A afirmação foi feita por Rik Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinianos ocupados, durante um encontro com a imprensa na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, esta sexta-feira.
Peeperkorn sublinhou que os números divulgados – com base em dados das autoridades de saúde em Gaza – estão provavelmente abaixo dos casos existentes e não são totalmente representativos, uma vez que se baseiam apenas nas mortes reportadas.
«A OMS exortou mais países a acolherem doentes de Gaza e [solicitou] que a evacuação médica para a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, seja retomada», disse, citado pela PressTV.
De acordo com o representante da OMS, 18 de 36 hospitais e 43% dos centros de cuidados de saúde primários da Faixa de Gaza estavam a funcionar parcialmente, havendo uma grave escassez de medicamentos essenciais e de material médico necessário para o tratamento de doenças cardíacas, entre outras.
Peeperkorn disse que, embora as taxas de aprovação de fornecimentos para Gaza tivessem melhorado, o processo de entrada de medicamentos e equipamento médico permanecia «desnecessariamente lento e complexo».
Salientando que a OMS continua a enfrentar desafios para levar reagentes de laboratório e componentes essenciais de equipamento de laboratório para Gaza, uma vez que muitos artigos viram a sua entrada recusada por serem classificados como de utilização dupla, Peeperkorn pediu às autoridades israelitas que concedam uma «aprovação geral» à entrada de material médico em Gaza, «de modo a responder às necessidades urgentes».
O responsável da OMS disse ainda que a tempestade Byron atingiu Gaza em força, agravando o sofrimento das famílias já deslocadas, e acrescentou que as condições meteorológicas de Inverno, aliadas à precariedade do abastecimento de água e do saneamento básico, deverão provocar um aumento dos casos de infecções respiratórias agudas, hepatites e doenças diarreicas.
«As crianças, os idosos e as pessoas com doenças crónicas continuam a ser as mais vulneráveis», alertou.
Violações sucessivas do cessar-fogo e escalada na Cisjordânia
Desde que o cessar-fogo entrou em vigor no enclave costeiro, a 10 de Outubro último, as forças de ocupação têm violado repetidamente o acordo da trégua, provocando pelo menos 391 mortos e 1063 feridos entre a população palestiniana, revela a Wafa.
O número de palestinianos mortos desde o início da guerra de extermínio no enclave costeiro ascende a pelo menos 70 663 – na sua maioria mulheres e crianças – e o número de feridos a 171 139, de acordo com fontes médicas.
Em simultâneo, as forças de ocupação israelitas intensificam a escalada de agressão nos territórios ocupados da Margem Ocidental, aprovando a criação e a legalização de novos colonatos ilegais (à luz do direito internacional) e levando a cabo amplas operações militares e de limpeza étnica, também com o envolvimento de colonos, no âmbito das quais pelo menos 1085 palestinianos foram mortos e cerca de 10 700 ficaram feridos, desde Outubro de 2023.
Neste mesmo período, revela a Sociedade dos Presos Palestinianos, cerca de 21 mil palestinianos foram ali detidos pelas forças de ocupação.
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