|Segunda Guerra Mundial

As agressões nazis, da ocupação da Renânia à batalha de Moscovo

Até à invasão da URSS a Alemanha de Hitler parecia invencível e a supremacia nazi ameaçava a Europa e o Mundo. No fim da batalha por Moscovo esse mito estava abalado e a esperança dos povos renascia.

«Guernica», de Pablo Picasso. Fotografia de Dora Maar
O bombardeamento pelos nazis da pacífica cidade basca de Guernica, durante a Guerra de Espanha, tornou-se um símbolo da barbárie naziCréditosDora Maar

As agressões dos nazis alemães

Em 7 de Março de 1936 a Alemanha de Hitler invadiu, com um exército de 30 mil homens, a zona desmilitarizada do Reno, sem qualquer resposta das potências ocidentais, apesar da enorme superioridade militar destas.

A França, o país mais directamente visado pela provocação e, então, potência mais forte da Europa, não se opôs à aventura, considerando que a remilitarização e fortificação da zona do Reno seriam utilizados pela Alemanha «para fixar a sua atenção no Sul e no Leste, na Áustria, na Checoslováquia, Polónia e URSS».

De facto, ingleses e franceses, em vez de combaterem a política agressiva da Alemanha nazi, preferiam entender-se e negociar com ela, manifestando a disposição de rever os Tratados de Locarno e retirar a cláusula de desmilitarização do Reno, estudando a devolução à Alemanha das suas antigas colónias, em troca da entrada daquela na Sociedade das Nações.

Entre 1936 e 1939, a Alemanha nazi e a Itália fascista intervieram directamente ao lado dos fascistas espanhóis na guerra civil de Espanha, sob o silêncio cúmplice das potências Ocidentais, que definiram uma «política de não intervenção». Salazar cooperou activamente com os fascistas espanhóis.

De 11 a 13 de Março de 1938, a Alemanha nazi deu mais um passo na agressão, anexando a Áustria (Anschluss). A resposta a Ocidente foi a mesma de sempre: silêncio e cumplicidade.

Entretanto multiplicavam-se os contactos e negociações entre os primeiros-ministros da França e do Reino Unido, respectivamente Daladier e Chamberlain, e Hitler a propósito dos territórios dos Sudetas pertencentes à Checoslováquia. Hitler acelerava os preparativos militares para invadir a Checoslováquia e pressionava os governos húngaro e polaco para intensificarem as suas reivindicações territoriais em relação àquele país.

Em 29 e 30 de Setembro de 1938 tiveram lugar a Conferência e o Pacto de Munique entre Hitler, Mussolini, Chamberlain e Daladier dos quais os governos checoslovacos e soviético foram excluídos.

A região dos Sudetas – pertencentes à Checoslováquia – foi cedida à Alemanha nazi que, alguns meses depois (14-16 Março de 1939), invadiu e ocupou a Boémia e a Morávia perante, uma vez mais, a passividade das potências ocidentais.

A Checoslováquia foi arruinada. Sem perder uma única vida, Hitler conseguira adicionar à Alemanha a Áustria e os Sudetas (mais de dez milhões de pessoas) e um vasto território estratégico.

O objectivo velado dos governantes ocidentais, que procuravam «acalmar» os nazis a ocidente à custa de cedências e abdicações sucessivas, consistiu em virar a agressão nazi contra a URSS.

A Conferência de Munique foi página pouco honrosa da história do Reino Unido e da França neste conflito.

Ao longo de todo este período, o governo soviético desenvolveu esforços no sentido da unificação de acções de todos os que se opunham à ameaça nazi-fascista.

Em 1933 o governo soviético propusera a criação de um sistema de segurança colectiva na Europa, o que conduziu à assinatura dos tratados soviético-checoslovaco (16 de maio de 1935) e soviético-francês (2 de maio de 1935), destinados a prevenir a agressão alemã.

Em 1936, ao abrigo deste tratado, a URSS manifestou a sua disponibilidade para ajudar a França, quando Hitler invadiu as zonas desmilitarizadas do Reno (1936), o que não foi aceite pelo governo francês.

Antes da assinatura do Pacto de Munique, a URSS declarava-se pronta a prestar ajuda à Checoslováquia, a pedido do respectivo governo, face à agressão da Alemanha, cumprindo o tratado de 1935.

A 16 de Abril do mesmo ano, Maxim Litvinov, Comissário dos Negócios Estrangeiros, propôs ao embaixador britânico em Moscovo, a realização de um Pacto de Assistência Mútua entre a URSS, a Inglaterra e a França, reforçado por uma convenção militar entre os três Estados, os quais garantiam auxílio a todos os Estados da Europa Central e Oriental que se sentissem ameaçados pela Alemanha. Não tendo havido qualquer resposta concreta, a proposta foi retomada a 30 de Maio.

Quer a Polónia quer a Roménia, assim como os Estados Bálticos e a Finlândia, recusaram qualquer garantia por parte da URSS.

Por seu turno, a Polónia e a Roménia excluíram qualquer possibilidade de as tropas soviéticas cruzarem os seus territórios para enfrentarem uma eventual agressão alemã.

Também as negociações da URSS com os governos inglês e francês se arrastavam penosamente enquanto decorriam contactos entre enviados secretos ingleses com os nazis.

Hitler tornava claro o propósito de invadir a Polónia. Se tal acontecesse, as tropas alemãs estacionariam nas imediações das cidades de Minsk e Vitebsk, que constituíam o «tampão» estratégico de acesso a Moscovo. Nessa situação a URSS ficaria numa posição extremamente perigosa no plano militar.

Simultaneamente, no Extremo Oriente, o Japão invadia a Mongólia e desencadeava hostilidades não só contra o exército mongol como contra o Exército Vermelho.

A URSS corria o grave risco de, a curto prazo, ter de sustentar a guerra em duas frentes contra dois poderosos inimigos: a Alemanha e o Japão. Estava completamente isolada, pois as negociações militares com o Reino Unido e a França não sofriam progressos significativos.

Em meados de Agosto os alemães, na sequência de propostas anteriores, de «normalização de relações», propuseram à URSS a realização de um tratado de não-agressão.

O governo soviético só respondeu quando perdeu as esperanças de chegar a um acordo com o Reino Unido e a França.

Os nazis fizeram esta proposta de tratado por duas razões principais: a primeira é a de que temiam que o confronto com a URSS fosse demasiado oneroso, preferindo adiá-lo para uma altura em que o seu potencial fosse aumentado à custa de outros países europeus; a segunda razão consistia na necessidade que tinham de certas matérias primas que só a URSS estava em condições de fornecer, residindo aí o seu interesse num acordo comercial.

A 23 de Agosto de 1939, a URSS assinava o Tratado de Não-Agressão com a Alemanha, cedendo territórios que administravam.

Em Setembro de 1939 os alemães invadiram a Polónia, o que provocou a declaração de guerra à Alemanha pela Inglaterra e a França.

Os soviéticos ocuparam então a Ucrânia Ocidental e a Bielorrússia, territórios que lhe haviam sido retirados pelo tratado Brest-Litovsk, em 1918.

O Tratado de Não-Agressão permitiu à URSS preparar-se melhor no plano militar durante quase dois anos.

A cumplicidade e a política de «apaziguamento» dos primeiros-ministros inglês e francês conduziram a França e a Inglaterra à derrota nos dois primeiros anos da guerra. Estes fracassos, de consequências dramáticas para esses países, determinaram, posteriormente, alterações importantes na política e nos políticos ocidentais.

Foi precisa a derrota aliada no continente europeu e a verificação da capacidade de resistência da União Soviética à Alemanha Nazi, quando invadida por esta em Junho 1941, para que no Reino Unido, nos EUA e na Resistência francesa não-comunista ganhassem força as posições que defendiam uma política de cooperação e coligação de todos os Estados vítimas da agressão nazi, incluindo a União Soviética. Esta coligação anti-hitleriana de Estados e Povos viria a desenvolver-se e consolidar-se na luta pela liquidação da Alemanha nazi.

O início da guerra

Quando em 1 de Setembro de 1939 a Alemanha nazi atacou e invadiu a Polónia, desencadeou-se a Segunda Guerra Mundial. Dois dias depois a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. Os Estados Unidos da América declararam a sua neutralidade.

Apesar da declaração de guerra à Alemanha nazi, os exércitos francês e britânico não empreenderam qualquer acção ofensiva não contra ela nem efectuaram preparativos militares sérios. Os governos de ambos os países limitaram-se a fazer, desde então e até Maio de 1940, a então chamada «guerra estranha», que se caracterizou pela mais absoluta inactividade militar.

Este facto era tanto mais absurdo quanto se sabia que, à data do início da agressão nazi contra a Polónia, a correlação das forças militares era claramente favorável à coligação anglo-francesa e até esmagadora na fronteira entre a França e a Alemanha, até pela massiva deslocação de tropas e material de guerra nazis para Leste, com vistas ao desencadear da agressão à Polónia e sua ocupação. Apesar da declaração de guerra, os governos de ambos os países mantiveram todo o grande potencial militar anglo-francês literalmente parado durante nove meses. E, quando a Alemanha iniciou a sua «campanha a ocidente», todo esse potencial militar foi desbaratado ou empurrado até ao mar nas costas atlânticas da França.

Este absurdo militar foi reconhecido depois da guerra pelos próprios chefes militares nazis.

Foi o que afirmou o general Nikolaus von Vormann num dos seus dois livros: «Se as forças de que a Inglaterra e a França dispunham a Ocidente, em grande superioridade, se tivessem movimentado, a guerra teria terminado inevitavelmente. Na Polónia ter-se-iam interrompido as acções de combate. No máximo dentro de uma semana estariam perdidas as minas do Sarre e a região do Ruhr».

No decurso do julgamento de Nuremberga, o general Alfred Jodl, declarou: «Se nós não fomos derrotados na Polónia em 1939, isso deveu-se apenas a que no Ocidente, no período da campanha polaca, 1210 divisões francesas e inglesas se opunham em completa inacção a 25 divisões alemãs».

É fundada convicção, apoiada nestes e noutros factos, que os governos da França e Inglaterra apostaram na consolidação da ocupação nazi da Polónia, que tinha longa fronteira com a URSS, para estimular Hitler a iniciar a agressão contra a URSS.

Esta orientação por parte dos dois governos aliados viria a ter consequências calamitosas para os respectivos países e povos. Hitler, em vez de rumar imediatamente à URSS, desencadeou vitoriosamente a agressão contra a Dinamarca, a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo e, por fim, a própria França, ocupando-as em apenas algumas semanas – a chamada guerra-relâmpago (blietzkrieg).

Os representantes do governo francês acabariam por assinar a capitulação, em 14 de junho de 1940.

Pelos termos desta, cederam dois terços do seu território para a administração do exército ocupante, comprometeram-se a pagar todas as despesas de manutenção das tropas de ocupação alemãs e aceitaram a desmobilização e desarmamento das forças armadas francesas, tendo Paris sido declarada «cidade aberta» para facilitar o trânsito das tropas nazis.

A parte da França não administrada directamente pelos alemães, a sul, passou a ter um governo colaboracionista – governo de Vichy, assim chamado a partir do nome da cidade onde ficou estabelecido. Depois de o chefe de Estado Alberto Lebrun ter nomeado Philippe Pétain como primeiro-ministro, Pierre Laval, simpatizante dos nazis – mais tarde viria a ser também primeiro-ministro de Vichy – conseguiu que a Assembleia Nacional revisse a Constituição, nela consagrando a atribuição do «poder constituinte ao governo da República sob a autoridade e assinatura do marechal Pétain». Este e Laval instituíram um regime de natureza fascista.

Entretanto, os cerca de 340 mil militares ingleses, que estavam estacionados em França em apoio ao exército francês, receberam ordens para regressarem – evacuação de Dunquerque 1.

Ao regime de Vichy, opuseram-se as associações de resistentes, que vieram a ser ilegalizadas. Um sector de resistentes era apoiado pelo Partido Comunista Francês (PCF) e um outro era dirigido, a partir de Londres, pelo general Charles de Gaulle.

Agindo clandestinamente até à libertação, a resistência causou grandes perdas aos alemães e ao regime, que prendeu torturou, assassinou, perseguiu os judeus e deportou centenas de milhares de franceses para a Alemanha para fazerem trabalho escravo nas fábricas que apoiavam o esforço de guerra dos nazis. Entretanto, intermináveis combóios transportavam as suas riquezas nacionais para a Alemanha.

Mas a resistência viria a libertar a França, com apoio de tropas americanas. Pétain e Laval iriam ser presos e condenados à morte. Ao contrário de Laval, Pétain viu comutada essa pena e morreu na prisão, devido em respeito pelo seu papel na Primeira Guerra Mundial.

A batalha de Inglaterra

O «Dia da Águia» (Adlertag), a 13 de Agosto de 1940, marcou o início da campanha militar da Alemanha contra Inglaterra. Ao contrário das anteriores, foi uma batalha desencadeada exclusivamente pela aviação alemã (Luftwaffe).

Logo no primeiro dia, os alemães ficaram surpreendidos com a perícia dos pilotos britânicos que os enfrentaram (RAF).

Enquanto a batalha prosseguia nos céus do Sul de Inglaterra, os dirigentes políticos britânicos tiveram oportunidade de saberem exactamente o que estava em jogo nesta batalha, pois no dia seguinte, depois de um exame atento das mensagens «Enigma»2 da Luftwaffe, a Comissão Conjunta dos Serviços de Informações concluiu, sem grande margem para dúvida, que as autoridades alemãs não tinham tomado, nem tomariam, uma decisão definitiva sobre a invasão da ilha «enquanto não se conhecesse o resultado da presente luta pela supremacia aérea».

Quando chegou o final de Agosto a batalha aérea sobre o país já durava há duas semanas e meia, continuando a constituir o principal foco das preocupações da opinião pública britânica e das esperanças entusiasmadas dos alemães.

Mas Hitler não tinha qualquer intenção de levar a cabo o desembarque se o risco da operação fosse, como se estava a constatar, demasiado grande para a sua passada, após os êxitos no continente europeu. Depois de, em mais de três semanas, a aviação alemã ter bombardeado bases aéreas e postos de comando britânicos, Hitler ordenou uma série de bombardeamentos aéreos que tiveram como alvo a cidade de Londres.

Não foi apenas o porto de Londres, mas também os de Liverpool, Swansea e Bristol, que foram bombardeados na noite de 12 de Setembro. Nos primeiros 40 dias foram lançados sobre a Grã-Bretanha 15 mil toneladas de bombas. Na semana terminada em 26 desse mês, o Blitz – como ficou designado pelos ingleses, como abreviatura da Blitzkriege, já referida acima – prosseguiu, apesar das pesadas baixas infligidas à Luftwaffe, causando a morte a mais de 1500 civis britânicos, 1300 dos quais na cidade de Londres. No dia 1 de Outubro o total de baixas civis passou a ascender a 6954.

O povo inglês teve um desempenho heróico, mas muito sofrido.

A 17 de Setembro, Hitler tinha decidido adiar «para mais tarde» a invasão da Grã-Bretanha, dizendo ao seu ajudante de campo da Marinha de Guerra (Kriegsmarine), tenente Karl von Puttkammer, «Conquistámos a França à custa de 30 mil baixas. Na noite da travessia do Canal da Mancha, poderíamos perder muitos mais homens sem garantir sucesso».

O Blitz ia prosseguir, mas a batalha da Inglaterra estava perdida para os nazis.

Os britânicos não sucumbiriam e não ouviriam na sua terra o bramido dos Panzers alemães, o silvo dos bombardeiros de mergulho, as marchas dos soldados alemães que levaram os horrores da conquista e o flagelo da ocupação a grande parte da Europa.

A agressão à URSS

Quando em 22 de Junho de 1941, os exércitos hitlerianos atacaram de surpresa toda a fronteira ocidental da União Soviética, já 10 países europeus tinham sido derrotados e ocupados em cerca de dois anos: Áustria, Checoslováquia, Polónia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, França e Jugoslávia. A Inglaterra, apesar dos combates aéreos perdidos pela Alemanha, ficou sitiada e sujeita a um bloqueio marítimo pelos nazis.

A Alemanha tinha chegado aqui, depois de ter conduzido à capitulação poderosos exércitos de milhões de homens, tendo nas suas mãos, entre países ocupados e países de governos cúmplices, praticamente todo o território da Europa à excepção da URSS – um enorme potencial humano, económico e militar.

As Wehrmacht (designação dos três ramos das forças alemãs) tinham até então criado o mito de que a Alemanha e a sua estratégia de blitzkrieg eram invencíveis.

Foi baseado nessa estratégia que o comando alemão elaborou o Plano Barbarossa3, cuja concretização deveria conduzir à destruição do exército soviético e à ocupação dos principais centros políticos e económicos num prazo de oito a 10 semanas.

Para a concretização deste plano de guerra relâmpago, a Alemanha nazi contava com uma efectiva superioridade militar sobre a URSS e atacou com forças cinco a seis vezes superiores. Uma tal superioridade, associada à surpresa do ataque, deu aos nazis uma grande vantagem inicial, conduzindo à desorganização da defesa e a recuos do Exército Vermelho. Nos primeiros cinco meses, entre Junho e Outubro, os exércitos nazis cercaram Leninegrado, aproximando-se até poucos quilómetros de Moscovo. Ocuparam e tiranizaram vastos territórios da Rússia, da Bielorrússia, da Ucrânia e da Crimeia, apesar da luta sem quartel dos combatentes soviéticos.


Fruto desta heróica resistência, apesar das condições militares muito desfavoráveis, o exército e o povo soviético viriam a alcançar um primeiro êxito. No final das tais 8 a 10 semanas que Hitler tinha fixado para derrotar a URSS, ele e os seus generais foram obrigados a reconhecer que o projecto de guerra-relâmpago tinha fracassado a Leste. O alto comando nazi redefiniu projectos e decidiu investir todos os seus meio humanos e militares para a conquista de Moscovo.

Na batalha de Moscovo, iniciada em 30 de Setembro, participaram de ambos os lados mais de três milhões de homens. As tropas nazis dispunham, no início, uma superioridade de 1,4 vezes em efectivos, 1,7 em artilharia e tanques e de mais do dobro de aviões. Mas, mesmo assim, as tropas soviéticas defenderam a cidade e passaram à contra-ofensiva.

Estava a quebrar-se o mito da invencibilidade da Wehrmacht.

A guerra adquiriu a partir dessa altura um carácter prolongado. Entre Junho de 1941 e Abril de 1942, quando terminou a batalha de Moscovo, a Alemanha tinha perdido na URSS 1,5 milhões de homens, cinco vezes mais do que todas as perdas sofridas quando da conquista de onze países da Europa.

Tornou-se a partir de então possível um funcionamento mais seguro e eficaz da economia soviética, uma «economia de guerra», com a transferência das 1360 fábricas das regiões ocidentais para os Urais e para a Sibéria.

No plano internacional, as repercussões foram muito grandes.

A Turquia e o Japão desistiram de declarar guerra à União Soviética, os povos cujos territórios tinham sido ocupados redobraram os esforços para a luta e a resistência antifascista intensificou-se. Começaram a ser criadas condições para dar corpo a uma coligação anti-hitleriana entre vários países.

E criaram-se bases sólidas para uma viragem radical na guerra, sobretudo após as batalhas de Estalinegrado (Setembro de 1942 a Fevereiro de 1943) e da batalha de Kursk (a maior batalha de tanques da história, de Julho a Agosto de 1943).


Ao leitor:

Este é o segundo de uma série de artigos que, entre Março e Maio de 2020, o autor consagra à celebração do 75.º aniversário da Vitória, sob a designação comum de «Lembrar o fim da Segunda Guerra Mundial sem reescrever a História». Foi já publicado A ascensão do nazismo aos ombros do capital. Próxima publicação: 1 de Abril de 2020.

  • 1. Prevendo o desastre que se aproximava, as tropas britânicas começaram a organizar, no final de maio, a sua evacuação do continente, retratada por Christopher Nolan no seu último filme, de 2017, Dunkirk. «O Governo de Londres começou a preparar uma frota feita de quase tudo, com botes e barcos, que pudessem encontrar nas suas costas», escreveu, por seu lado, Richard J. Evans no seu clássico reeditado O Terceiro Reich em Guerra (3.ª edição em 2017, existe na FNAC). Apesar dos ataques da aviação alemã, 700 barcos chegaram às praias de Dunquerque para levar às ilhas tudo o que pudessem salvar de um exército em retirada. A significativa força militar pôde retornar à Inglaterra graças à ordem pessoal de Hitler para que se parasse a ofensiva, mesmo com a opinião contrária de muitos de seus oficiais.
  • 2. A decifração do sistema alemão de encriptação Enigma, pretendidamente inquebrável, constituiu uma das maiores vantagens dos serviços de informação britânicos durante a Segunda Guerra Mundial.
  • 3. Assim chamado em honra do imperador Frederico I, cognominado «Barba Ruiva» (Barbarossa), do Sacro Império Romano-Germânico que, no século XII, governara o maior território germânico de sempre, até à data.

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