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|artes plásticas

Absurdo, inquietação e desassossego

«Desenhos de Intervenção» de André Carrilho na Passvite, coletiva «PRALAC» na Associação 289, coletiva «Respigadores», na Casa de Cultura de Paredes e «Degelo» de Inês Teixeira na Carmona e Costa.

Obra de Czarnobly (Polónia). Exposição Colectiva «Pralac», no Solar das Pontes em Faro, até 15 de maio / Czarnobly
Obra de Czarnobly (Polónia). Exposição Colectiva «Pralac», no Solar das Pontes em Faro, até 15 de maio / CzarnoblyCréditos

«Face à constante indignação que a realidade nos provoca, por vezes só nos resta desenhar para não gritar», esta é a frase inicial de André Carrilho, para nos apresentar a sua exposição «Desenhos de Intervenção» na galeria da associação Passevite1 em Lisboa, que decorre até 14 de maio. André Carrilho afirma ainda no texto da exposição que «cada uma destas imagens, algumas publicadas, outras inéditas, servem para procurar algum sentido no mais completo e violento absurdo da atualidade mundial. 25 de Abril, sempre! Apatia nunca mais».

Exposição “Desenhos de Intervenção” de André Carrilho na Passevite em Lisboa, até 14 de maio / André Carrilho

Nesta exposição são apresentados cerca de trinta cartoons, onde os temas de racismo, ecologia, conflitos armados ou refugiados são objeto de reflexão pelo ilustrador e cartoonista André Carrilho, que ao longo de 25 anos de carreira já viu alguns dos seus desenhos publicados em diversas publicações nacionais e internacionais e já participou em exposições coletivas e individuais em Portugal, Espanha, Brasil, França, República Checa, China e EUA.

A exposição colectiva «Pralac», organizada pelo LAC (Laboratório Atividades Criativas), sedeada em Lagos, na Associação 289, podendo ser visitada até 15 de maio no Solar das Pontes2 em Faro. Esta exposição colectiva resulta do Programa de Residências Artística do Laboratório de Actividades Criativas (PRALAC), nas tipologias de projetos de longa e de curta duração, bem como mostra obras que integram o acervo do LAC, como resultado dos projetos ARTURb, KICK in The EYE e ROOTS.

Com o objetivo de divulgar os artistas inseridos no programa de residências (PRALAC) e dar a conhecer parte do acervo que a Associação possui e que resulta de diversos projetos que desenvolve como: «ARTURb, um projeto de Arte Urbana que tem trazido a Lagos/Portugal alguns dos Artistas nacionais e internacionais mais representativos desta área; ROOTS, um projeto que aborda a temática da escravatura clássica e contemporânea com obras de Artistas oriundos de países tocados por esta temática e PINHOLE, um projeto de fotografia de grandes dimensões que conta com registos dos mais emblemáticos monumentos de norte a sul do País».

De acordo com o LAC, nestas exposições, concebidas especificamente para cada cidade, estarão patentes trabalhos de áreas tão diversas como a fotografia, escultura, pintura e instalação multimédia de artistas como Abraão Vicente (Cabo Verde), Add Fuel (Portugal), António Bokel (Brasil), Czarnobyl (Polónia), Délio Jasse (Angola), Gonçalo MAR (Portugal), Jorge Dias (Moçambique), Kruella D´Enfer (Portugal),Tamara Alves (Portugal) e Xana (Portugal).

Obra de Sónia Teles e Silva, Espiral espiritual e alga luz, estudos para candeeiro de mesa - tinta da china e pastel. Exposição coletiva «Respigadores», na Casa de Cultura de Paredes, até ao dia 14 de maio / Sónia Teles e Silva

Na Casa de Cultura de Paredes3 podemos visitar a exposição coletiva «Respigadores» até ao dia 14 de maio. Esta exposição apresenta mais de 50 artistas e «tem o objetivo de recuperar e tornar visível o trabalho de vários artistas, mostrando os seus esboços, apontamentos e rascunhos», como refere o comunicado da autarquia, informando ainda que são exibidas várias áreas artísticas, tais como, artes plásticas, fotografia, artes de palco e performativas, dança, música, literatura e arquitetura. Quanto ao nome do projeto «Respigadores», designa a ação de apanhar as espigas nas searas, ou seja, ação de recolha, uma busca pelo conhecimento do processo de trabalho criativo dos artistas.

Embora seja importante referir algumas das obras que se inspiraram nesta acção de recolha como «Os Respigadores» (1857), pintura a óleo do pintor francês Jean-François Millet, que representa três camponesas a respigar espigas de trigo deixadas na seara após a colheita, e que depois serviu de inspiração para Os Respigadores e a Respigadora (1999), um filme de Agnès Varda que lança um olhar sobre os respigadores contemporâneos, que apanham os desperdícios e restos dos caixotes do lixo ou as sobras dos mercados para se alimentarem, neste caso, o que pretendem os curadores desta exposição é mostrar alguns dos desenhos, apontamentos, esboços e esquiços dos artistas, que muitas vezes estão esquecidos nos seus ateliês, como parte importante do seu processo de criação.

Os artistas representados são: Alexandre Rola, Ana Couceiro da Costa, Ana Maria Carneiro, Ana Pais Oliveira, António Pizarro, Augusto Canedo, Bruno Marques, Carlos dos Reis, Catarina Machado, Celeste Cerqueira, Daniel Gamelas, Daniela Steele, Emerenciano, Eva Azevedo, Fernando Reis, Filipe Braga, Filipe Mariares, Filipe Rodrigues, Franchini, Francisca Couceiro da Costa, Francisco Trabulo, Helena Fortunato, Henrique do Vale, Henrique Silva, Humberto Nelson, Isabel Cabral e Rodrigo Cabral, Isabel Pavão, Jesper Andersen, Joaquim Nunes Mota, José Augusto Castro, José Emídio, José Rodrigues, José Rosinhas, Kinga Ogórek, Liseta Amaral, Luís Melo, Luísa Gonçalves, Mafalda Guimarães, Manuel Oliveira, Manuela Bronze, Mariana Esteves Pereira, Mário Júlio Reis, Marta Lima, Norberto Jorge, Nuno Ferreira, Paula Lima, Renata Carneiro, Renata Portas, Rui Anahory, Rui Ferro, Rui Costa, Sofia Marques de Aguiar, Sónia Teles, Susana Bravo, Teresa Pedroso e Zulmiro de Carvalho.

Exposição «Degelo» de Inês Teixeira na Fundação Carmona e Costa em Lisboa, até 21 de maio / António Jorge Silva

A Fundação Carmona e Costa4 em Lisboa apresenta a exposição «Degelo» de Inês Teixeira5, até 21 de maio. Nesta exposição antológica de desenhos (1989-2021) da artista, que integram cerca de uma centena de trabalhos, organizados na sua maioria em séries, e como refere o curador Nuno Crespo é pontuada por surpreendentes exceções, sendo uma delas «um singular conjunto de pequenas esculturas em que a artista integra pedras encontradas no espaço natural». No texto da exposição o curador apresenta a exposição como oportuna com o tempo presente, «— pela inquietação e o desassossego que translucidamente cobre —, a exposição revela um modo operativo e uma conceção do mundo de matriz romântica. A ideia pela sensação, o exterior pelo interior, a representação pela contemplação, a forma pelo orgânico — um forte sentido de atração por um mundo cujas forças nos impelem, nos interpelam, mas que não compreendemos completamente. A falta de algo, uma profética e infinita incompletude, a experiência do mundo e de si no mundo sem distância e sem limites».

Já o critico de arte e jornalista José Luís Porfírio, fazendo referência a uma afirmação de Inês Teixeira que «a arte pode ter por função “aniquilar o tempo”», conclui que «assim sendo, não é o tempo que encontramos neste “Degelo”, antes a mudança de estado, o trânsito, a transição ou a transformação do sólido em líquido, evidentemente, mas também uma situação onde o zoológico, o botânico e o geológico não têm fronteiras, como se o artista comungasse de uma vivência animista onde tais distinções não existem além, ou aquém, da natureza e da cultura».


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. PASSEVITE - Rua Maria da Fonte n. 54ª 1170-221 Lisboa. Horário: Quarta a sábado, das 16:00h às 20:00h. A associação, galeria e atelier independente Passevite foi fundada em 2014 por Paulo Robalo, Mathieu Sodore, Daniel Nascimento e Rui Lourenço, afirmando-se hoje como uma associação cultural sem fins lucrativos de promoção cultural, através do fomento da prática artística e pedagógica. Espaço de reflexão, formação, comunicação e laboratório de práticas artísticas. / Apresenta mensalmente uma programação constituída por eventos expositivos/performativos inseridos nas mais diversas linguagens e géneros artísticos (exposições, master classes, wokshops, ciclos de cinema, lançamento de livros, edições de serigrafia, gravura, fotografia…)
  • 2. Associação 289 - Solar das Pontes - Sítio Pontes de Marchil, 8005-518 Faro. Horário: Quinta a Domingo, das 15:00 às 19:00.
  • 3. Casa da Cultura de Paredes - Avenida da República 4580-193 Paredes. Horário: segunda a sexta: 9h00-12h30 / 14h00-17h30; sábado e domingo: 10h00-12h30 / 14h30-17h00.
  • 4. Fundação Carmona e Costa - Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1- 6º A e D, Edifício de Espanha (Bairro do Rego) 1600-196 Lisboa. Horário exposições: 4.ª a Sábado 15 às 20h.
  • 5. Inez Teixeira (1965) vive e trabalha em Lisboa. É licenciada em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa. Participou, em 2010 e 2014, em residências artísticas na Cité Internationale des Arts Paris, Institut Français (com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian). A sua obra tem sido representada em exposições individuais e colectivas desde 1992 e em diversas colecções públicas portuguesas.

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