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|artes plásticas

A cidade como um espaço de força e dignidade

Colectiva «A Cidade Sem Pessoas Não é Cidade», exposições «Uma figura Semelhante» de Diogo Costa, «In Perpetuum!» de Ânia Pais e «Rapsódia de Linhas» de Maria Melo Sereno e Patrícia Reis Magalhães.

Obra de Diogo Costa <em>S/Título</em>, Carvão, 2021. Carvão Prensado Sobre Papel, 70 x 100 cm. Exposição «Uma figura Semelhante», no atelier de Diogo Costa, em Almada, até 17 de outubro
Obra de Diogo Costa S/Título, Carvão, 2021. Carvão Prensado Sobre Papel, 70 x 100 cm. Exposição «Uma figura Semelhante», no atelier de Diogo Costa, em Almada, até 17 de outubroCréditosDiogo Costa

A Associação Cultural Curious Monkey1 é «um espaço criativo e sem fins lucrativos onde se partilha arte e conhecimento». A sua missão «é colocar em contacto as comunidades locais e estrangeiras na nossa Lisboa cada vez mais diversa». Tem um espaço expositivo, um café e desenvolve uma programação para adultos e crianças com diversos cursos de escrita, narrativa oral (storytelling) e de desenho, assim como também um clube de contos em português, noites de cinema e debate e uma biblioteca de obras em língua portuguesa, também dirigido ao público infantil.

O espaço Curious Monkey apresenta a Exposição Colectiva de Fotografia «A Cidade Sem Pessoas Não é Cidade», aberta ao público até 31 de outubro. Participam nesta exposição treze artistas: Diogo Smith, Guillermo Guillis, Henrique Godoy, Andre Zuccolo, Naohiro, Alfredo Brant, Irene Konova, Mafalda Carapeto, Ni Kandelucky, Ingrid Lyria Matheus, Mariana Brancos, Sascha Kloas e Julia Frances.

Fotografia de Nahoiro na Exposição Colectiva de Fotografia "A Cidade Sem Pessoas Não é Cidade”, no Curious Monkey, em Lisboa, até 31 de outubro CréditosNaohiro /

Como um novo paradigma, a fotografia tem vindo a assumir-se como uma das mais importantes ferramentas do trabalho artístico, no contexto da arte contemporânea, tanto na vertente da procura da identidade, da memória, como na construção de um arquivo do nosso quotidiano, como referiu Rosalind Krauss2, «a fotografia não é só incapaz de cortar os seus laços com o mundo exterior do qual ela constitui, inevitavelmente, um indício, ela também é incapaz de situar o momento da sua perceção no presente absoluto, dado que o registo que introduz no “agora” dessa experiência, é , inevitavelmente, o de algo do passado», é nesta operação reflexiva, também chamada de «especificidade» que a fotografia vai contribuir para «a formação de significado focando imagens e desejos»3, muitas vezes contraditórios e ilusórios neste nosso mundo de globalização e acumulação voraz, também chamado por alguns de «pós-industrialismo».

O texto de Henrique Godoy remete-nos no início para o genérico conceito de cidade como um «…uma grande rede de trocas e encontros», acrescentando que se troca tempo e trabalho «por um espaço na cidade, o mercado e o consumo delimitam os usos das ruas e dos prédios. Mas é no meio deste quotidiano funcional que encontramos também as trocas de afeto e solidariedade. As marcas e os gestos ficam impressos na camada urbana. A máquina se esquece que, apesar de tudo, são os curiosos olhares e os longos abraços que faz com que muitos chamem as cidades de lar. Não serão esquecidas as estórias de vida e de morte de quem constrói tudo isso, de quem a vive todos os dias, de quem veio de longe e nela encontrou alguma gentileza. Se a brutalidade do dia-a-dia é o que faz a cidade ser apenas um amontoado de pedras e lucro, é o nosso companheirismo que faz com que a cidade possa ser um espaço de força e dignidade».

Além de fotografias temos também nesta exposição duas curtas-metragens experimentais que documentam o quotidiano de uma cidade e das suas pessoas antes da sua iminente destruição devido a mudanças industriais, respetivamente «documentando a vida de Brandemburgo na Alemanha, após sua desindustrialização» e «retratando o quotidiano dos ocupantes da propriedade Gascoigne em Londres antes de ser demolido».

O artista Diogo Costa apresenta a exposição «Uma figura Semelhante», no seu atelier, situado no prédio da Universidade Popular de Almada e que poderá ser visitado por marcação4, até 17 de outubro. Este projeto e o autor receberam o Prémio Jovem Promessa Artes na 10.ª edição do concurso Jovens Talentos Almada 2021. Esta exposição apresenta uma «instalação de desenho que se articula com a escrita, num diálogo entre a imagem e a palavra. Desenhos a carvão e a carvão prensado sobre papel, exploram a paisagem como elemento aglutinador entre dualidades». Pode consultar as imagens de alguns dos seus trabalhos em Diogo Costa.

No texto de apresentação o artista fala-nos ainda de papéis e de formas circulares que compõem estas paisagens: «Nas formas que omitem parcialmente a visão, surgem interrupções no olhar e na possibilidade de descrever com clareza aquilo que se vê. Folhas de papel amachucadas povoam o chão, encerrando em si o registo das palavras guardadas, rejeitadas ou soltas ao acaso. É pela oclusão destes papeis e destas formas, que a linguagem e a subjetividade tomam lugar, para que num gesto reciproco, a paisagem se transforme, se multiplique e se faça plural».

Exposição-instalação «In Perpetuum!» de Ânia Pais, na Biblioteca FCT – Campus de Caparica, até 26 de outubro Créditos / FCT

A Biblioteca FCT – Campus de Caparica5 apresenta atualmente a exposição «In Perpetuum!» de Ânia Pais6, podendo ser visitada até 26 de outubro. A ideia da exposição na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, segundo o diretor da Biblioteca da FCT, José Moura, surgiu após uma visita à exposição coletiva na SNBA dos Finalistas de Pintura 2019 a 2021 (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa), onde a artista participou recentemente. Esta exposição percorre em diversos espaços da Biblioteca do Campus de Caparica, Sala de Exposições, Sala Estúdio e Jardins. Catálogo In Perpetuum de Ânia Pais.

«O espaço expositivo da Biblioteca da FCT NOVA, onde estamos, é uma espécie de poço onde podemos descer por escadas laterais e visíveis. A particularidade deste espaço é a de que, de imediato, contactamos com o objeto exposto, vamos descendo e vendo as várias formas do objeto criado e mostrado, a sua mutação de escala ou escalas, começamos por vê-lo de cima e chegando ao piso da galeria propriamente dito (ao fundo) podemos olhar para o alto e tomar, de novo, o pulso do objeto dado, que desse ângulo é já um novo objeto (…)

«Na exposição “In Perpetuum”,(...) o desenho não se liga apenas à linha e à ausência de cor, ao papel ou aos meios intervenientes mais simples e imediatos (eventualmente produzindo cor), o desenho não é uma experiência física, é sobretudo reflexivo ou, como aqui, tensional: a linha do desenho é uma “linearidade” que se liga ao texto, ao poema, ao drama e mesmo à pintura...»

[Excerto do texto de Carlos Vidal (artista plástico e professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) que acompanha a instalação da artista Ânia Pais]

Obra de Maria Melo Sereno. Exposição «Rapsódia de Linhas» de Maria Melo Sereno e Patrícia Reis Magalhães na Sala Estúdio do Centro de Artes de Águeda, até 24 de outubro CréditosMaria Melo Sereno /

Exposição «Rapsódia de Linhas» de Maria Melo Sereno7 e Patrícia Reis Magalhães[fn]Patrícia Magalhães (Luanda, Angola, 1966) Vive e trabalha em Lisboa. Estudou desenho e pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e no ArCo em Lisboa. O corpo do seu trabalho centrado tem sido maioritariamente no desenho onde é visível a contaminação com outras áreas, como a pintura, gravura, escultura ou fotografia. Expõe com regularidade desde 2019. na Sala Estúdio do Centro de Artes de Águeda8, até 24 de outubro. Para esta exposição Patrícia Reis Magalhães apresenta catorze desenhos da série «Cartas de Mim» que, segunda a artista, representam lugares chaves da sua vida e das suas viagens, entre alegorias quase-infantis e lugares cartográficos. Maria Melo Sereno, de forma autodidática, sem regras prévias, dá liberdade ao pensamento, numa procura de materiais e cores e com os quais desenvolve a sua criatividade.

No texto da sinopse da exposição «Rapsódia de Linhas», que a seguir se transcreve, é evidente a partilha e a proximidade e até uma certa cumplicidade entre os projetos artísticos das artistas Maria Melo Sereno e Patrícia Reis Magalhães:

«Olhámo-nos e sorrimos! 
O sorriso aproximou-nos e o desejo de partilha foi espontâneo. 
Tão espontâneo que não mais acabámos de falar.
Vinte anos nos separam. Não tem peso para ela nem para mim.
Falámos de desenho, tintas, papéis, água e paisagens.
Como vivemos, do que vivemos e o que amamos.
Desta profusão de palavras em cascata nasceu um projeto.
Ei-lo.»

O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Curious Monkey. Rua de São Mamede 16 B, Lisboa. A galeria e o café do Curious Monkey estão normalmente abertos às quintas e sextas-feiras à tarde, das 15h às 20h.
  • 2. Rosalind Krauss «Reinventar um Novo Medium», Octobre Files 5, MIT Press Massachusetts, (2003) pp 185-210.
  • 3. Steve Edwards, «Instantâneos de História, Passagens sobre o Argumento Pós-Moderno», 2006. Fotografia Na Arte: De Ferramenta A Paradigma. Coleção de Arte Contemporânea Público Serralves. Porto: Fundação de Serralves, pp. 142–151.
  • 4. Atelier Diogo Costa. Rua Capitão Leitão 103, Almada. Visitas por marcação: [email protected] , 965 492 548.
  • 5. Faculdade de Ciências e Tecnologia 2829-516 Caparica. Horário: Todos os dias úteis das 10h00 às 17h00.
  • 6. Ânia Pais (n. S. Miguel, 1998). Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, atualmente frequenta o Mestrado em Pintura na mesma instituição. Participou em diversas exposições coletivas e realizou as individuais: Paradoxo, Galeria António Lopes, Covilhã (2020), Fez-se Noite, Arquivo Municipal de Lisboa | Fotográfico (2020), In that inner night, exposição online, Laad Gallery, Londres (2021).
  • 7. Maria Melo Sereno (Águeda, 1948) frequentou a Sociedade de Belas Artes em Lisboa, na disciplina de Desenho e, mais tarde, na Escola de Arte St. Lucas Academie, em Gent, na Bélgica, onde frequentou a Academia Superior de Belas Artes como estudante livre na categoria de Pós-graduação. Expôs em Portugal, Bélgica e Holanda.
  • 8. CAA Centro de Artes de Águeda. Rua Joaquim Valente Almeida, nº 30, 3750-154 Águeda (8º26'49.24'' W, 40º34'41.54'' N). Horário: Terça a sábado das 14h às 19h e Domingos das 14h às 18h.

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