Uma coisa foi determinante em todo este processo reivindicativo, que alcançou recentemente esta vitória: ao longo de vários anos, os trabalhadores mantiveram-se «unidos», demonstrando «que estavam prontos para lutarem», em conjunto, pela sua proposta reivindicativa.
A luta dos trabalhadores da Linde Portugal forçou a administração da empresa a negociar o caderno reivindicativo para 2022. Salários vão ser actualizados e atribuídos subsídios escolares. As reivindicações foram, simplesmente, «ao encontro das necessidades e dificuldades sentidas pelos trabalhadores, como a perda de poder de compra, a desvalorização das carreiras e o congelamento de salários», explica o comunicado da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN), enviado ao AbrilAbril. A força destas exigências estava alicerçada nos «bons resultados da Linde, obtidos em situação de epidemia, com os trabalhadores enfrentando riscos elevados» para manter a empresa a funcionar. Os trabalhadores, organizados no SITE CSRA e no SITE Norte, rejeitaram a «posição não negocial e sem pretensão de sentar-se à mesa» da administração, partindo para a greve. Sem margem de manobra, a Linde Portugal cedeu e começou o processo de discussão com as organizações representativas dos trabalhadores. Em 2022, serão aumentados os salários-base, variando entre os 56 e os 75 euros (40 euros, acrescidos de dois por cento) para a maioria dos trabalhadores. Nos «escalões salariais mais elevados, a actualização é de dois por cento». A instituição de um novo subsídio escolar, por filho, no valor de 82,50 euros (desde a creche ao 12.º ano) ou de 123,50 euros (caso frequentem o ensino superior) foi uma das mais importantes conquistas deste processo. «A reivindicação tinha como objectivo promover a natalidade e propiciar melhores condições de vida aos filhos dos trabalhadores». «A lavagem das fardas de trabalho continuará a ser uma responsabilidade da empresa. A administração tencionava transferir este encargo para os operários, mas estes deixaram clara a sua oposição a tal mudança». Para a fiequimetal, foi a determinação dos trabalhadores, que não baixaram os braços, mantendo-se unidos e organizados, prontos para a luta pelas suas reivindicações, que garantiu a sua vitória inequívoca. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
A «unidade, organização e luta» trouxeram resultados aos trabalhadores da Linde
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Em comunicado conjunto, os sindicatos dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA/CGTP-IN) e do Norte (SITE Norte/CGTP-IN) destacam os aumentos dos salários base na Linde, a maior empresa (multinacional) de comercialização de gás no mundo: 10% de aumento, com um mínimo de 100 euros, «o que em muitos casos irá corresponder a mais 140, 150 ou mesmo 160 euros» ao final de cada mês.
«O subsídio de refeição passa de 9 para 10 euros, ou, mediante apresentação de factura, de 12 para 13 euros». O Caderno Reivindicativo para 2024 foi apresentado à administração da Linde Portugal após a realização de várias reuniões, a envolver os trabalhadores de Alenquer, Porto e Lisboa.
A organização dos trabalhadores da Linde começou em 2021, quando sentiram a necessidade de responder às ofensivas patronais relacionadas com segurança e saúde no trabalho: o patrão queria que, a partir daquele momento, fossem os trabalhadores a limpar as suas próprias fardas em casa.
Além das «dificuldades internas sentidas nos últimos anos», os trabalhadores da Linde Portugal sofreram, como todos os outros, a perda de poder de compra e a degradação das condições de vida. E também na Linde as contas dos administradores e dos accionistas foram em sentido contrário: «de 2020 para 2022, o volume de negócios aumentou 15% e os resultados líquidos cresceram 40%», referem os sindicatos.
«A luta, a unidade e as propostas da CGTP-IN mostram que, ao contrário do que alguns diziam, é possível mudar a realidade e construir uma vida melhor».
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