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|artes plásticas

A arte como expressão de vida e afirmação no mundo do humano

Exposições de Escultura de Isabel e Rodrigo Cabral na Galeria Municipal de Matosinhos, Ernesto de Sousa nas Galerias Municipais de Lisboa, Susanne Themlitz e Sara Mealha na Casa da Cerca em Almada.

«Passado e futuro», 2011, ferro pintado, 200x35x55cm, foto de Isabel e Rodrigo Cabral. Exposição «A obra de escultura de Isabel e Rodrigo Cabral» na Galeria Municipal de Matosinhos, até 27 de fevereiro
«Passado e futuro», 2011, ferro pintado, 200x35x55cm, foto de Isabel e Rodrigo Cabral. Exposição «A obra de escultura de Isabel e Rodrigo Cabral» na Galeria Municipal de Matosinhos, até 27 de fevereiroCréditos / Isabel e Rodrigo Cabral

A Galeria Municipal de Matosinhos1 apresenta a exposição «A obra de escultura de Isabel e Rodrigo Cabral», até 27 de fevereiro. A obra destes artistas é reconhecida pelas cores intensas, originalidade, enorme capacidade comunicativa e experimental e a sua criação é essencialmente em pintura, escultura, instalação, serigrafia, litografia, cerâmica, performance, poesia visual e arte postal. Podemos encontrar muitas das suas obras em diversos espaços públicos, por todo o país.

No início da sua carreira artística, Isabel Cabral2 e Rodrigo Cabral3, embora com percursos em separado, já desenvolviam alguma atividade artística em comum, assim como a sua intensa participação na atividade de dinamização cultural do Porto, integrando as direções da Cooperativa Árvore, do T.E.P.-Teatro Experimental do Porto, do Cine Clube do Porto e fizeram parte do «Grupo Acção de Graças», em 1986. É, no entanto, em 1987, que Isabel e Rodrigo Cabral assumem «a decisão, inédita entre nós, de trabalharem coletivamente, e sem menção de autoria individual, a pintura e a escultura que doravante irão desenvolver. Esta nova decisão deve ser, antes do mais, devidamente pensada nas suas consequências, e mesmo na sua singularidade contextual. Os dois artistas, ao constituírem o coletivo — porque é disso que afinal se trata, e não de um grupo do mesmo tipo que o Puzzle ou mesmo, antes deles, o Grupo Acre, Os Quatro Vintes ou o KWY, de propósitos diversos, mas que foram marcantes na arte portuguesa — assumiram claramente a identidade coletiva, com forte sentido político, mas em cuja designação se contêm identificados os próprios nomes», afirma o critico e historiador de arte Bernardo Pinto de Almeida no livro Memórias do Presente em 2016.

A exposição «Ernesto de Sousa, Exercícios de Comunicação Poética Com Outros Operadores Estéticos» na Galeria Quadrum e Galeria Avenida da Índia em Lisboa, até 27 de fevereiro Créditos / Galerias Municipais de Lisboa

Sobre a obra deste coletivo de artistas, com o nome de «Projeto Comum», Bernardo Pinto Ribeiro assinala no catálogo da exposição que «as formas caprichosas que tomam as esculturas de Isabel e Rodrigo Cabral, na verdade, abrem uma situação original na escultura portuguesa. Elas desprendem-se de uma pertença estrita ao escultórico tradicional para que, do mesmo modo que as suas pinturas de finais de 70 integravam o escultórico, agora as obras de três dimensões integram o pictórico. São, a bem dizer, picto-esculturas, ou desenhos e cores lançados e erguidos no espaço, de presença solar, celebratórias das forças de vida e de afirmação no mundo do humano. (…) As experiências de equilíbrio, de tensão espacial, de reorganização do espaço que nelas se propõem, a que acresce ainda a já referida dimensão colorida de raiz Pop, isolam-nas, no espaço da arte portuguesa, e inscreve-as de uma originalidade inesperada nesse contexto.»

A exposição «Ernesto de Sousa, Exercícios de Comunicação Poética Com Outros Operadores Estéticos» é apresentada na Galeria Quadrum4 e Galeria Avenida da Índia5 em Lisboa, podendo ser visitada até 27 de fevereiro de 2022. Esta exposição, organizada por ocasião do centenário do nascimento de Ernesto de Sousa (1921-1988), pretende prestar homenagem a este operador estético, que foi um protagonista muito importante da vanguarda portuguesa, intervindo como artista, poeta, crítico, curador, cineclubista, editor, cineasta e promotor de ideias e expressões artísticas experimentais mostrando-se nesta exposição a sua obra e os seus arquivos.

Como se pode ler no texto de apresentação, este projeto «revisita a primeira exposição individual que o artista realizou em Portugal, na Galeria Quadrum, em 1978 – A Tradição como Aventura, apresentada há 43 anos neste mesmo local –, bem como uma seleção de obras e projetos interativos, coletivos e curatoriais realizados entre as décadas de 1960 e 80 e apresentados agora no espaço da Galeria Avenida da Índia». A curadoria é de Lilou Vidal.

Ernesto de Sousa «cedo começou a colaborar com jornais e revistas como a Seara Nova, Horizonte, Vértice, Mundo Literário e Colóquio Artes» e teve uma importante «participação como crítico e teórico do neorrealismo artístico e literário dos anos 40», considerando este movimento como «uma arte participativa e necessária à transformação do contexto social». Foi também nos anos 40 que iniciou a sua produção fotográfica «que inclui levantamentos etnográficos, registos de arte popular e de escultura, e retratos em contexto urbano. Afirma-se nesta década o seu interesse pela atividade artística e pelo estudo da arte popular e moderna» e ao «estudo do cinema, desenvolvendo uma intensa atividade cineclubística, que teve significativa influência na formação ideológica e cultural de várias gerações». Entretanto colabora com Almada Negreiros e com elementos do movimento Fluxus e a partir dos anos 60 inicia os seus trabalhos em mixed-media e intermedia, com referência para «Nós não estamos algures»(1969) com a colaboração de Jorge Peixinho, é curador da exposição «Do Vazio à Pro Vocação» na SNBA (1972), organizou a exposição «Alternativa Zero»(1977) e «divulgou a arte vídeo, o happening, a performance em cursos, artigos e conferências que contribuíram para abrir caminhos à arte portuguesa».6

Pormenor de «Sala do Meio», 2021 (com desenhos desde 1993). Exposição «Um Berlinde no Chão, Quase no Meio da Sala» de Susanne Themlitz na Sala Principal da Casa da Cerca em Almada, até 20 de fevereiro CréditosFrancisco Palma /

Na programação da Casa da Cerca7 em Almada apresentam-se diversas exposições, das quais destacamos duas exposições com a curadoria de Filipa Oliveira, «Um Berlinde no Chão, Quase no Meio da Sala» de Susanne S. D. Themlitz na Sala Principal e «Ou Não, Sim» de Sara Mealha na Cisterna, ambas poderão ainda ser visitadas até 20 de fevereiro.

A exposição de Susanne S. D. Themlitz8 revisita alguns trabalhos desde 1986, apresentada pela curadora como «um ensaio sobre o olhar enquanto ato de apreensão do mundo, e sobre o desenho como espaço de mediação». Aceitando o desafio de pensar num projeto que juntasse o jardim e o desenho, no âmbito do 20º aniversário d' O Chão das Artes – Jardim Botânico da Casa da Cerca, a artista expõe no primeiro piso um enorme desenho, que, segundo a curadora, apresenta uma «acumulação de pequenos momentos, de diferentes elementos, um story board de uma história que ainda não foi contada», no piso superior uma instalação que o ocupa quase na totalidade, juntando «uma miríade de objetos: alguns criados pela artista, outros recolhidos e guardados ao longo dos anos», para a qual Filipa Oliveira nos convida a olharmos «com o espanto da redescoberta de algo que era profundamente familiar e banal, e que, de repente, ganha um outro brilho, uma outra leitura». Na parede da mesma sala encontramos ainda obras a óleo e grafite «O Jardim Desdobrado ao Longo da Linha do Horizonte». A sala do meio, totalmente coberta com cartazes, desenhos, pinturas e objetos de diferentes momentos da obra da artista e na última sala poderemos ainda ver algumas peças de cerâmica vidrada, desenhos, pintura e textos que nos remetem novamente para a paisagem: «… o verde da relva, algumas árvores. Sinto a névoa. Abro a janela. As montanhas afastam-se. O panorama clarifica-se. Afinal não...»

Exposição «Ou Não, Sim» de Sara Mealha na Cisterna da Casa da Cerca em Almada, até 20 de fevereiro CréditosFrancisco Palma /

Quanto à intervenção artística de Sara Mealha9, «o espaço é na maioria das vezes, o ponto de partida. Foi também assim com a Cisterna da Casa da Cerca. Um espaço muito particular, carregado de história, de referências, talvez o oposto do cubo branco», e ainda, segundo o texto da curadora, a artista transforma a Cisterna numa «gruta pré-histórica, caverna de Platão, ou sala de projeção, na qual duas palavras são projetadas nas paredes utilizando instrumentos rudimentares e técnicas pré-tecnológicas. Sim e Não. Oposição e complementaridade. Esticados, encolhidos, deformados, repetidos até preencher o espaço. (…) Mais do que a aceção das palavras em si, estas adquirem uma dimensão de carácter visual, esvaziado de significado. Transformam-se em imagens».


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Galeria Municipal de Matosinhos - Avenida Dom Afonso Henriques – Matosinhos. Horário: 9h30 às 12h00 e das 14h30 às 17h00.
  • 2. Isabel Cabral concluiu, em 1973, o Curso Complementar de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. Foi professora na Escola Secundária de Soares dos Reis, especializada de ensino artístico, de 1982 a 2010.
  • 3. Rodrigo Cabral concluiu, em 1972, o Curso Complementar de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto. De 1983 a 1989 foi professor de Pintura na ESAP – Escola Superior Artística do Porto e de 1989 a 2004 na FBAUP – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
  • 4. Galeria Quadrum - Rua Alberto Oliveira, Palácio dos Coruchéus, 1700-019 Lisboa. Horário: Terça a domingo: 10h às 13h e 14h às 18h.
  • 5. Galeria Avenida da Índia - Avenida da Índia, 170 1300-299 Lisboa. Horário: Terça a domingo: 10h às 13h e 14h às 18h.
  • 6. Informação recolhida na biografia de Ernesto de Sousa na página: Antifascistas na Resistência de autoria de Helena Pato e na página dedicada à obra de Ernesto de Sousa.
  • 7. Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea - Rua da Cerca, 2800-050 Almada. Horário: terça a domingo 10:00–18:00, segunda-feira encerrado.
  • 8. Susanne S. D. Themlitz (Lisboa, 1968) vive e trabalha em Colónia, Alemanha e Lisboa. O seu trabalho está representado em várias coleções, tais como: Caixa Geral de Depósitos, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Serralves, Fundação EDP, Fundação Carmona e Costa, Museu de Arte Contemporânea de Elvas e MEIAC Badajoz, entre outras.
  • 9. Sara Mealha nasceu em Lisboa em 1995. Em 2017 termina o curso de Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Em 2018 tem a sua primeira exposição individual, «Tango» na Travessa da Ermida, seguindo-se «Às nove a caminho» na galeria Balconv (2019), «Tango n'O Armário» (2019) e «Qual destes uma armadilha», na ZDB (2021).

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