A carta assinada por 61 parlamentares brasileiros, divulgada ontem na Câmara dos Deputados, em Brasília, numa iniciativa contra o genocídio do povo palestiniano e em defesa do cessar-fogo, pediu ao presidente Lula da Silva que convoque o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, a exemplo do que fizeram outros governos sul-americanos.
«Solicitamos ao governo brasileiro que chame o embaixador do Brasil em Israel para consultas e que não se promulguem os acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel», lê-se no texto.
A missiva lembra ainda que a ampla maioria dos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução pedindo um cessar-fogo urgente, «mas Israel declarou que não tem intenção de parar e intensificou os ataques contra o povo palestino».
No acto que teve lugar na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB) destacou a necessidade de endurecer a posição em relação a Israel, acreditando que o governo brasileiro assim o fará depois de os brasileiros em Gaza serem evacuados.
A deputada comunista acrescentou que a Embaixada do Brasil na Palestina informou, esta quarta-feira, que as mais de três dezenas de brasileiros e parentes que permanecem no Sul do enclave costeiro palestiniano ficaram de fora da sexta lista de pessoas autorizadas a deixar o território. «É impossível manter relações políticas como se nada estivesse acontecendo», disse Feghali, citada pelo portal Opera Mundi.
Por seu lado, o deputado Glauber Braga (do PSOL), sublinhou que o acto de ontem «tem como objectivo a busca da paz, e a busca da paz se faz com o fim da colonização e do apartheid».
Além de Braga e Feghali, os outros deputados federais que convocaram o evento na Câmara dos Deputados foram Erika Kokay (PT), Fernanda Melchionna (PSOL), Luizianne Lins (PT) e Padre João (PT).
«Independência e libertação do povo palestiniano mais próxima do que nunca»
A cerimónia, refere a Opera Mundi, também contou com a presença de embaixadores de Síria, Argélia, Líbano, Líbia, Irão, Catar, Turquia, Egipto, Cuba, Venezuela e Tunísia.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzaben, foi o primeiro a intervir no plenário, tendo declarado que «a independência e a libertação do povo palestiniano está mais próxima do que nunca».
O acto, inicialmente marcado para as 14h, só pôde começar por volta das 15h, devido a uma provocação do deputado bolsonarista Abilio Brunini, que tentou ofender os participantes no evento, indica a fonte.
«Quero mostrar que essa é provocação e agressão repetida diariamente na Palestina, com uma pequena diferença: normalmente termina com sangue, morte e detenções», disse Alzaben.
Acrescentou que, «mesmo com toda a dor, a nossa mão sempre vai estar estendida pela paz», e concluiu dizendo que «aqueles que esperam que o povo palestiniano desapareça podem esperar sentados».
Por seu lado, o embaixador da Liga Árabe no Brasil, Qais Shqair, disse que «a causa palestiniana é a primeira causa de todo o mundo árabe» e que a solução para a Palestina é também uma questão de todos os países da liga.
Já o presidente da Federação Árabe Palestina (FEPAL), Ualid Rabah, ressaltou a importância da solidariedade com o povo palestiniano e lembrou que esse sentimento «foi o que acabou com o apartheid na África do Sul e com todos os governos despóticos do mundo».
Na mesma linha, o jornalista Breno Altman lembrou que este é um momento crucial para a história. «É preciso que o nosso governo lidere a América do Sul na pressão sobre o governo colonial de Israel para que pare o massacre na Faixa de Gaza», disse o fundador da Opera Mundi.
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