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Argélia e Cuba reafirmam em Buenos Aires o apoio à causa saarauí

Diplomatas de Argélia e Cuba declararam na capital argentina o apoio ao povo saarauí ao intervir como convidados na Conferência Internacional de Jornalistas e Meios de Comunicação Solidários com a Causa Saarauí.

Intervenção dos embaixadores cubano e argelino, convidados especiais da conferência Créditos / PL

Com sessões plenárias na quarta e quinta-feira na sede da CTA Autónoma, a segunda edição do encontro terminou esta sexta-feira, também em Buenos Aires, com um acto político-cultural para assinalar os 52 anos da Frente Polisário.

Na quinta-feira, Lotfi Sebouai, embaixador da Argélia na Argentina, e Pedro Pablo Prada, embaixador de Cuba, reafirmaram o apoio dos seus países ao direito do povo saarauí a viver no seu território e a exercer o direito de autodeterminação.

Sebouai declarou que o apoio da Argélia à causa saarauí vai continuar e exortou o mundo, sobretudo a ONU, a apoiá-la e a promover a realização do referendo em que o povo do Saara Ocidental determinará o seu futuro enquanto nação.

A Argélia, que reiterou o empenho em promover e defender os direitos dos saarauís em todos os fóruns internacionais, deixa também claro o seu repúdio pela espoliação dos recursos naturais saarauís por operadores económicos que os comercializam de forma ilícita.

Já o embaixador cubano evocou os primeiros contactos de Havana com a Frente Polisário, durante a visita que Ernesto Che Guevara realizou à Argélia na qualidade de enviado especial do governo cubano, em 1963, na sequência da independência argelina.

Cuba e a República Árabe Saarauí Democrática (RASD) estabeleceram relações diplomáticas em 1980, no contexto da política externa cubana de rejeição de todas as formas de colonialismo, neocolonialismo e racismo, recordou Prada.

Ajuda multifacetada de Cuba ao longo dos anos

Também lembrou que os primeiros 22 médicos cubanos chegaram aos campos de refugiados em 1977, tendo-se posteriormente criado uma brigada médica permanente, ao mesmo tempo que ali começaram a trabalhar dezenas de professores da Ilha.

Em jeito de resumo, o diplomata afirmou que mais de 500 profissionais da saúde cubanos ajudaram o Estado saarauí na prestação de cuidados médicos, que a Ilha abriu as portas das suas universidades aos jovens saarauís e que o governo de Havana doou à RASD 512 mil vacinas contra a Covid.

«Cuba vai continuar a defender o direito do povo saarauí à soberania, a viver em paz na sua terra, a usufruir os seus recursos naturais e a escolher em liberdade o tipo de Estado que deseja», disse Prada, citado pela Prensa Latina.

Coube ao seu homólogo saarauí na Argentina, Mohamed Ali Ali Salem, fazer a introdução à sua intervenção e à de Sebouai. Na ocasião, Ali Salem afirmou que, sem a ajuda da Argélia, hoje o povo saarauí não existiria, já que a monarquia marroquina lançou uma guerra de extermínio étnico.

Disse também que a cooperação cubana na saúde, na educação, na formação de recursos humanos e na ajuda alimentar permitiu ao povo saarauí subsistir e lidar com a crise a que tem sido submetido.

Papel dos meios de comunicação na defesa da causa saarauí

A II Conferência da Federação Internacional de Jornalistas e Meios de Comunicação Solidários com a Causa Saarauí teve início na capital argentina na quarta-feira, com delegações do país anfitrião, Brasil, Colômbia, Cuba, Itália, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Saara Ocidental, indica a Sahara Press Service (SPS).

Na abertura do encontro, que decorreu sob o lema «Jornalismo e acção pela descolonização do Saara Ocidental», Mohamed Ali referiu-se ao povo saarauí como «uma causa pela humanidade contra a opressão» e disse que há «84 países que reconhecem a RASD, entre os quais não se encontra a Argentina».

Já Hugo Godoy, secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA Autónoma), destacou o facto de a sede da central sindical ser o espaço onde «se reúnem trabalhadores e trabalhadoras da imprensa, em torno de uma causa que é sua».

Por seu lado, Mercedes Cabezas, secretária adjunta da Associação Trabalhadores do Estado (ATE), disse que «a CTA é território saarauí» e que já o expressaram, inclusive, ao embaixador de Marrocos. «Exigimos que o governo argentino reconheça a República Árabe Saarauí», declarou.

No final dos primeiros dois dias, foi aprovada a «Declaração de Buenos Aires», com a reafirmação dos princípios estabelecidos em 2024, a valorização do trabalho realizado pelos meios de comunicação saarauís e a sugestão de linhas de princípio a ser adoptadas pelos órgãos de comunicação solidários, nomeadamente ao nível do foco e da linguagem.

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