O acto de celebração dos 51 anos da Frente Polisário, legítima representante do povo saarauí, decorreu este sábado na sede da Federação das Associações Galegas da República Argentina (FAGRA) e incluiu música, dança, poesia e a inauguração da mostra fotográfica «100 olhares por um Saara Livre», refere o portal Resumen Latinoamericano.
As intervenções políticas estiveram a cargo de Lotfi Sebouai, embaixador da Argélia em Buenos Aires; Pedro Pablo Prada, embaixador de Cuba; Jorge Kreyness, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista da Argentina, e de Mohamed Ali Ali Salem, representante da Frente Polisário e embaixador da República Árabe Democrática Saarauí (RASD) na Argentina.
Lembrando que a RASD é membro de pleno direito e fundador da União Africana, o diplomata argelino afirmou que a causa saarauí está inscrita nas Nações Unidas como uma questão de descolonização e sublinhou que o Saara Ocidental é a última colónia em África.
Neste contexto, fez um apelo a todas as forças vivas da Argentina, da América Latina e do mundo para que apoiem a luta do povo saarauí contra a ocupação marroquina.
Direito a um «Estado livre, soberano, independente»
Por seu lado, o embaixador cubano, Pedro Pablo Prada, afirmou que estar ali era «um dever, uma obrigação básica», acompanhando os irmãos saarauís na defesa do seu direito a existir na sua terra e a «ter um Estado livre, soberano e independente».
O diplomata cubano lembrou que o seu país foi dos primeiros a apoiar o povo saarauí, logo em 1973. «Tinha-se organizado a Frente [Polisário] e os primeiros encontros com os dirigentes saarauís ocorreram na histórica Cimeira dos Não-Alinhados em Argel, com a presença de Fidel, num momento muito difícil, de crise de ideias, de confrontos internacionais, e ali conseguimos salvar o movimento dos Não-Alinhados que alguns queriam afundar, desarmar, inclusive fazer desaparecer», disse Prada.
«É louvável»
Em nome da Frente Polisário, interveio Mohamed Ali Ali Salem, que agradeceu a presença das representações diplomáticas, das organizações sociais, políticas e culturais, antes de afirmar que «Marrocos queria uma terra sem ninguém, queria vir pelas riquezas do Saara Ocidental».
«A Argélia abriu as suas portas e cedeu-nos um pedaço de terreno desértico, mas onde nós exercemos a nossa soberania», disse, acrescentando: «É louvável. Os argelinos para entrar na sua própria terra, que nos cederam há 48 anos, têm de nos pedir autorização e isso é louvável.»
Neste contexto, apontou a Argélia como exemplo, e referiu-se também a Cuba, à Venezuela, às Honduras, «que nos apoiam sem interferir nos nossos assuntos», indica a fonte.
Num evento em que estiveram presentes representantes sindicais, culturais e várias personalidades, foi também inaugurada a mostra fotográfica «100 olhares por um Saara Livre», cuja apresentação esteve a cargo da documentarista Manuela Blanco e de Luis Fernández, presidente da FAGRA.
Blanco explicou que a mostra conta com trabalhos de 20 autores da Argentina, México, Uruguai, Venezuela e RASD, com uma participação especial da Escola de Formação Audiovisual Abidin Kaid Saleh, localizada nos campos de refugiados.
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