A mobilização desta quarta-feira foi realizada no contexto do dia de São Caetano, a cujo santuário centenas de pessoas se dirigiram antes de se encaminharem para o centro de Buenos Aires.
Associação Trabalhadores do Estado (ATE), Avós e Mães da Praça de Maio, Familiares de Detidos e Desaparecidos, Confederação Geral do Trabalho (CGT) foram algumas das organizações que promoveram a mobilização frente à Casa Rosada.
Também se mobilizaram a União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), a Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos, a Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e a CTA-Autónoma, entre outras organizações.
No acto central da iniciativa, que também contou com a participação de outras organizações populares, intervieram Adolfo Pérez Esquivel, prémio Nobel da Paz, o secretário-geral da CTA-Autónoma, Hugo Godoy, e vários outros dirigentes sociais e sindicais.
Godoy destacou a importância da mobilização e da unidade contra a política do governo argentino, enquanto Daniel Catalano, da ATE Capital, afirmou que se tratava de um dia muito importante para o movimento operário, que diz: «Basta de Milei!».
Por seu lado, o secretário-geral da ATE, Rodolfo Aguiar, disse que mais de 90% dos trabalhadores filiados aderiram à greve convocada pela central sindical para exigir a devolução dos postos de trabalho e dos salários aos funcionários públicos despedidos.
Além do repúdio pela política de austeridade, fome e precariedade levada a cabo pelo governo de Javier Milei, na jornada de luta ficou igualmente patente a exigência do fim da entrega dos recursos naturais do país a empresas transnacionais, refere a TeleSur.
UCA: mais de metade dos argentinos são pobres
Um relatório do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina (UCA) revelou que mais de metade da população argentina é pobre. No primeiro trimestre de 2024, a pobreza atingiu 54,9% e a pobreza extrema 20,3%.
Em declarações à rádio 750, Eduardo Donza, investigador e coordenador de dados da UCA, disse que, «de um modo geral, na área urbana abrangida pelo Inquérito Permanente aos Agregados Familiares, a pobreza estaria num nível próximo dos 55% da população, precisamente 54,9%, e também são muito alarmantes os dados da indigência, que chega a 20,3% da população nessa situação».
De acordo com o estudo, que incidiu sobre os rendimentos dos argentinos nos 32 principais conglomerados urbanos do país, durante o primeiro trimestre de 2024 a pobreza aumentou 9,7% e a pobreza extrema 5,7%, por comparação com o último trimestre de 2023.
Outro aspecto revelado pelo inquérito é que no primeiro trimestre deste ano a pobreza infantil atingiu níveis quase recorde, com sete crianças em cada dez a viverem numa casa pobre.
Donza recordou que, nas últimas duas décadas, a população em situação de pobreza no país austral nunca foi inferior a 25%, mas explicou que a situação melhorou bastante entre 2001 e 2009, período em que cresceu o produto interno bruto (PIB) e foram criados empregos de qualidade, indica o Página 12.
O especialista defendeu ainda como «estritamente necessário» que o país «desenvolva políticas de Estado que apontem para a produção e o trabalho».
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