dizia respeito ao reaquecimento de aviadores caídos no mar. Consistia em mergulhar os prisioneiros com o seu equipamento de couro em piscinas de água gelada, uns até ao pescoço e outros até à altura do cabelo. A congelação progressiva era observada, medida e cronometrada. Na devida altura, interrompia-se o suplício para experimentar diversos métodos de reanimação.

Uma segunda série de experiências relacionava-se com os efeitos da compressão e descompressão no organismo humano. Eram pretensas investigações com interesse para os aviadores de grande altitude que tinham descido de para-quedas. Instalaram-se redomas experimentais no campo de Dachau e os médicos carrascos tiravam apontamentos enquanto as vítimas sofriam, em todas as células do corpo, a mais terrível das agonias.

Realizaram-se experiências de outros géneros em diversos campos, nomeadamente ferimentos com projécteis envenenados, experiências com gás asfixiante ou outros produtos tóxicos, inalações de micróbios (peste, lepra e outros), trabalhos de vivissecção, de enxertos ósseos e de esterilização.

A Bayer comprava em Auschwitz, para os seus laboratórios, mulheres a 200 marcos cada. Homens e mulheres cobaias eram queimados, golpeados, torturados, mutilados e lentamente assassinados.

A técnica do despovoamento consistia na «deslocação de unidades raciais inteiras» e na eliminação de «milhões de seres de raça inferior que se multiplicam como vermes».

Organizavam-se mercados de escravatura branca para os soldados alemães.

Heinrich Himmler, chefe das SS, a 4 de Outubro de 1942, perante a elite dos seus oficiais, justificava essa pilhagem biológica da seguinte maneira: «entre os produtos desses cruzamentos haverá certamente alguns tipos raciais bons. Acho, portanto, que temos o dever de tirar essas crianças do seu meio, de as roubar se for preciso, e de as levarmos connosco (…). Anexaremos o sangue de boa raça, e dar-lhe-emos o seu lugar no seio do nosso povo. O excedente será destruído».

E Himmler concluía a ideia: «devemos ser honestos, decentes, leais e bons camaradas, para com as pessoas do mesmo sangue que o nosso, mas só com elas. O que acontece aos russos e checos é-me completamente indiferente (…). O facto de as populações prosperarem ou morrerem apenas me interessa na medida em que possamos precisar delas como escravos da nossa Kultur».

Estes objectivos, transcritos dos dois discursos de Posen, em que advogava abertamente a «Solução Final», foi uma peça essencial para a acusação no Tribunal de Nuremberga.

R. Walther Darré, Ministro da Agricultura do Reich, em discurso reproduzido na revista Life de dezembro de 1940, anunciava também «devemos criar uma nova aristocracia de senhores alemães. Essa aristocracia deve possuir escravos, estes devem constituir propriedade dela, devem estar desvinculados da terra e não devem ser alemães».

Em 1943 havia cerca de dois milhões de escravos na Alemanha a trabalharem para os «senhores» alemães.

Os escravos eram mantidos nas mais deploráveis condições de miséria e sordidez. Morriam de fome e de doenças aos milhares, mas havia sempre novas remessas vindas das regiões ocupadas.

Nos dias de mercado, as donas de casa, os comerciantes e lavradores juntavam-se em grande número à volta dos redis de arame farpado, para apreciarem os recém-chegados. Os escravos eram retirados dos campos, acompanhados por guardas nazis, armados de pistolas e de chicotes, e levados aos locais de mercados.

Os compradores apalpavam os músculos dos escravos, homens e mulheres, faziam-lhes ressoar as caixas torácicas e examinavam-lhes os dentes. Por ordem governamental o preço de cada escravo, homem ou mulher, variava entre os dez e os quinze Reichmarks.

Os judeus, insistia Hitler, eram «meros parasitas». «Na Polónia, tal estado de coisas foi já resolvido no fundamental. Se os judeus não quiserem trabalhar são abatidos e se quiserem trabalhar sucumbirão ao trabalho». Explicava Hitler que «devem ser tratados como o bacilo da tuberculose que infecta um corpo saudável. Não se trata de uma crueldade, quando nos lembramos que até criaturas inocentes, como as lebres e os veados, são mortas embora não façam mal a ninguém». E Hitler advertia, «as Nações que não se livrarem dos judeus, estão condenadas a desaparecer».

Quando entraram em Auschwitz, as tropas soviéticas descobriram 648 cadáveres mais de sete mil sobreviventes esqueléticos e famintos. Em Auschwtiz-Birkenau estavam 5800 judeus. No campo principal de Auschwitz encontraram 1200 polacos. Em Monowitz depararam-se com 650 trabalhadores escravos de diversas nacionalidades. Descobriram também as ruínas de 29 enormes armazéns que as SS tinham incendiado antes da retirada.

No entanto, seis desses depósitos tinham escapado à destruição e no seu interior encontraram 836 mil vestidos de mulher, 348 mil fatos de homem e 38 mil pares de sapatos de homem.

Muitos milhares de pessoas foram mortas nas câmaras de gás. Este «trabalho» exigia uma componente computadorizada que a IBM assegurava com cartões perfurados…

As pessoas, nuas (os homens primeiro, depois as mulheres e por fim as crianças), eram dirigidas ou empurradas da casa de banho para dentro das escuras estruturas de cimento, nas quais se metiam 200 ou 250 pessoas em cada, e do tecto das quais, de 20 em 20 metros, saiam torneiras da parede.

Havia apenas uma pequena clarabóia no tecto e um olho mágico na porta. Em vez do duche, começava então o processo de gaseamento. Em primeiro lugar, uma certa quantidade de ar quente era insuflada pelo tecto e, depois, caía uma chuva de cristais azul claros de Zyklon B que rapidamente se evaporavam em contacto com o ar quente. Num breve espaço de dois a dez minutos estavam todos mortos.

Para cada vítima, a fase derradeira era a dos fornos crematórios.

Ao lado, numas grandes mesas de operações, especialistas examinavam todos os corpos antes de serem introduzidos nos fornos, extraindo-lhes primeiro as obturações de ouro.

Mesmo depois de mortos os deportados eram ainda uma fonte de riqueza para as SS. O ouro dentário dos cadáveres enchia, às toneladas, o tesouro das SS. No decorrer do processo de Nuremberga avaliou-se em 60 toneladas o peso dos cabelos fornecidos pelo campo em Auschwitz. Parte dos cabelos era entregue a fábricas de feltro. Os ossos eram calcinados e vendidos ou moídos para o fabrico de superfosfatos.

A terrível frase que em todos os campos as SS se divertiam a repetir, à chegada de cada um dos comboios de prisioneiros, adquiria um significado tenebroso: «Aqui entra-se pela porta e sai-se pela chaminé.»

Os crimes dos imperialistas japoneses

Se os alemães mataram seis milhões de judeus e 20 milhões de cidadãos soviéticos, os japoneses assassinaram cerca de 30 milhões de filipinos, malaios, vietnamitas, cambojanos, indonésios e birmaneses e pelo menos 23 milhões de chineses étnicos.

Ambas os países saquearam os países conquistados numa escala monumental, embora os japoneses tenham pilhado mais, por um período mais longo, do que os nazis. Ambos escravizaram milhões de prisioneiros que exploraram como trabalhadores forçados – e, no caso dos japoneses, como prostitutas forçadas para tropas nas linhas de frente.

Os campos de prisioneiros de guerra do Japão, muitos dos quais foram utilizados como campos de trabalho, também tiveram altas taxas de mortalidade. O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente concluiu que a taxa de mortalidade de prisioneiros ocidentais foi de 27,1% (para os prisioneiros de guerra norte-americanos, 37%, sete vezes maior do que os prisioneiros de guerra dos alemães e italianos). Apesar de 37 583 prisioneiros do Reino Unido, 28 500 da Holanda e 14 473 dos EUA terem sido libertados após a rendição do Japão, o número de chineses que foram libertadosfoi de apenas 56!...

A taxa de mortalidade dos prisioneiros de guerra chineses era muito maior porque por orientação, ratificada em 5 de Agosto de 1937 pelo imperador Hirohito, foram retiradas restrições da lei internacional quanto ao tratamento daqueles prisioneiros

Os crimes dos japoneses contra o povo chinês

A Segunda Guerra sino-japonesa foi marcada, primeiramente, pela brutalidade do exército japonês em relação ao chinês, uma vez que o primeiro se voltava violenta e indiscriminadamente contra civis e militares. Além disso, uma segunda característica desse conflito foi a incapacidade dos exércitos chineses de organizar uma resistência eficaz contra os exércitos inimigos, o que teria irritado bastante os americanos ao entrarem no conflito em 1941.

Em 1937, o Japão avançou rapidamente sobre parte do litoral e garantiu o controle de Pequim e Nanquim, duas grandes cidades chinesas. Em Nanquim, aconteceu o incidente que ficou marcado pela brutalidade institucionalizada no exército japonês durante esse período de guerras: o estupro de Nanquim.

Os massacres e o estupro de Nanquim aconteceram entre 1937 e 1938 quando tropas japonesas invadiram a cidade de Nanquim e impuseram um verdadeiro massacre sobre a população local. Além disso, houve estupros em massa pela cidade – os historiadores calculam que cerca de 20 mil mulheres tenham sido estupradas, inclusive crianças. O massacre de civis em Nanquim pode ter chegado a 300 mil mortes.

A execução e o estupro indiscriminado de civis não ocorreram somente em Nanquim, mas foram uma prática comum do exército japonês em toda a guerra. Outra evidência da brutalidade japonesa foi a Unidade 731, unidade secreta criada com o intuito de fazer testes biológicos em prisioneiros chineses. Milhares de chineses capturados foram assassinados em testes feitos na base da unidade, perto de Harbin, muitos submetidos a vivissecção sem o benefício de anestésicos. Algumas vítimas eram amarradas em estacas para que bombas de antraz fossem detonadas à sua volta. Houve muitas mulheres infectadas com sífilis em laboratório. E os civis da região foram sequestrados e injectados com vírus fatais.

Muitos dos responsáveis por atrocidades na China foram julgados pelos Aliados no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.

Os militares japoneses assassinaram cerca de seis milhões de chineses, indonésios, coreanos, filipinos e indochineses, entre outros, incluindo prisioneiros de guerra ocidentais. Só na China, no período 1937-45, aproximadamente 3,9 milhões de chineses, principalmente civis, foram assassinados como resultado directo das operações japonesas e 10,2 milhões no curso da guerra.

Os prisioneiros de guerra eram enviados para campos de concentração (ou de trabalho) e passavam por situações deploráveis. A polícia política Kempeitai podia sujeitar os seus presos a condições miseráveis, tortura e morte. Os presos eram obrigados a fazer trabalhos forçados e estavam constantemente a enfrentar a fome, doenças e condições climáticas desgastantes.

Depois de invadirem e conquistarem Singapura, os japoneses iniciaram a operação Sook Ching. A Kempeitai considerou que todos os homens chineses de 15 a 50 anos representavam um perigo iminente e obrigou-os a passar por uma selecção. Aqueles que cumpriam esse pré-requisito, teriam que responder a alguns questionamentos que acabariam por decidir o seu futuro.

Aqueles que fossem considerados comunistas, nacionalistas ou membros de alguma sociedade secreta eram executados. O mesmo aconteceu aos que falassem inglês, tivessem alguma tatuagem, fossem funcionários públicos, professores, veteranos ou criminosos. Os outros eram marcados com a palavra «examinado» e eram libertados.

Durante as Guerras Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente 200 mil mulheres foram obrigadas, pelos militares, a prostituírem-se com eles. Elas foram enviadas como escravas sexuais para todo o leste da Ásia e ficaram conhecidas como «mulheres de conforto». A maioria delas eram coreanas e algumas das jovens tinham apenas 16 anos. A violência sexual enfrentada por elas durou anos e acontecia diversas vezes consecutivas.

No ano de 2015, o primeiro ministro do Japão fez uma declaração oficial, desculpando-se pelo ocorrido. As 46 mulheres sobreviventes até aquele ano, receberam cerca de 200 mil dólares cada.

A unidade militar conhecida como Unidade 731 foi responsável por preparar armas químicas e matar milhares de pessoas. Um teste com «bombas de peste» foi feito na tentativa de descobrir se essas armas infectadas seriam capazes de causar um surto de doença no local em que fossem lançadas. A pesquisa surtiu o efeito imaginado e acabou por matar cerca de três mil civis chineses.

Outros testes absurdos foram feitos por eles e resultaram, no total, na morte de 300 mil pessoas. De entre as atrocidades cometidas por eles estava o colocar pessoas em câmaras de pressão para ver quanto tempo o corpo humano suportava antes de explodir, o infectar civis com doenças, dissecar pessoas doentes para examinar o efeito que era causado sobre elas e congelar prisioneiros até a morte para entender melhor o seu comportamento nessas condições.

A cidade chinesa de Xangai, foi ocupada pelos japoneses em 1937. E, desde então, aqueles que se opusessem ao comando japonês eram considerados anti-japoneses e, consequentemente, enviados para a Bridge House. O prédio, conhecido por esse nome, ficava na própria cidade e era comandado pelos Kempeitai. O local foi usado para execuções por decapitação e teve como um de seus alvos principais o editor de tablóides anti-japoneses, Cai Diaotu.

Segundo o historiador Zhifen Ju, pelo menos cinco milhões de civis chineses do norte da China e de Manchukuo foram escravizados pelo Conselho de Desenvolvimento da Ásia Oriental, ou Kōain, entre 1935 e 1941, para trabalhar nas minas e indústrias de guerra. Após 1942, esse número atingiu cerca de 10 milhões.

A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos estima que, em Java, entre quatro e dez milhões de romushas (em japonês: «trabalhadores braçais») foram forçados a trabalhar pelos militares japoneses. Cerca de 270 mil destes trabalhadores javaneses foram enviados para outras áreas dominadas pelos japoneses no Sudeste Asiático e somente 52 mil foram repatriados para Java.

Crimes japoneses contra outros povos

Durante uma disputa nas Índias Orientais Holandesas cerca de 200 militares britânicos ficaram encurralados na ilha de Java. Mesmo tomados pelos japoneses os militares permaneceram lutando enquanto podiam. Mas, a Polícia Secreta do Japão, a Kempeitai, aprisionou-os dentro de gaiolas de bambu, que ficaram conhecidas como «cestas de porco». Depois de tudo isso, ainda foram executados de forma cruel. Eles foram lançados no oceano, fazendo com que uma parte deles acabasse por morrer afogada enquanto a outra acabou por ser devorada, ainda viva, por tubarões.

Os japoneses usaram campos de trabalho ou de concentração, que, para além da China, também foram utilizados pelos japoneses em diversos pontos do leste da Ásia. Os prisioneiros de guerra eram enviados para o local e passavam por situações deploráveis.

Uma das principais preocupações dos reclusos de regiões frias, como em Mukden, era a morte por congelamento. Enquanto em áreas quentes, como Sandakan, temiam as doenças tropicais às quais estavam expostos.

Depois de invadirem e conquistarem Singapura, os japoneses iniciaram a operação Sook Ching. A Kempeitai considerou que todos os homens chineses de 15 a 50 anos representavam um perigo iminente e os obrigou a passar por uma selecção. Lá, todos aqueles que cumpriam esse pré-requisito, teriam que responder a algumas questões que, consequentemente, decidiriam o seu futuro.

A ilha Guam foi tomada pelos japoneses em 1944 e resultou em grandes crimes. Depois de começarem a perder o controlo sobre o local, a polícia secreta japonesa, a Kempeitai, acabou por agir de forma tresloucada. Começaram a torturar, estuprar, decapitar e disparar contra os civis da ilha. O acto atroz ficou bem conhecido depois do ocorrido.

Os crimes dos fascistas italianos

Em 1923, Benito Mussolini, iniciou uma campanha para consolidar o controle sobre o território italiano da Líbia e as forças italianas começaram a ocupar grandes áreas deste país para permitir o estabelecimento rápido de colonizadores italianos.

Foram recebidos com resistência pelos Senussi, que eram liderados por Omar Al-Mukhtar, um herói da resistência que viria a ser enforcado pelos fascistas. Os civis suspeitos de colaboração com os Senussi foram executados. Os refugiados do conflito foram objecto de bombardeamentos e metralhados por aviões italianos.

Em 1930, no Norte da Cirenaica, cerca de 20 mil Beduínos foram deslocados e a sua terra foi entregue aos  aos colonos italianos. Os Beduínos foram obrigados a caminhar, através do deserto, até campos de concentração. A fome e outras más condições nos campos eram predominantes, e os deslocados foram utilizados em trabalho forçado, o que acabou levando à morte de cerca de 4 mil internados até os campos serem encerrados em Setembro de 1933. Mais de 80 mil habitantes da Cirenaica morreram.

Da Segunda Guerra Ítalo-Etíope existem provas documentais de violações italianas das leis de guerra. Que incluíam a utilização de armas químicas, tais como o gás mostarda, o uso de campos de concentração e ataques a instalações da Cruz Vermelha.

De acordo com o governo da Etiópia, a invasão italiana provocou 382 800 mortes de civis: 17 800 mulheres e crianças mortas por bombardeios, cerca de 30 mil pessoas foram mortas no massacre de Fevereiro de 1937, cerca de 35 000 mil morreram em campos de concentração e cerca de 300 mil pessoas morreram de privações devido à destruição das suas aldeias e fazendas.

O governo Etíope também afirmou que os italianos destruíram cerca de 2000 igrejas e 525 mil casas, confiscaram ou abateram perto de seis milhões de bovinos, sete milhões de ovelhas e cabras e 1,7 milhões de cavalos, mulas e camelos.

Durante a ocupação italiana de 1936-1941, também ocorreram atrocidades, em Fevereiro de 1937. Nos massacres de Yekatit 12 (data do calendário etíope) cerca de 30 mil etíopes podem ter sido mortos e muitos mais presos como represália pela tentativa de assassinato do Vice-rei Rodolfo Graziani. Milhares de etíopes morreram também em campos de concentração, como em Danane e Nocra.

Na Guerra Civil de Espanha, cerca de 75 mil soldados italianos do Corpo Truppe Volontarie assim como cerca de 7 mil homens da Aviazione Legionaria lutaram ao lado dos fascistas espanhóis contra a República. Esta bombardeou alvos militares, como as infra-estruturas ferroviárias de Xàtiva, e participou também em muitos bombardeamentos de alvos civis com o fim de «enfraquecer o moral dos Vermelhos». 

Um dos bombardeamentos mais trágicos foi o de Barcelona, em que cerca de 1300 civis foram mortos, e milhares ficaram feridos ou perderam as suas casas. Outras cidades submetidas ao terror de bombardeamentos italianos foram Durango, Alicante, Granollers e Guernica.

Os governos britânico e americano, para conter ilegitimamente a grande influência do Partido Comunista Italiano no pós-guerra, prejudicaram efectivamente, a procura de justiça, ao tolerarem os esforços feitos por autoridades superiores italianas para impedirem de serem extraditados e levados a tribunal todos os supostos criminosos de guerra.

A negação dos crimes de guerra italianos foi fomentada pelo estado italiano, académicos e os meios de comunicação social, que tentaram apresentar a Itália como uma vítima do Nazismo Alemão.

Os suspeitos, que se sabe terem estado na lista de criminosos de guerra italianos, nunca viram nada parecido com o julgamento de Nuremberg, porque, com o início da Guerra Fria, o governo britânico viu em Pietro Badoglio, que também estava na lista, uma garantia de uma Itália anticomunista no pós-guerra. Ficaram sem resposta os pedidos de extradição feitos pela Jugoslávia, Grécia e Etiópia, no final da Segunda Guerra Mundial.

Na ex-Jugoslávia, a Província de Ljubljana, na Eslovénia, viu a deportação de mais de 25 mil pessoas, o que equivalia a 7,5% do total de sua população. A operação, uma das mais drásticas na Europa, encheu muitos campos de concentração italianos, tais como Rab, Gonars, Monigo, Renicci di Anghiari, Risiera di San Sabba e outros lugares. Os sobreviventes não receberam nenhuma compensação do estado italiano no pós-guerra. Só na cidade de Rab, mais de 3500 pacientes internados morreram.

No início de Julho de 1942, tropas italianas relataram ter disparado sobre civis, assassinando 800 civis croatas e eslovenos e queimado 20 casas perto de Split, na costa da Dalmácia. Ainda naquele mês, a força aérea italiana relatou ter praticamente destruído quatro aldeias jugoslavas e matado centenas de civis, como vingança pelo ataque de uma guerrilha local de que resultou a morte de dois oficiais de alta patente.

Na segunda semana de Agosto de 1942, as tropas italianas relataram ter queimado seis aldeias croatas e morto a tiros mais de 200 civis em retaliação por ataques de guerrilha. Em Setembro de 1942, o exército italiano teria supostamente destruído cerca de 100 aldeias na Eslovénia e matado cerca de sete mil moradores em represália por ataques de guerrilhas locais.

Acontecimentos semelhante ocorreram na Grécia, nos primeiros anos da guerra.

Integrada na ocupação do país pelas forças do Eixo, a ocupação italiana da Grécia foi brutal, resultando em represálias, como o massacre de Domenikon. O governo grego afirmou que as forças de ocupação italianas destruíram cerca de 110 mil edifícios e infligiram um dano económico de seis mil milhões de dólares (taxas de câmbio de 1938). Executaram cerca de 11 mil civis.

Os ataques originaram números quase idênticos aos atribuídos às forças de ocupação alemãs. Os italianos também provocaram a fome na Grécia ao mesmo tempo que ocupavam a maioria do país e, com os alemães, foram responsáveis por dar início a uma política de ampla escala de pilhagem de tudo o que tinha valor na Grécia, incluindo alimentos para as forças de ocupação.

Da Fome Grega resultou a morte de cerca de 300 mil civis gregos. As autoridades do Eixo na Grécia roubaram à população faminta toda a colheita de milho, uvas, azeitonas e passas. Até os vegetais, peixes, leite e manteiga foram apreendidos...

A repressão da memória levou ao revisionismo histórico na Itália. Até em 2003, os meios de comunicação italianos viriam a publicar a declaração de Sílvio Berlusconi, segundo a qual Benito Mussolini apenas «costumava enviar a pessoas para férias»…

A resistência italiana (os partiggiani), onde desempenhou papel fundamental o Partido Comunista Italiano, foram barbaramente tratados nas prisões fascistas ou fuzilados.

Depois da guerra, Mussolini foi fuzilado pelos resistentes italianos, mas só cinco altos quadros fascistas criminosos foram julgados por tribunais militares e executados, alguns dos quais por terem executado militares norte-americanos e britânicos.

Grupos e movimentos colaboracionistas noutros países

Outros exemplos de colaboracionismo ocorreram em maior ou menor grau na Polónia, Estados Unidos, Bélgica, Países Baixos, Croácia, Eslováquia, Hungria e especialmente na Noruega, onde Vidkun Quisling governou de forma totalmente favorável aos nazis. O termo «Quisling», em vários lugares da Europa, passou a ser sinónimo de colaboracionista com os nazis. Tito aplicou-o contra os fascistas croatas que apoiaram os nazis durante a invasão da Jugoslávia.

Há notícia também de colaboracionismo durante a Segunda Guerra Mundial em territórios soviéticos, onde nacionalistas bálticos e ucranianos colaboraram com as tropas de Adolf Hitler.

No caso da Ucrânia é particularmente chocante que Stephan Bandera ainda hoje seja visto como herói nacional e que tenha sido a figura histórica inspiradora do golpe fascista de Kiev, em 2014, que provocou os habitantes, de origem russa, da Crimeia, Donetsk e Luhansk, até aos dias de hoje. Limpeza étnica de dezenas de milhares de polacos na região ocidental da Ucrânia – algo que foi reconhecido pelo Parlamento da Polónia, em 2016, como um «genocídio».

Com esse objectivo, a Organização de Nacionalistas Ucranianos e a sua ala militar – o UPA – colaboraram com as forças nazis, lutando contra os polacos e contra o avanço do Exército Vermelho, na Segunda Guerra Mundial.

Membros do seu movimento são acusados de participar em massacres, nomeadamente de judeus, polacos, comunistas, e de participar na organização de campos de concentração nazis.

No final do conflito mundial, o UPA continuou activo, colaborando com os serviços secretos de vários países ocidentais em actividades contra a União Soviética e contra a Polónia socialista, cujo exército combateu.

No que respeita à Hungria, o regente do país nos anos 30, Miklós Horthy, estabeleceu aliança com a Alemanha nazi. Com o apoio do governante alemão Adolf Hitler, a Hungria foi capaz de recuperar terras húngaras perdidas. Nessa altura, a Hungria participou nas invasões da União Soviética e da Jugoslávia.

Ao longo dos anos, a contribuição com os esforços de guerra e a deportação de judeus húngaros é o que marca a sua governação, mesmo que se tenha retirado do Eixo em 1944, altura em que os alemães invadiram a Hungria.

Horthy, depois da derrota da República Soviética da Hungria em 1920, que tinha tido como presidente Bela Kun, por invasão do seu território por parte da Roménia, já tinha iniciado um período de «terror branco». O Terror Branco esteve ideologicamente enraizado na Szeged Idea, descrita por Randolph L. Braham como «um amálgama nebuloso de pontos de vista político-propagandísticos cujos temas centrais incluíram a luta contra o bolchevismo, a promoção do antissemitismo, o nacionalismo chauvinista e o revisionismo –uma ideia que antecedeu tanto o fascismo italiano como o nazismo alemão».

Na Polónia, o colaboracionismo existiu tal como existiu noutros países do Báltico. A Polícia Azul, tinha entre os seus deveres tarefas como manter a ordem e regular o trânsito, mas também assegurar que eram cumpridas as regras dos guetos de judeus, incluindo sujeitá-los a fome, e levando também a cabo execuções, algumas sob ordens directas dos alemães.

No livro Vizinhos (edição Pedra da Lua), o sociólogo americano de origem polaca, Jan Thomasz Gross, faz a reconstrução dum episódio em Jedwabne em que cerca de 1600 judeus (homens, mulheres, crianças) foram levados até um estábulo e mortos. Quem os levou e incendiou o estábulo foram outros polacos, seus vizinhos. A Polónia era um dos países com maior população judaica. Na ascensão dos nazis, nos anos trinta, viviam lá cerca de três milhões de judeus. Hoje viverão no país, quando muito, dez mil.

A Brigada das Montanhas da Cruz Sagrada das Forças Armadas Nacionais foi em 2018 recuperada e honrada em cerimónias promovidas pelo Estado. Este grupo paramilitar de extrema-direita, durante a Segunda Guerra Mundial, combateu partisans soviéticos e comunistas polacos, e agora contaram com o apoio do presidente polaco, Andrzej Duda, e com a presença de representantes do partido no governo de então, que assim fizeram questão de sublinhar a «reabilitação» dos colaboracionistas com os nazis.

Ao mesmo tempo que este governo polaco promoveu a reabilitação das forças fascistas, anticomunistas e colaboracionistas com os nazis na Segunda Guerra Mundial, levou a cabo iniciativas com o objectivo de criminalizar a ideologia comunista e a interdição das actividades dos comunistas polacos.

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