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Diálogos com o Outro

«Do Outro Lado» em Évora, «Lançando-se uma tenda onde todos podem entrar» na Vidigueira, exposição «Vítor Cid, Uma Introdução» em Almada.

Alfredo Jaar, <em>Terra non descoperta</em>, 1991. Exposição «Do Outro Lado» no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida em Évora, até 27 março
Alfredo Jaar, Terra non descoperta, 1991. Exposição «Do Outro Lado» no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida em Évora, até 27 marçoCréditosFrancisco Palma

O acervo da coleção do Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporâneo (MEIAC) em Badajoz conta com mais de duzentas obras e 73 artistas latino-americanos, nas áreas artísticas da pintura, net-art, instalação e vídeo. No contexto das comemorações dos 25 anos de existência do MEIAC foi organizada a exposição «Do Outro Lado», com a participação de 24 artistas no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida1 em Évora, que vai decorrer até 27 março de 2022. Após uma seleção dos artistas e trabalhos mais representativos da coleção do MEIAC, esta exposição disponibiliza ao público português, parte da coleção ibero-americana do MEIAC, que é considerada uma das mais importantes da Europa no seu género. «Num tempo em que tantas fronteiras se estão a transformar, esta exposição pretende ser uma reivindicação da arte latino-americana para além dos territórios, enfatizando a sua diversidade antropológica, a sua capacidade de hibridização e miscigenação e a sua crescente universalidade», explicou o curador, José Ángel Torres Salguero.

Participam os artistas Alfredo Jaar (Chile), Andrés Serrano (EUA), Antonio Seguí (Argentina), Arturo Elizondo (México), Carlos Capelán (Uruguai), Daniel Senise (Brasil), Dino Bruzzone (Argentina), Eduardo Kac (Brasil), Felix Curto (Espanha), Francis Alÿs (Belgica), José Bedia (Cuba), Liliana Porter (Argentina), Liset Castillo (Cuba), Los Carpinteros (Cuba), Manuel Ocampo (Filipinas), Mario Cravo (Brasil), Mario Opazo (Chile), Marta Pérez Bravo (Cuba), Martín Sastre (Uruguai), Miguel Rio Branco (Espanha), Priscilla Monge (Costa Rica), Ray Smith (EUA), Saint Clair Cemin (Brasil), Segundo Planes (Cuba).

Vista da instalação de Fernanda Fragateiro, «6 de maio (2018) com livro de Bernard Shaw, Caesar and Cleopatra», 2021. Exposição «Lançando-se uma tenda onde todos podem entrar» na Vidigueira no Centro de Arte Quetzal na Vidigueira, até 23 de março CréditosGonçalo F. Santos /

Destaca-se nesta exposição a participação de Alfredo Jaar (1956), um artista de Santiago de Chile, com a obra Terra non descoperta. Este artista desde o início da sua carreira, tem vindo a desenvolver trabalhos marcados «por uma forte carga política, a partir de uma revisão crítica tanto da história como de um presente repleto de injustiças e tragédias, seja na América Latina ou em África, questionando a narrativa a que temos acesso enquanto membros da sociedade ocidental contemporânea». A obra Terra non descoperta «foi realizada ao tempo das comemorações do V Centenário do Descobrimento da América, mas com uma abordagem que se distanciava radicalmente das solenidades festivas daqueles dias: a América Latina continua a ser “descoberta” e saqueada. A peça parte de uma reportagem fotográfica sobre a Serra Pelada, uma infernal mina de ouro a céu aberto localizada na Amazónia brasileira, onde operários extraem o minério quase sem ferramentas, desnutridos e cobertos de lama. Jaar também usa ampliações, sobre fundo vermelho, de gravuras vintage que mostram as consequências de dor e morte que a chegada dos conquistadores significou para os indígenas», como se apresenta no texto do catálogo da exposição.

No Centro de Arte Quetzal2 na Vidigueira, projeto já divulgado num artigo no AbrilAbril, apresenta atualmente a exposição coletiva «Lançando-se uma tenda onde todos podem entrar», que vai decorrer até 23 de março. Com obras de Hugo Canoilas, Fernanda Fragateiro, Marta Mateus, Rui Moreira, António Poppe, Bert Teunissen, Francisco Tropa, Maria Ana Vasco Costa e Stephen Wilks e curadoria de Aveline de Bruin e Luiza Teixeira de Freitas, utilizando as mais diversas linguagens artísticas, tais como o cinema, desenho, fotografia, escultura e o som.

O título escolhido para a segunda parte dessa colaboração vem do mesmo poema de João Cabral de Melo Neto «Tecendo a Manhã», que já foi referenciado na exposição anterior, fazendo parte de «um longo diálogo sobre ideias de colaboração, troca, resiliência, mas acima de tudo – tempo. Não há como escapar de como o tempo se tornou mais do que nunca central em nossas vidas. Nossa profunda impotência em relação à sua inevitabilidade está agora, mais do que nunca, exposta». A curadora conta-nos ainda que «os artistas se uniram, contam histórias que funcionam como catalisador de todas as ideias passadas e visam olhar para fora, para o outro, para as colaborações, mostrando como as referências se entrelaçam entre si e a necessidade absoluta de trabalhar em conjunto».

Vítor Cid «Histórias do Caramujo», 2009. Exposição «Vítor Cid, Uma Introdução» no Museu de Almada, até 2 de abril CréditosVítor Cid /

Destacamos que algumas das peças da instalação de Fernanda Fragateiro, presente nesta exposição, foram apresentadas na exposição «Processo» realizada no Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso em 2019, onde pela primeira vez foram expostas. Nelas podemos encontrar uma prática artística que se desenvolve através de várias matérias, metodologias, conteúdos de investigação ou conceitos políticos ou sociais, como sejam a arqueologia, a escultura, a arquitetura e comunidade tendo como referência a demolição do bairro 6 de Maio, na Amadora em 2018. «A obra reúne colagens de "remanescentes" do bairro 6 de maio, que a artista coletou, montou e reviveu. Ela fez isso no sentido físico, coletando andaimes, pedras ou cimento, mas mantendo a questão em mente – quais são de fato os "remanescentes" de uma comunidade? Onde estão as pegadas das conversas, os companheirismos, as rotinas da comunidade 'Bairro 6 de Maio'? Talvez ouvindo o trabalho de Fragateiro e vendo através dele, possamos reentrar no bairro, sorrir para as pessoas e ouvir as suas histórias. A peça que, à primeira vista, parece um esboço para algo, o início ou o fim de um andaime em construção ou, quem sabe, uma ruína de algo a ser, convidará quem aparecer para ouvir seus segredos, além de estar deslumbrado com a técnica que a sustenta. Ele vai dialogar não só com as outras obras na sala, mas também dentro de si, por si só», como nos descreve o texto da exposição.

«Vítor Cid, Uma Introdução» é uma exposição de fotografia, que pode ser visitada no Museu de Almada - Casa da Cidade3 até 2 de abril 2022. A exposição de Vítor Cid (1964-2020) é uma exposição retrospetiva que presta homenagem ao trabalho fotográfico de Vítor Cid, que deixou um testemunho visual único da cidade de Almada. No seu olhar por Almada do presente e do passado, encontramos imagens sobre a paisagem, arquitetura e pessoas, revelando o registo de pormenores menos conhecidos pela população em geral. Mesmo para quem já seguiu o seu trabalho através da edição da revista Magazine, temos aqui mais uma oportunidade de redescobrir os espaços como a zona ribeirinha da Margueira e Caramujo, a faixa litoral entre o Pragal e a Trafaria, da Caparica à Fonte da Telha e ainda outros temas como a emigração.

Vítor Cid fundou a publicação fotográfica ZONA Magazine, juntamente com Luís Aniceto e participou em diversas exposições individuais e coletivas. Trabalhou com diversos grupos de teatro de Almada e foi formador no Instituto Português de Fotografia. Na apresentação da primeira das três edições da revista Magazine podemos ler que se pretendia apresentar com esta edição «um conjunto de ensaios fotográficos sobre o presente e o passado de uma parte importante do território do concelho [de Almada], tanto em termos económicos, como sociais e paisagísticos», assim como, dar-nos «uma visualização imediata do que foi o seu início e do que é agora o seu fim» e «contribuir para uma reflexão sobre o que poderá ser o seu futuro».

O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida - Largo do conde de vila flor, 7000-804 Évora. Horário: de terça-feira a domingo, 10h-13h e 14h-19h.
  • 2. Centro de Arte Quetzal - Quinta doQuetzal, Vila de Frades. Horário: quarta e quinta 10h–18h sexta-feira 10:00–22:00 e domingo 10:00–18:00.
  • 3. Museu de Almada - Casa da Cidade - Av. Henrique Barbeitos 5A, 2805-113 Almada. Horário: terça a sábado 10h-18h.

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