A paralisação desta segunda-feira teve expressão em mais de meia centena de universidades públicas do país austral, onde docentes e outros trabalhadores do sector protestam contra salários abaixo do limiar da pobreza e denunciam os cortes orçamentais do governo de Javier Milei.
No âmbito da greve, convocada por várias organizações sindicais, os trabalhadores exigiram o aumento dos salários, maiores dotações orçamentais e a aprovação da Lei do Financiamento Universitário, indica o portal almaplus.tv.
O projecto de lei do financiamento passou na semana passada na Câmara dos Deputados, estando agora à espera do «sim» do Senado. No entanto, Milei já anunciou que, no caso de a lei ser aprovada, a vetará – impedindo dessa forma a actualização das verbas destinadas pelo Estado às universidades públicas.
Milei argumenta que estas leis «visam destruir o excedente orçamental», tendo afirmado que «causas nobres estão a ser usadas como desculpa para promulgar regulamentos que levariam o governo nacional à falência».
Trabalhadores universitários «asfixiados»
Em declarações à TeleSur, Emiliano Cagnacci, secretário-geral da Associação de Docentes da Universidade de Buenos Aires (Aduba), acusou o governo argentino de «não ouvir» e de «continuar a asfixiar os trabalhadores universitários, cujos salários estão na sua maioria abaixo do limiar da pobreza».
O modelo político promovido pela Libertad Avanza carece de «educação, ciência e saúde, e deixa os estudantes sem oportunidades para se formarem numa universidade pública, gratuita e de qualidade», denunciou Cagnacci.
Em seu entender, muitos problemas poderiam ser solucionados com a aprovação da Lei do Financiamento Universitário e, nesse sentido, instou os senadores a dar luz verde à lei, para «aliviar a crise do sistema público».
Universidades «em crise»
Na cidade de Córdoba, Córcoba Leticia, da Associação dos Docentes e Investigadores de Córdoba, disse ao Tiempo Argentino que os salários dos docentes do Ensino Superior «perderam 40% do seu poder de compra», sem que o governo lhes tenha dado qualquer resposta
«É a maior perda do poder de compra da história, o nosso salário tornou-se o pior da América Latina», afirmou a Federação Nacional de Docentes no contexto da luta, que nalguns casos se vai prolongar até ao próximo sábado e que o governo desvalorizou designando-a como uma «mega-paralisação turística».
Os sindicatos também chamam a atenção para o impacto da «crise» nos estudantes, que por vezes não vão às aulas por não terem dinheiro para pagar o passe dos transportes, ficaram sem bolsas, sem serviços de refeitório ou actividades de extensão.
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